Covid-19: Financial Times elogia Portugal pela forma como travou ″onda do vírus que engoliu os seus vizinhos″
Por Simone Silva
09:07, 4 Mai 2020
Portugal tem sido bastante elogiado pela forma como tem combatido a pandemia do novo coronavírus, inclusive a nível internacional. Desta vez foi o conhecido jornal americano ‘Financial Times’ (FT) a distinguir o nosso país dos seus vizinhos espanhóis, na «resposta rápida» que tiveram na luta contra a doença que «causou estragos em Espanha», enquanto que «em Portugal teve taxas de infecção e mortalidade muito mais baixas».
O jornal comparou Portugal a Espanha, constatando que o nosso país registou pouco mais de mil mortes, ao contrário de Espanha onde se verificaram mais de 24 mil vítimas mortais.
No artigo, é dito ainda que Portugal detectou os seus primeiros casos de coronavírus a 2 de Março, um mês depois de países como Itália e Espanha, tendo declarado estado de emergência 16 dias após o início do surto, numa altura em que o país registava 642 casos e duas mortes. Ao contrário de Espanha que «anunciou medidas restritivas rigorosas cerca de seis semanas após o primeiro caso, quando já tinha registado quase 5.800 casos e 200 mortes».
Outro factor apontado pelo jornal como «chave» para o sucesso é o facto de «mesmo antes de o governo ordenar o bloqueio, muitos portugueses terem optado por ficar em casa», de acordo com Ricardo Baptista Leite, chefe de saúde pública da Universidade Católica de Lisboa, citado pelo FT.
«As pessoas viam as imagens comoventes da Itália e de Espanha e decidiram tratar do assunto por conta própria», disse, acrescentando que «Este foi um elemento crítico na nossa resposta».
Para além disso os testes foram outro indicador de sucesso. Portugal testou mais de 350 mil pessoas, tendo construído constantemente uma rede que pode capacitar mais de 15 mil testes por dia. O que equivale a mais de 35 mil testes por milhão de habitantes, à frente de muitos outros países europeus, tal como o secretário de estado António Sales, já tinha referido.
O facto de Portugal ter menos cidades densamente povoadas, uma única fronteira terrestre, um menor nível de tráfego internacional e menos imigração também ajudou, bem como o apoio de todos os partidos à estratégia de resposta à pandemia do governo socialista. «Estamos focando na colaboração, não na oposição», disse Baptista Leite. «Em tempos como estes, a união e a solidariedade salvam vidas».
É mencionado ainda o final do Estado de Emergência em alguns países da Europa nos quais está Portugal, bem como o medo que surja uma segunda onda do surto viral.
«Lisboa teme que uma segunda onda de infecções possa reverter um sucesso atribuído à sua resposta rápida, testes extensivos, políticas concertadas e forte apoio social», escreve o artigo do jornal económico.
O coordenador no Instituto de Medicina Molecular (IMM) e virologista, Pedro Simas, esteve ainda à conversa com o FT sobre a pandemia: «O tempo é tudo nos estágios iniciais de uma pandemia porque a disseminação viral é exponencial» disse o especialista, sublinhando também que «mesmo uma semana tem um enorme impacto» na evolução da contaminação.
Esta já não é a primeira vez que o jornal americano elogia o nosso país, recorde-se que no verão a «geringonça» de António Costa já tinha sido alvo de criticas bastante positivas. Na imprensa internacional também o ‘The New York Times’ realizou uma reportagem sobre os dois países vizinhos da Península Ibérica, onde mais uma vez distingui a resposta de Portugal à pandemia, contrariamente à de Espanha.
«O principal vizinho (de Espanha) que se saiu muito melhor», assim descreve Portugal, o jornalista do The New York Times, explicando que a chave para este sucesso no combate ao novo coronavírus estava no executivo português liderado por António Costa e na forma como a oposição se uniu na luta contra a epidemia.
O jornal britânico ‘The Guardian’ também já elogiou o esforço conjunto e as medidas antecipadas tomadas pelo governo português. A ‘CNN’ e o jornal espanhol ‘El País’ já tinham elogiado a abordagem portuguesa, destacando as medidas de regularização de todos os imigrantes e requerentes de asilo, para que todos pudessem ter acesso a cuidados de saúde no nosso país.
