Marcelo na estrada a puxar pelos galões de democrata

30-09-2020
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António Costa regressou de férias, mas ficou fechado em São Bento. Rui Rio continuou a banhos e calado (fez um post no Twitter a criticar a lotação da Festa do “Avante!”), assim como Jerónimo de Sousa e André Silva, ou Catarina Martins (que só ontem reagiu ao racismo). Com a política estendida ao sol, o palco mediático foi ocupado por Marcelo Rebelo de Sousa, que não se limitou a ensaiar umas férias no Porto Santo em misto de presidência aberta e campanha eleitoral com ‘lambecas’ pelo meio: o Presidente da República assinou três vetos (dois deles com argumentos fortes sobre a democracia e outro sobre a nova Lei do Mar), apelou à inteligência na reação às ameaças da extrema-direita racista para evitar uma escalada, e ainda sugeriu o regresso das reuniões do Infarmed.

Com Rui Rio em silêncio sobre os vetos às mudanças no Parlamento — iniciativa do PSD com apoio do PS —, foram só os socialistas a admitir que vão avaliar os argumentos de Belém. No PSD, as reações chegaram de deputados que votaram à revelia do partido contra o fim dos debates quinzenais e contra a redução da frequência dos debates sobre Europa. Pedro Rodrigues, Pedro Pinto e Álvaro Almeida concordaram com os termos do Presidente e o último disse ao Expresso esta semana que Marcelo tem “uma capacidade de leitura da vontade dos portugueses sem par”.

Nessa leitura, o Presidente deixou claro que se pudesse também vetava o fim dos debates quinzenais com o primeiro-ministro que o bloco central aprovou (só não o podia fazer, por ser do regimento da AR). “É mais cómodo não fazer tantos debates para ter mais tempo livre”, mas os “debates cumprem uma função essencial. Podem ser repetitivos, podem ser incómodos, mas é a democracia a ser democracia”, disse Marcelo esta quinta-feira, numa censura explícita ao acordo Rio/Costa.

Com André Ventura como adversário assumido nas presidenciais, Marcelo usou termos nas notas de veto — “imperativo de consciência cívica” — que lhe vão permitir puxar pelos galões de democrata, mesmo em contraponto com os partidos mainstream. Nas mensagens à Assembleia, chamou a atenção para o facto de certas medidas poderem alimentar “fenómenos inorgânicos” e “antissistémicos” (caso do veto ao aumento das assinaturas necessárias para as petições de cidadãos serem discutidas em plenário), e considerou que “não se afigura feliz” a redução do número de debates com o primeiro-ministro sobre Europa porque “desvaloriza” o papel da Assembleia da República. Tudo junto, para Marcelo, “desajuda a fortalecer a Democracia”, e é “um sinal negativo para a Democracia portuguesa.” Resta saber como vão agora os partidos trabalhar as propostas.

PR quer reuniões abertas

Depois de ter sido o próprio Presidente a anunciar o fim das reuniões, no Infarmed, dos líderes políticos com os peritos em saúde pública, Marcelo defende agora o regresso dos encontros, mas sem ser à porta fechada — para evitar depois relatos com versões diferentes à saída. Uma das possibilidades pensadas em Belém, sabe o Expresso, é a emissão em streaming (vídeo em direto na internet) dos encontros, mas terá de ser o Governo a decidir: “Terminado o mês de agosto, cabe ao Governo ponderar que modelo pode ser repescado, não tanto para informação dos deputados, mas do país”, disse Marcelo esta quinta-feira.

Com esta sugestão, o Presidente serve de alavanca à pressão dos partidos da oposição para serem retomadas as reuniões e para serem fornecidos dados mais completos sobre a evolução da pandemia.

António Costa regressou de férias, mas ficou fechado em São Bento. Rui Rio continuou a banhos e calado (fez um post no Twitter a criticar a lotação da Festa do “Avante!”), assim como Jerónimo de Sousa e André Silva, ou Catarina Martins (que só ontem reagiu ao racismo). Com a política estendida ao sol, o palco mediático foi ocupado por Marcelo Rebelo de Sousa, que não se limitou a ensaiar umas férias no Porto Santo em misto de presidência aberta e campanha eleitoral com ‘lambecas’ pelo meio: o Presidente da República assinou três vetos (dois deles com argumentos fortes sobre a democracia e outro sobre a nova Lei do Mar), apelou à inteligência na reação às ameaças da extrema-direita racista para evitar uma escalada, e ainda sugeriu o regresso das reuniões do Infarmed.

Com Rui Rio em silêncio sobre os vetos às mudanças no Parlamento — iniciativa do PSD com apoio do PS —, foram só os socialistas a admitir que vão avaliar os argumentos de Belém. No PSD, as reações chegaram de deputados que votaram à revelia do partido contra o fim dos debates quinzenais e contra a redução da frequência dos debates sobre Europa. Pedro Rodrigues, Pedro Pinto e Álvaro Almeida concordaram com os termos do Presidente e o último disse ao Expresso esta semana que Marcelo tem “uma capacidade de leitura da vontade dos portugueses sem par”.

Nessa leitura, o Presidente deixou claro que se pudesse também vetava o fim dos debates quinzenais com o primeiro-ministro que o bloco central aprovou (só não o podia fazer, por ser do regimento da AR). “É mais cómodo não fazer tantos debates para ter mais tempo livre”, mas os “debates cumprem uma função essencial. Podem ser repetitivos, podem ser incómodos, mas é a democracia a ser democracia”, disse Marcelo esta quinta-feira, numa censura explícita ao acordo Rio/Costa.

Com André Ventura como adversário assumido nas presidenciais, Marcelo usou termos nas notas de veto — “imperativo de consciência cívica” — que lhe vão permitir puxar pelos galões de democrata, mesmo em contraponto com os partidos mainstream. Nas mensagens à Assembleia, chamou a atenção para o facto de certas medidas poderem alimentar “fenómenos inorgânicos” e “antissistémicos” (caso do veto ao aumento das assinaturas necessárias para as petições de cidadãos serem discutidas em plenário), e considerou que “não se afigura feliz” a redução do número de debates com o primeiro-ministro sobre Europa porque “desvaloriza” o papel da Assembleia da República. Tudo junto, para Marcelo, “desajuda a fortalecer a Democracia”, e é “um sinal negativo para a Democracia portuguesa.” Resta saber como vão agora os partidos trabalhar as propostas.

PR quer reuniões abertas

Depois de ter sido o próprio Presidente a anunciar o fim das reuniões, no Infarmed, dos líderes políticos com os peritos em saúde pública, Marcelo defende agora o regresso dos encontros, mas sem ser à porta fechada — para evitar depois relatos com versões diferentes à saída. Uma das possibilidades pensadas em Belém, sabe o Expresso, é a emissão em streaming (vídeo em direto na internet) dos encontros, mas terá de ser o Governo a decidir: “Terminado o mês de agosto, cabe ao Governo ponderar que modelo pode ser repescado, não tanto para informação dos deputados, mas do país”, disse Marcelo esta quinta-feira.

Com esta sugestão, o Presidente serve de alavanca à pressão dos partidos da oposição para serem retomadas as reuniões e para serem fornecidos dados mais completos sobre a evolução da pandemia.

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