a filosofia vai ao cinema: Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!

06-12-2019
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Van Gogh, Campo de trigo com corvos

Antes o voo da ave,
que  passa e não deixa rasto, 


Que a passagem do animal,
que fica lembrada no chão. 


A ave passa e esquece, e
assim deve ser. 


O animal, onde já não está
e por isso de nada serve, 


Mostra que já esteve, o que
não serve para nada.

A recordação é uma traição
à Natureza, 


Porque a Natureza de ontem
não é Natureza. 


O que foi não é nada, e
lembrar é não ver.

Passa, ave, passa, e
ensina-me a passar!

Alberto
Caeiro, in O Guardador de Rebanhos

Nick Cave, da banda sonora de um filme belíssimo como poucos: Aves Migratórias (Peuple Migrateur, 2001), de Jacques Perrin.

Van Gogh, Campo de trigo com corvos

Antes o voo da ave,
que  passa e não deixa rasto, 


Que a passagem do animal,
que fica lembrada no chão. 


A ave passa e esquece, e
assim deve ser. 


O animal, onde já não está
e por isso de nada serve, 


Mostra que já esteve, o que
não serve para nada.

A recordação é uma traição
à Natureza, 


Porque a Natureza de ontem
não é Natureza. 


O que foi não é nada, e
lembrar é não ver.

Passa, ave, passa, e
ensina-me a passar!

Alberto
Caeiro, in O Guardador de Rebanhos

Nick Cave, da banda sonora de um filme belíssimo como poucos: Aves Migratórias (Peuple Migrateur, 2001), de Jacques Perrin.

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