João Almeida: "Refiliação de Manuel Monteiro no CDS-PP deveria ter sido resolvida dentro do ciclo em que surgiu"

13-01-2020
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A polémica em torno da refiliação do ex-presidente do CDS-PP, Manuel Monteiro, que chegou a sair do partido para fundar a Nova Democracia, é algo que o deputado eleito por Aveiro e candidato à liderança no Congresso de 25 e 26 de janeiro gostaria de ver resolvida ainda pela direção de Assunção Cristas.

Na moção com que se candidata à liderança do CDS-PP, fala de uma “enorme carência” entre os eleitos para desempenhar cargos na estrutura do partido e sugere que sejam dadas bases formativas para estes poderem “desempenhar competentemente os seus cargos”. O que tem previsto?

Formação política e formação autárquica. Hoje em dia falamos muito da dificuldade dos partidos em atraírem as pessoas a participar. Mas o pior que podem fazer a alguém que teve a generosidade e sentido de serviço público de se inscrever num partido político é não dar as bases para uma participação efetiva a quem poderá vir a fazer parte de uma estrutura local. Por exemplo, explicar o que é suposto a estrutura local fazer, o que cada um dos cargos nessa estrutura deve fazer, como é que se intervém ao nível local, como é que se relaciona com as entidades da sociedade ao nível local, como é que se relaciona com as autarquias, com os média, com a utilização de ferramentas de comunicação, etc. Dar capacidades a quem se dirige a nós e teve esse ato de generosidade, que hoje em dia é cada vez mais raro, de se disponibilizar para uma participação política para que essa seja efetiva e não meramente formal. Do ponto de vista autárquico, para que os autarcas do CDS tenham as melhores condições possíveis para exercerem os mandatos, porque muitas vezes são pessoas que pela primeira vez exercem funções autárquicas ou estão sozinhos numa autarquia em representação do CDS e naturalmente têm de estar bem preparados para que a representação dos eleitos seja efetiva.

Essa preparação será crucial para as autárquicas de 2021?

Claramente. São as eleições deste círculo político e temos que as priorizar.

Em 2021, haverá também eleições presidenciais. Que outras figuras do centro-direita estará disponível para apoiar se não houver condições para apoiar Marcelo Rebelo de Sousa ou se ele não se quiser recandidatar?

São questões que só fazem sentido no quadro da discussão. A primeira questão é saber se o Presidente da República se candidata ou não, e depois ponderar, perante isso, se outras alternativas fazem sentido ser consideradas ou não. Qualquer nome ou até perfil que dissesse agora era completamente especulativo e contrariaria isto o que estou a dizer: o Conselho Nacional vai ser totalmente soberano.

Sem perguntar se o gostaria de ver como candidato presidencial, mas se o gostaria de ver como militante do CDS, como vê o regresso de Manuel Monteiro?

Sinceramente, o que desejava era que essa refiliação estivesse resolvida dentro do ciclo em que surgiu. Estava no partido quando o dr. Manuel Monteiro foi presidente, fui candidato em autárquicas e legislativas quando ele era presidente, conheço-o e, portanto, sendo eleito presidente espero que a questão já esteja resolvida. Se não estiver resolvida, não demorará muito tempo a resolver-se. Mas a primeira pessoa com quem terei de falar é com o dr. Manuel Monteiro, pois estas questões não se resolvem em entrevistas. Há um respeito pessoal que faz com que, se a questão ficar para o mandato seguinte, eu a tenha como prioritária e a esclareça, em primeiro lugar, com o dr. Manuel Monteiro.

Pode-se presumir que é favorável ao regresso?

Não. Pode-se ter a certeza que o dr. Manuel Monteiro será o primeiro a saber a minha opinião caso isso não esteja resolvido – e espero sinceramente que já esteja. Fazia sentido. Não tenho tido nenhuma intervenção nos órgãos do partido desde que decidi candidatar-me, pelo que não sei como é que o processo está.

Compreende que seja possível ver nisto um certo medo de afrontar o anterior líder do CDS-PP…

O meu primeiro discurso num congresso foi para afrontar o dr. Manuel Monteiro por discordar dele politicamente. Certamente não serei eu a ter medo de qualquer divergência. Já as tive no passado, já estive em muitas campanhas ao lado dele, já discordei e estive contra ele em congressos, e do meu ponto de vista a questão não se põe. Isto é muito claro: se isso estiver em aberto, quando for eleito presidente do partido falarei com o dr. Manuel Monteiro para esclarecer a questão e para a resolver.

Se for eleito o primeiro desafio eleitoral que terá pela frente são as regionais dos Açores. O entendimento a que o CDS chegou com o PSD na Madeira pode servir de modelo?

O CDS é profundamente autonomista. Aquilo que defendemos para o país praticamos no partido em termos institucionais. A estratégia eleitoral para as eleições regionais dos Açores serão definidas pelos órgãos do CDS-Açores. O que posso dizer é que me empenharei nessas eleições. De há muitos anos para cá sou o deputado na Assembleia da Republica que acompanha as questões da região autónoma dos Açores, pois o CDS não tem deputado eleito pela região autónoma. Se não estou em erro, nas três últimas eleições regionais estive no terreno a fazer campanha, conheço as nove ilhas dos Açores e todos os concelhos da região autónoma. Perante a definição estratégica do CDS-Açores, contarão com o presidente do partido e com o empenho de todo o partido nacional para a concretizarmos. Mas iremos respeitar a autonomia, até porque ainda haverá um congresso regional antes das eleições.

