algures aqui: Poema

02-09-2020
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Há dias colocou em comentário ao post sobre o genocídio em Darfur, o camarada poeta e amigo Virgílio, o seguinte poema que entendo merecer outro destaque:

No estômago

de um famito

o vazio

comprime-se

em vácuo de paladares.

Um fraco hálito

a miséria demora-se

nas ruí­nas negras

dos dentes caídos

escapando-se seco

pelos cantos da boca.

Alimenta-se da alma

adormecida

no desespero,

numa gelada ilusão

morde os dedos

com sabor a pão.

Grita por comida

para saciar a fome

À praga de moscas

insolentes e velhas

e perante o silêncio

É a elas que come.

Virgílio Saraiva de Matos


Há dias colocou em comentário ao post sobre o genocídio em Darfur, o camarada poeta e amigo Virgílio, o seguinte poema que entendo merecer outro destaque:

No estômago

de um famito

o vazio

comprime-se

em vácuo de paladares.

Um fraco hálito

a miséria demora-se

nas ruí­nas negras

dos dentes caídos

escapando-se seco

pelos cantos da boca.

Alimenta-se da alma

adormecida

no desespero,

numa gelada ilusão

morde os dedos

com sabor a pão.

Grita por comida

para saciar a fome

À praga de moscas

insolentes e velhas

e perante o silêncio

É a elas que come.

Virgílio Saraiva de Matos

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