Muxicongo: Projecto “Rio Neiva: rodas d’água e agro-sistema tradicional” publicado em livro!...

03-10-2020
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“O
rio corre sereno ou impetuoso, levando as águas de volta ao mar. Ao vê-lo, os
olhos não tem a exacta noção do seu percurso, da sua vida, da sua história e
dos muitos segredos que as suas águas transportam desde que brotam dos altos
até que fluem na imensidão do oceano…”

Rogério Barreto

«Rio Neiva: rodas d’água e agro-sistema tradicional» é o título de
uma extraordinária obra, diríamos de grande fôlego, publicada pela Junta de
Freguesia de Barroselas, através de um projecto de A Mó – Associação do Vale do Neiva, na vigente presidência autárquica
de Vasco Lima. Embora tenha sido publicado em Setembro de 2013, só agora é que
nos foi possível agradecer a gentil oferta do bom amigo Rogério Barreto,
através da presente crónica, em jeito de recensão.

Como bem diz José
Miranda, actual Presidente da Direcção de A
Mó – Associação do Vale do Neiva, tudo começou em 1985, quando Manuel
Delfim (1944-2002), Raimundo Castro, Rogério Barreto e Olindo Maciel deram os
primeiros passos na defesa da cultura e do património do Vale do Neiva: “No
tocante ao património construído, este grupo iniciou um trabalho pioneiro de
recolha da muita informação relativa aos sistemas hidráulicos do rio Neiva, que
estava em risco de se perder, quando estas velhas estruturas começaram a ser
abandonadas – azenhas, engenhos de serração, engenhos do linho, e lagares de
azeite. Reunindo vasta documentação de praticamente todas as construções,
através de um meticuloso trabalho de campo, com registos fotográficos,
levantamentos e esboços, descrição dos sistemas e engrenagem motora e sua
localização, a par da análise de manuscritos” – citamos José Miranda –, de que
resultou, passadas cerca de três décadas, a publicação deste oportuno livro,
cujos primeiros registos haviam sido publicados nas páginas do Jornal «O Vale do Neiva», publicação da mesma
Associação.

Se não fosse o facto de
termos que falar dos autores deste magnífico – com os devidos pedidos de
desculpa pela múltipla adjectivação, porque merecida – livro, quase que
poderíamos ficar por aqui. Contudo, se o fizéssemos cometeríamos uma grave lacuna,
já que o conteúdo jamais se poderá desassociar dos seus progenitores e/ou produtores.
São eles: Rogério Ramiro da Silva Barreto nasceu em Barroselas, em 9 de
Outubro de 1961. Professor do Ensino Básico e Secundário, é licenciado em
Geografia e Mestre em Planeamento Urbano e Regional pela Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, onde realiza actualmente doutoramento em Geografia
Humana. É membro investigador do CeGot
(Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território), das universidades
do Porto, Coimbra e Minho. Foi co-fundador da associação «A MÓ», da qual foi
presidente e director do jornal «O Vale do Neiva», de Barroselas e da
associação vianense «Amigos do Mar». Desempenhou, no mandato 2002-2005, o cargo
de vereador na Câmara Municipal de Viana do Castelo, e o cargo de Presidente da
Junta de Freguesia de Barroselas, no mandato 2005-2009. Tem produzido trabalhos
na sua área de investigação e também sobre o Vale do Neiva, publicados em
revistas e livros temáticos; Manuel Raimundo Alves de Castro
nasceu em Barroselas, em 23 de Janeiro de 1959. Desde jovem dedicou-se ao
associativismo, tendo começado a sua participação cívica no Grupo S. Paulo da
Cruz, em Barroselas. Dedicado à defesa do ambiente, esteve ligado à criação de
associações vocacionadas para a intervenção nesta área, como é o caso de «A
MÓ», «Aventura da Saúde», «Amigos do Mar», «Crepúsculos» e «Padela Natural –
Associação Promotora», onde desenvolve actividades no âmbito da protecção da
floresta. Tem-se dedicado à catalogação das diversas espécies micológicas
(cogumelos) e da flora do Vale do Neiva e à organização do respectivo
inventário fotográfico; José Manuel Gonçalves Oliveira
nasceu em Barroselas, em 25 de Março de 1955. Frequentou o ensino primário até
à 6.ª classe e depois a então Telescola (ciclo preparatório) nos Missionários
Passionistas de Barroselas, de onde transitou para a Escola Industrial e
Comercial de Viana do Castelo, onde conclui o Curso Geral de Administração e
Comércio, prosseguindo os estudos na Escola Técnica Alberto Sampaio, em Braga,
onde, em 1975, concluiu o Curso Complementar de Contabilidade e Administração.
Na sua juventude, foi membro dos Escuteiros de Barroselas, a par da prática
desportiva que desenvolveu no então Sião Futebol Clube, de Barroselas, e no
emblemático Neves Futebol Clube. Foi co-fundador da «Associação Desportiva de
Barroselas», de «A MÓ» e da associação ambientalista «Crepúsculos», todas de
Barroselas. Cidadão empenhado na defesa dos valores da natureza, tem pugnado
pela preservação dos espaços naturais, dedicando, especialmente, ao rio Neiva,
muito das suas energias, traduzidas nos preciosos contributos com que
enriqueceu este trabalho; e, finalmente, Manuel Delfim da Silva Pereira
(1944-2002), de grata memória para todos nós e de quem já falamos noutras
publicações, que foi o impulsionador do trabalho de inventariação dos engenhos
do rio Neiva, apresentado nesta mesma obra. Para além de estar na génese do
estudo da cultura popular, sobretudo pelo património construído e
particularmente o referente ao rio Neiva e ainda pelo património imaterial das
gentes do Neiva, do qual recolheu centenas de espécimes dos cantares
tradicionais, sendo que este seu gosto particular e empenhado entusiasmo na
defesa dos valores tradicionais do Vale do Neiva, ditaram o seu contributo para
a fundação de colectividades vocacionadas para a intervenção cultural, de que
são exemplo o «Grupo das Cantadeiras do Vale do Neiva», o jornal «O Vale do
Neiva» e a associação «A MÓ», a sua participação cívica estendeu-se também aos
órgãos da gestão colectiva, tendo exercido mandatos na Assembleia de Freguesia
de Barroselas e na Assembleia Municipal de Viana do Castelo.

