sound + vision: Novas edições: Tiago Sousa, Walden Pond's Monk

25-06-2020
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Tiago Sousa“Walden Pond’s Monk”Immune Records4 / 5Se em 2009 o álbum Insónia tinha chamado atenções para uma presença diferente no panorama da música criada por este canto da Europa, o novo disco de Tiago Sousa, Walden Pond’s Monk, leva-nos bem mais adiante, confirmando em pleno que as ideias então lançadas eram, não um destino, mas traços de trilhos que, agora, valem mesmo a pena seguir. Fundador da Merzbau (a netlabel que lançou primeiras gravações de nomes hoje determinantes no panorama local como os de B Fachada ou Noiserv), Tiago Sousa arrumou (pelo menos por enquanto) essa etapa de relacionamento com os espaços das vivências pop/rock e periferias para seguir uma antiga relação com o piano. E quase tão antiga com essa relação, uma admiração pelos impressionistas que mudaram as corres e as formas pelas quais a música sugeria ideias e narrativas há um século atrás, ajudou a definir pontos de partida dos quais, entretanto, tem vindo a evoluir uma música que se caracteriza, antes de tudo mais, por opções de liberdade, evitando quaisquer sinais de um academismo que muitas vezes secundariza o “eu” a uma nem sempre democrática noção de “nós”. Há um “eu” a ganhar forma por aqui. E entre Insónia e o novo disco a linguagem de Tiago Sousa, sem perder as suas características de simplicidade e a sua capacidade de comunicação entre não apenas si e quem o escuta, mas também entre esta música e as muitas sensações que a geraram. Parece haver uma ideia “programa” entre as notas que aqui passam e que traduz ecos de um entendimento com as palavras e a própria vida de Henry David Thoreau, da sua visão partilhando, por exemplo, esse desejo de preservação de identidade individual (que tão bem este disco sublinha). Ao piano, a “voz” central na música de Tiago Sousa, juntam-se um clarinete, percussão, um órgão, harmónio e fitas com elementos áudio que, a dada altura, ensaiam uma envolvente sugestão de cenografia, como que dando corpo às ideias que por aqui passam. Walden Pond’s Monk, que assinala a estreia de Tiago Sousa na Immune Records (de Chicago), com lançamento digital, em CD e vinil, é desde já um dos títulos a reter na história da melhor música com passaporte nacional editada em 2011.


Tiago Sousa“Walden Pond’s Monk”Immune Records4 / 5Se em 2009 o álbum Insónia tinha chamado atenções para uma presença diferente no panorama da música criada por este canto da Europa, o novo disco de Tiago Sousa, Walden Pond’s Monk, leva-nos bem mais adiante, confirmando em pleno que as ideias então lançadas eram, não um destino, mas traços de trilhos que, agora, valem mesmo a pena seguir. Fundador da Merzbau (a netlabel que lançou primeiras gravações de nomes hoje determinantes no panorama local como os de B Fachada ou Noiserv), Tiago Sousa arrumou (pelo menos por enquanto) essa etapa de relacionamento com os espaços das vivências pop/rock e periferias para seguir uma antiga relação com o piano. E quase tão antiga com essa relação, uma admiração pelos impressionistas que mudaram as corres e as formas pelas quais a música sugeria ideias e narrativas há um século atrás, ajudou a definir pontos de partida dos quais, entretanto, tem vindo a evoluir uma música que se caracteriza, antes de tudo mais, por opções de liberdade, evitando quaisquer sinais de um academismo que muitas vezes secundariza o “eu” a uma nem sempre democrática noção de “nós”. Há um “eu” a ganhar forma por aqui. E entre Insónia e o novo disco a linguagem de Tiago Sousa, sem perder as suas características de simplicidade e a sua capacidade de comunicação entre não apenas si e quem o escuta, mas também entre esta música e as muitas sensações que a geraram. Parece haver uma ideia “programa” entre as notas que aqui passam e que traduz ecos de um entendimento com as palavras e a própria vida de Henry David Thoreau, da sua visão partilhando, por exemplo, esse desejo de preservação de identidade individual (que tão bem este disco sublinha). Ao piano, a “voz” central na música de Tiago Sousa, juntam-se um clarinete, percussão, um órgão, harmónio e fitas com elementos áudio que, a dada altura, ensaiam uma envolvente sugestão de cenografia, como que dando corpo às ideias que por aqui passam. Walden Pond’s Monk, que assinala a estreia de Tiago Sousa na Immune Records (de Chicago), com lançamento digital, em CD e vinil, é desde já um dos títulos a reter na história da melhor música com passaporte nacional editada em 2011.

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