Costa chama «cobardes» a médicos. PS sai em sua defesa mas oposição não poupa críticas

25-08-2020
marcar artigo


O primeiro-ministro, António Costa, durante a conferência de imprensa no final da reunião de Conselho de Ministros, no Palácio da Ajuda, Lisboa, 30 de abril de 2020. JOÃO RELVAS/POOL/LUSA

Costa chama «cobardes» a médicos. PS sai em sua defesa mas oposição não poupa críticas

Por Executive Digest
08:52, 24 Ago 2020

Foi divulgado no domingo de manhã, através das redes sociais, um vídeo no qual o primeiro-ministro, António Costa, chama «gajos cobardes» aos médicos que não quiseram prestar assistência clínica no lar de Reguengos der Monsaraz, na sequência do surto que causou 18 vítimas mortais.
Trata-se de uma conversa em «off» com jornalistas do ‘Expresso’, à margem de uma entrevista publicada no sábado, tal como confirma o próprio jornal através de um comunicado emitido horas depois da divulgação das imagens.
«Uma gravação amadora de um ecrã de computador, que reproduz uma recolha de imagens de uma conversa ‘off the record’, privada, do primeiro-ministro com jornalistas do ‘Expresso’, foi divulgada nas redes sociais sem autorização e conhecimento deste jornal», indica a direcção do ‘Expresso’.
O jornal acrescenta ainda: «Os sete segundos do vídeo ilegal descontextualizam quer a entrevista, quer a conversa que o primeiro-ministro teve», refere assegurando que vão ser desencadeados «de imediato, os procedimentos internos e externos para apurar o que aconteceu e os responsáveis pelo sucedido».
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) já veio lamentar o sucedido. «Lamentamos, reprovamos e repudiamos em absoluto as palavras de Vossa Excelência», afirma acrescentando que «os médicos merecem e exigem respeito, muito mais partindo do chefe do Governo».
Partidos já reagiram às declarações de Costa 
Também os partidos já reagiram às afirmações do primeiro-ministro, com o PS a sair imediatamente em sua defesa, considerando que o vídeo em questão «já foi repudiado, tendo sido explicado publicamente que se baseia em afirmações descontextualizadas».
«Temos de ser responsáveis e atendermos à substância das coisas e não tratarmos das coisas fazendo-as parecer o que realmente não são», disse a disse a vice-presidente do grupo parlamentar do PS para a área da Saúde, Hortense Martins.

Já o vice-presidente da bancada do PSD, Ricardo Baptista Leite, também ele médico e responsável pelo pelouro da saúde, partilhou o vídeo através da sua conta de Twitter, contudo sublinhou mais tarde que o retirou porque se tornou público «na sequência de um roubo». «A ética e a lei também se aplicam às redes sociais», afirmou acrescentando que «lamenta as palavras do primeiro-ministro».

 

Fui informado que o vídeo do 1o Ministro que publiquei esta manhã tornou-se público na sequência de um roubo. Por isso o retirei. A ética e a lei também se aplicam às redes sociais. Agora, lamento, as palavras ditas pelo 1o Ministro eu já não consigo apagar. #PortugalApoioMédicos
— Ricardo B. Leite (@RBaptistaLeite) August 23, 2020

Por sua vez o CDS-PP e o Chega criticaram as afirmações do primeiro-ministro sobre médicos, que circulam nas redes sociais, e pediram uma retratação de António Costa e uma repreensão por parte do Presidente da República.
Num comunicado a propósito do vídeo, o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, diz que os médicos quando encabeçaram a luta contra a covid-19 «dia e noite, correndo risco de vida e permitindo a António Costa alavancar a popularidade à custa do seu esforço», esses médicos eram os heróis do país.
«Quando começaram a apontar claros indícios de falhas do Estado no tratamento de doentes, nomeadamente os mais idosos, passaram a ser ´cobardes´, a não ter competência para elaborar relatórios e a serem criticados por terem opinião nas televisões”, diz o líder centrista, concluindo que o primeiro-ministro “deve retratar-se publicamente e retirar imediatamente o ataque feroz que desferiu à classe profissional».
Já num comunicado assinado pela direcção nacional o Chega fala de «absoluta falta de decência, tolerância democrática e desrespeito por uma das classes que mais tem sido afectada no âmbito da pandemia de covid-19».
«Estas declarações, agora tornadas públicas, ainda que de forma inadvertida, são gravíssimas e demonstram um estado de desorientação considerável e uma agressividade incompreensível para com todos os médicos e com o sector da saúde em geral», diz o Chega, acrescentando que no actual contexto «dificilmente o primeiro-ministro tem condições para continuar no cargo” e assumir a liderança da luta contra a covid-19».
Paralelamente o partido Iniciativa Liberal (IL) considerou inaceitável que o primeiro-ministro «afirme que as ordens profissionais não existem para fiscalizar o Estado» e pediu que assuma responsabilidades no caso de mortes por covid-19 num lar de Reguengos de Monsaraz.
«Numa democracia, todas as instituições e todos os cidadãos têm o direito e até o dever de fiscalizar a acção do Estado, sobretudo no caso de uma Ordem quando está em causa actuação de profissionais que regula», disse o IL num comunicado divulgado no domingo.