Para finalizar, e
denunciando o alto valor estético desta magnífica obra (proficuamente ilustrado
– fotografias de Raimundo Castro, Manuel Delfim Pereira, Rogério Barreto, Jorge
Silva, Olindo Maciel e Jaime Pereira – e de capa dura), teremos em dizer que a
mesma está divida em três partes (ou capítulos, como se queira entender): 1 –
Enquadramentos geográfico e administrativo, geológico, geomorfológico,
hidrografia e recursos hídricos, clima, flora, fauna e ocupação humana; 2 –
Engenhos, mecanismos e sistemas hidráulicos do rio Neiva, perpassando pela
moagem, sistemas e mecanismos; 3 – Engenhos hidráulicos do rio Neiva, com uma
perspectiva histórica do rio nas Memórias
Paroquiais de 1758, seguida de uma minuciosa inventariação de 177 engenhos
hidráulicos. O grande rigor científico fica bem patente através de um bem
elaborado glossário e da citação de mais de seis dezenas de fontes
bibliográficas.

Parabéns à Junta de
Freguesia de Barroselas (hoje em união com Carvoeiro), aos seus autores e à
associação «A MÓ». Leitura que se recomenda. Nota máxima!  

“O
rio corre sereno ou impetuoso, levando as águas de volta ao mar. Ao vê-lo, os
olhos não tem a exacta noção do seu percurso, da sua vida, da sua história e
dos muitos segredos que as suas águas transportam desde que brotam dos altos
até que fluem na imensidão do oceano…”

Rogério Barreto

«Rio Neiva: rodas d’água e agro-sistema tradicional» é o título de
uma extraordinária obra, diríamos de grande fôlego, publicada pela Junta de
Freguesia de Barroselas, através de um projecto de A Mó – Associação do Vale do Neiva, na vigente presidência autárquica
de Vasco Lima. Embora tenha sido publicado em Setembro de 2013, só agora é que
nos foi possível agradecer a gentil oferta do bom amigo Rogério Barreto,
através da presente crónica, em jeito de recensão.

Como bem diz José
Miranda, actual Presidente da Direcção de A
Mó – Associação do Vale do Neiva, tudo começou em 1985, quando Manuel
Delfim (1944-2002), Raimundo Castro, Rogério Barreto e Olindo Maciel deram os
primeiros passos na defesa da cultura e do património do Vale do Neiva: “No
tocante ao património construído, este grupo iniciou um trabalho pioneiro de
recolha da muita informação relativa aos sistemas hidráulicos do rio Neiva, que
estava em risco de se perder, quando estas velhas estruturas começaram a ser
abandonadas – azenhas, engenhos de serração, engenhos do linho, e lagares de
azeite. Reunindo vasta documentação de praticamente todas as construções,
através de um meticuloso trabalho de campo, com registos fotográficos,
levantamentos e esboços, descrição dos sistemas e engrenagem motora e sua
localização, a par da análise de manuscritos” – citamos José Miranda –, de que
resultou, passadas cerca de três décadas, a publicação deste oportuno livro,
cujos primeiros registos haviam sido publicados nas páginas do Jornal «O Vale do Neiva», publicação da mesma
Associação.

