Debaixo do Bulcão

05-03-2020
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Respiro o último cigarro e escutoo golpe desferido pelo vento brutoque me alegra a alma pelo sadismocom que tortura a pobre máquina, rainha do consumismoÉ lindo sentir a felicidadede ouvir um automóvel a implorar piedadepelo pecado que comete, apenas por existirO seu grito é desespero... dá-me vontade de rirNo entanto, este júbilo cruel é fugazé inevitável a sua metamorfose em sorriso da memóriada noite, em que o vento me deu a ver aquilo de que é capazAinda assim, choro de angústia ao pensarno ápice de humilhação sofrido pelo motor.Não pela sua aflição, mas por tão depressa se esgotar a sua dorJoão ZarcoDebaixo do Bulcão poezineNúmero 1,5 - Almada, Janeiro 1997


Respiro o último cigarro e escutoo golpe desferido pelo vento brutoque me alegra a alma pelo sadismocom que tortura a pobre máquina, rainha do consumismoÉ lindo sentir a felicidadede ouvir um automóvel a implorar piedadepelo pecado que comete, apenas por existirO seu grito é desespero... dá-me vontade de rirNo entanto, este júbilo cruel é fugazé inevitável a sua metamorfose em sorriso da memóriada noite, em que o vento me deu a ver aquilo de que é capazAinda assim, choro de angústia ao pensarno ápice de humilhação sofrido pelo motor.Não pela sua aflição, mas por tão depressa se esgotar a sua dorJoão ZarcoDebaixo do Bulcão poezineNúmero 1,5 - Almada, Janeiro 1997

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