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Covid-19: Financial Times elogia Portugal pela forma como travou ″onda do vírus que engoliu os seus vizinhos″
Por Simone Silva
09:07, 4 Mai 2020
Portugal tem sido bastante elogiado pela forma como tem combatido a pandemia do novo coronavírus, inclusive a nível internacional. Desta vez foi o conhecido jornal americano ‘Financial Times’ (FT) a distinguir o nosso país dos seus vizinhos espanhóis, na «resposta rápida» que tiveram na luta contra a doença que «causou estragos em Espanha», enquanto que «em Portugal teve taxas de infecção e mortalidade muito mais baixas».
O jornal comparou Portugal a Espanha, constatando que o nosso país registou pouco mais de mil mortes, ao contrário de Espanha onde se verificaram mais de 24 mil vítimas mortais.
No artigo, é dito ainda que Portugal detectou os seus primeiros casos de coronavírus a 2 de Março, um mês depois de países como Itália e Espanha, tendo declarado estado de emergência 16 dias após o início do surto, numa altura em que o país registava 642 casos e duas mortes. Ao contrário de Espanha que «anunciou medidas restritivas rigorosas cerca de seis semanas após o primeiro caso, quando já tinha registado quase 5.800 casos e 200 mortes».
Outro factor apontado pelo jornal como «chave» para o sucesso é o facto de «mesmo antes de o governo ordenar o bloqueio, muitos portugueses terem optado por ficar em casa», de acordo com Ricardo Baptista Leite, chefe de saúde pública da Universidade Católica de Lisboa, citado pelo FT.
«As pessoas viam as imagens comoventes da Itália e de Espanha e decidiram tratar do assunto por conta própria», disse, acrescentando que «Este foi um elemento crítico na nossa resposta».
Para além disso os testes foram outro indicador de sucesso. Portugal testou mais de 350 mil pessoas, tendo construído constantemente uma rede que pode capacitar mais de 15 mil testes por dia. O que equivale a mais de 35 mil testes por milhão de habitantes, à frente de muitos outros países europeus, tal como o secretário de estado António Sales, já tinha referido.
O facto de Portugal ter menos cidades densamente povoadas, uma única fronteira terrestre, um menor nível de tráfego internacional e menos imigração também ajudou, bem como o apoio de todos os partidos à estratégia de resposta à pandemia do governo socialista. «Estamos focando na colaboração, não na oposição», disse Baptista Leite. «Em tempos como estes, a união e a solidariedade salvam vidas».
É mencionado ainda o final do Estado de Emergência em alguns países da Europa nos quais está Portugal, bem como o medo que surja uma segunda onda do surto viral.
«Lisboa teme que uma segunda onda de infecções possa reverter um sucesso atribuído à sua resposta rápida, testes extensivos, políticas concertadas e forte apoio social», escreve o artigo do jornal económico.
O coordenador no Instituto de Medicina Molecular (IMM) e virologista, Pedro Simas, esteve ainda à conversa com o FT sobre a pandemia: «O tempo é tudo nos estágios iniciais de uma pandemia porque a disseminação viral é exponencial» disse o especialista, sublinhando também que «mesmo uma semana tem um enorme impacto» na evolução da contaminação.
Esta já não é a primeira vez que o jornal americano elogia o nosso país, recorde-se que no verão a «geringonça» de António Costa já tinha sido alvo de criticas bastante positivas. Na imprensa internacional também o ‘The New York Times’ realizou uma reportagem sobre os dois países vizinhos da Península Ibérica, onde mais uma vez distingui a resposta de Portugal à pandemia, contrariamente à de Espanha.
«O principal vizinho (de Espanha) que se saiu muito melhor», assim descreve Portugal, o jornalista do The New York Times, explicando que a chave para este sucesso no combate ao novo coronavírus estava no executivo português liderado por António Costa e na forma como a oposição se uniu na luta contra a epidemia.
O jornal britânico ‘The Guardian’ também já elogiou o esforço conjunto e as medidas antecipadas tomadas pelo governo português. A ‘CNN’ e o jornal espanhol ‘El País’ já tinham elogiado a abordagem portuguesa, destacando as medidas de regularização de todos os imigrantes e requerentes de asilo, para que todos pudessem ter acesso a cuidados de saúde no nosso país.
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