Se não fosse o facto de
termos que falar dos autores deste magnífico – com os devidos pedidos de
desculpa pela múltipla adjectivação, porque merecida – livro, quase que
poderíamos ficar por aqui. Contudo, se o fizéssemos cometeríamos uma grave lacuna,
já que o conteúdo jamais se poderá desassociar dos seus progenitores e/ou produtores.
São eles: Rogério Ramiro da Silva Barreto nasceu em Barroselas, em 9 de
Outubro de 1961. Professor do Ensino Básico e Secundário, é licenciado em
Geografia e Mestre em Planeamento Urbano e Regional pela Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, onde realiza actualmente doutoramento em Geografia
Humana. É membro investigador do CeGot
(Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território), das universidades
do Porto, Coimbra e Minho. Foi co-fundador da associação «A MÓ», da qual foi
presidente e director do jornal «O Vale do Neiva», de Barroselas e da
associação vianense «Amigos do Mar». Desempenhou, no mandato 2002-2005, o cargo
de vereador na Câmara Municipal de Viana do Castelo, e o cargo de Presidente da
Junta de Freguesia de Barroselas, no mandato 2005-2009. Tem produzido trabalhos
na sua área de investigação e também sobre o Vale do Neiva, publicados em
revistas e livros temáticos; Manuel Raimundo Alves de Castro
nasceu em Barroselas, em 23 de Janeiro de 1959. Desde jovem dedicou-se ao
associativismo, tendo começado a sua participação cívica no Grupo S. Paulo da
Cruz, em Barroselas. Dedicado à defesa do ambiente, esteve ligado à criação de
associações vocacionadas para a intervenção nesta área, como é o caso de «A
MÓ», «Aventura da Saúde», «Amigos do Mar», «Crepúsculos» e «Padela Natural –
Associação Promotora», onde desenvolve actividades no âmbito da protecção da
floresta. Tem-se dedicado à catalogação das diversas espécies micológicas
(cogumelos) e da flora do Vale do Neiva e à organização do respectivo
inventário fotográfico; José Manuel Gonçalves Oliveira
nasceu em Barroselas, em 25 de Março de 1955. Frequentou o ensino primário até
à 6.ª classe e depois a então Telescola (ciclo preparatório) nos Missionários
Passionistas de Barroselas, de onde transitou para a Escola Industrial e
Comercial de Viana do Castelo, onde conclui o Curso Geral de Administração e
Comércio, prosseguindo os estudos na Escola Técnica Alberto Sampaio, em Braga,
onde, em 1975, concluiu o Curso Complementar de Contabilidade e Administração.
Na sua juventude, foi membro dos Escuteiros de Barroselas, a par da prática
desportiva que desenvolveu no então Sião Futebol Clube, de Barroselas, e no
emblemático Neves Futebol Clube. Foi co-fundador da «Associação Desportiva de
Barroselas», de «A MÓ» e da associação ambientalista «Crepúsculos», todas de
Barroselas. Cidadão empenhado na defesa dos valores da natureza, tem pugnado
pela preservação dos espaços naturais, dedicando, especialmente, ao rio Neiva,
muito das suas energias, traduzidas nos preciosos contributos com que
enriqueceu este trabalho; e, finalmente, Manuel Delfim da Silva Pereira
(1944-2002), de grata memória para todos nós e de quem já falamos noutras
publicações, que foi o impulsionador do trabalho de inventariação dos engenhos
do rio Neiva, apresentado nesta mesma obra. Para além de estar na génese do
estudo da cultura popular, sobretudo pelo património construído e
particularmente o referente ao rio Neiva e ainda pelo património imaterial das
gentes do Neiva, do qual recolheu centenas de espécimes dos cantares
tradicionais, sendo que este seu gosto particular e empenhado entusiasmo na
defesa dos valores tradicionais do Vale do Neiva, ditaram o seu contributo para
a fundação de colectividades vocacionadas para a intervenção cultural, de que
são exemplo o «Grupo das Cantadeiras do Vale do Neiva», o jornal «O Vale do
Neiva» e a associação «A MÓ», a sua participação cívica estendeu-se também aos
órgãos da gestão colectiva, tendo exercido mandatos na Assembleia de Freguesia
de Barroselas e na Assembleia Municipal de Viana do Castelo.

Para finalizar, e
denunciando o alto valor estético desta magnífica obra (proficuamente ilustrado
– fotografias de Raimundo Castro, Manuel Delfim Pereira, Rogério Barreto, Jorge
Silva, Olindo Maciel e Jaime Pereira – e de capa dura), teremos em dizer que a
mesma está divida em três partes (ou capítulos, como se queira entender): 1 –
Enquadramentos geográfico e administrativo, geológico, geomorfológico,
hidrografia e recursos hídricos, clima, flora, fauna e ocupação humana; 2 –
Engenhos, mecanismos e sistemas hidráulicos do rio Neiva, perpassando pela
moagem, sistemas e mecanismos; 3 – Engenhos hidráulicos do rio Neiva, com uma
perspectiva histórica do rio nas Memórias
Paroquiais de 1758, seguida de uma minuciosa inventariação de 177 engenhos
hidráulicos. O grande rigor científico fica bem patente através de um bem
elaborado glossário e da citação de mais de seis dezenas de fontes
bibliográficas.

Parabéns à Junta de
Freguesia de Barroselas (hoje em união com Carvoeiro), aos seus autores e à
associação «A MÓ». Leitura que se recomenda. Nota máxima!  

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