Ler Mais

pub

partilhar



O primeiro-ministro, António Costa, durante a conferência de imprensa no final da reunião de Conselho de Ministros, no Palácio da Ajuda, Lisboa, 30 de abril de 2020. JOÃO RELVAS/POOL/LUSA

Costa chama «cobardes» a médicos. PS sai em sua defesa mas oposição não poupa críticas

Por Executive Digest
08:52, 24 Ago 2020

Foi divulgado no domingo de manhã, através das redes sociais, um vídeo no qual o primeiro-ministro, António Costa, chama «gajos cobardes» aos médicos que não quiseram prestar assistência clínica no lar de Reguengos der Monsaraz, na sequência do surto que causou 18 vítimas mortais.
Trata-se de uma conversa em «off» com jornalistas do ‘Expresso’, à margem de uma entrevista publicada no sábado, tal como confirma o próprio jornal através de um comunicado emitido horas depois da divulgação das imagens.
«Uma gravação amadora de um ecrã de computador, que reproduz uma recolha de imagens de uma conversa ‘off the record’, privada, do primeiro-ministro com jornalistas do ‘Expresso’, foi divulgada nas redes sociais sem autorização e conhecimento deste jornal», indica a direcção do ‘Expresso’.
O jornal acrescenta ainda: «Os sete segundos do vídeo ilegal descontextualizam quer a entrevista, quer a conversa que o primeiro-ministro teve», refere assegurando que vão ser desencadeados «de imediato, os procedimentos internos e externos para apurar o que aconteceu e os responsáveis pelo sucedido».
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) já veio lamentar o sucedido. «Lamentamos, reprovamos e repudiamos em absoluto as palavras de Vossa Excelência», afirma acrescentando que «os médicos merecem e exigem respeito, muito mais partindo do chefe do Governo».
Partidos já reagiram às declarações de Costa 
Também os partidos já reagiram às afirmações do primeiro-ministro, com o PS a sair imediatamente em sua defesa, considerando que o vídeo em questão «já foi repudiado, tendo sido explicado publicamente que se baseia em afirmações descontextualizadas».
«Temos de ser responsáveis e atendermos à substância das coisas e não tratarmos das coisas fazendo-as parecer o que realmente não são», disse a disse a vice-presidente do grupo parlamentar do PS para a área da Saúde, Hortense Martins.

Já o vice-presidente da bancada do PSD, Ricardo Baptista Leite, também ele médico e responsável pelo pelouro da saúde, partilhou o vídeo através da sua conta de Twitter, contudo sublinhou mais tarde que o retirou porque se tornou público «na sequência de um roubo». «A ética e a lei também se aplicam às redes sociais», afirmou acrescentando que «lamenta as palavras do primeiro-ministro».

 

Fui informado que o vídeo do 1o Ministro que publiquei esta manhã tornou-se público na sequência de um roubo. Por isso o retirei. A ética e a lei também se aplicam às redes sociais. Agora, lamento, as palavras ditas pelo 1o Ministro eu já não consigo apagar. #PortugalApoioMédicos
— Ricardo B. Leite (@RBaptistaLeite) August 23, 2020

Por sua vez o CDS-PP e o Chega criticaram as afirmações do primeiro-ministro sobre médicos, que circulam nas redes sociais, e pediram uma retratação de António Costa e uma repreensão por parte do Presidente da República.
Num comunicado a propósito do vídeo, o líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, diz que os médicos quando encabeçaram a luta contra a covid-19 «dia e noite, correndo risco de vida e permitindo a António Costa alavancar a popularidade à custa do seu esforço», esses médicos eram os heróis do país.
«Quando começaram a apontar claros indícios de falhas do Estado no tratamento de doentes, nomeadamente os mais idosos, passaram a ser ´cobardes´, a não ter competência para elaborar relatórios e a serem criticados por terem opinião nas televisões”, diz o líder centrista, concluindo que o primeiro-ministro “deve retratar-se publicamente e retirar imediatamente o ataque feroz que desferiu à classe profissional».
Já num comunicado assinado pela direcção nacional o Chega fala de «absoluta falta de decência, tolerância democrática e desrespeito por uma das classes que mais tem sido afectada no âmbito da pandemia de covid-19».
«Estas declarações, agora tornadas públicas, ainda que de forma inadvertida, são gravíssimas e demonstram um estado de desorientação considerável e uma agressividade incompreensível para com todos os médicos e com o sector da saúde em geral», diz o Chega, acrescentando que no actual contexto «dificilmente o primeiro-ministro tem condições para continuar no cargo” e assumir a liderança da luta contra a covid-19».
Paralelamente o partido Iniciativa Liberal (IL) considerou inaceitável que o primeiro-ministro «afirme que as ordens profissionais não existem para fiscalizar o Estado» e pediu que assuma responsabilidades no caso de mortes por covid-19 num lar de Reguengos de Monsaraz.
«Numa democracia, todas as instituições e todos os cidadãos têm o direito e até o dever de fiscalizar a acção do Estado, sobretudo no caso de uma Ordem quando está em causa actuação de profissionais que regula», disse o IL num comunicado divulgado no domingo.

Ler Mais

pub

partilhar


marcar artigo