Vê condições para uma coligação pré-eleitoral entre o CDS e o PSD que ponha termo a 24 anos de governação socialista nos Açores?

Não quero condicionar essa decisão.

A polémica em torno da refiliação do ex-presidente do CDS-PP, Manuel Monteiro, que chegou a sair do partido para fundar a Nova Democracia, é algo que o deputado eleito por Aveiro e candidato à liderança no Congresso de 25 e 26 de janeiro gostaria de ver resolvida ainda pela direção de Assunção Cristas.

Na moção com que se candidata à liderança do CDS-PP, fala de uma “enorme carência” entre os eleitos para desempenhar cargos na estrutura do partido e sugere que sejam dadas bases formativas para estes poderem “desempenhar competentemente os seus cargos”. O que tem previsto?

Formação política e formação autárquica. Hoje em dia falamos muito da dificuldade dos partidos em atraírem as pessoas a participar. Mas o pior que podem fazer a alguém que teve a generosidade e sentido de serviço público de se inscrever num partido político é não dar as bases para uma participação efetiva a quem poderá vir a fazer parte de uma estrutura local. Por exemplo, explicar o que é suposto a estrutura local fazer, o que cada um dos cargos nessa estrutura deve fazer, como é que se intervém ao nível local, como é que se relaciona com as entidades da sociedade ao nível local, como é que se relaciona com as autarquias, com os média, com a utilização de ferramentas de comunicação, etc. Dar capacidades a quem se dirige a nós e teve esse ato de generosidade, que hoje em dia é cada vez mais raro, de se disponibilizar para uma participação política para que essa seja efetiva e não meramente formal. Do ponto de vista autárquico, para que os autarcas do CDS tenham as melhores condições possíveis para exercerem os mandatos, porque muitas vezes são pessoas que pela primeira vez exercem funções autárquicas ou estão sozinhos numa autarquia em representação do CDS e naturalmente têm de estar bem preparados para que a representação dos eleitos seja efetiva.

Essa preparação será crucial para as autárquicas de 2021?

Claramente. São as eleições deste círculo político e temos que as priorizar.

Em 2021, haverá também eleições presidenciais. Que outras figuras do centro-direita estará disponível para apoiar se não houver condições para apoiar Marcelo Rebelo de Sousa ou se ele não se quiser recandidatar?

São questões que só fazem sentido no quadro da discussão. A primeira questão é saber se o Presidente da República se candidata ou não, e depois ponderar, perante isso, se outras alternativas fazem sentido ser consideradas ou não. Qualquer nome ou até perfil que dissesse agora era completamente especulativo e contrariaria isto o que estou a dizer: o Conselho Nacional vai ser totalmente soberano.

Sem perguntar se o gostaria de ver como candidato presidencial, mas se o gostaria de ver como militante do CDS, como vê o regresso de Manuel Monteiro?

Sinceramente, o que desejava era que essa refiliação estivesse resolvida dentro do ciclo em que surgiu. Estava no partido quando o dr. Manuel Monteiro foi presidente, fui candidato em autárquicas e legislativas quando ele era presidente, conheço-o e, portanto, sendo eleito presidente espero que a questão já esteja resolvida. Se não estiver resolvida, não demorará muito tempo a resolver-se. Mas a primeira pessoa com quem terei de falar é com o dr. Manuel Monteiro, pois estas questões não se resolvem em entrevistas. Há um respeito pessoal que faz com que, se a questão ficar para o mandato seguinte, eu a tenha como prioritária e a esclareça, em primeiro lugar, com o dr. Manuel Monteiro.

Pode-se presumir que é favorável ao regresso?

Não. Pode-se ter a certeza que o dr. Manuel Monteiro será o primeiro a saber a minha opinião caso isso não esteja resolvido – e espero sinceramente que já esteja. Fazia sentido. Não tenho tido nenhuma intervenção nos órgãos do partido desde que decidi candidatar-me, pelo que não sei como é que o processo está.

Compreende que seja possível ver nisto um certo medo de afrontar o anterior líder do CDS-PP…

O meu primeiro discurso num congresso foi para afrontar o dr. Manuel Monteiro por discordar dele politicamente. Certamente não serei eu a ter medo de qualquer divergência. Já as tive no passado, já estive em muitas campanhas ao lado dele, já discordei e estive contra ele em congressos, e do meu ponto de vista a questão não se põe. Isto é muito claro: se isso estiver em aberto, quando for eleito presidente do partido falarei com o dr. Manuel Monteiro para esclarecer a questão e para a resolver.

Se for eleito o primeiro desafio eleitoral que terá pela frente são as regionais dos Açores. O entendimento a que o CDS chegou com o PSD na Madeira pode servir de modelo?

O CDS é profundamente autonomista. Aquilo que defendemos para o país praticamos no partido em termos institucionais. A estratégia eleitoral para as eleições regionais dos Açores serão definidas pelos órgãos do CDS-Açores. O que posso dizer é que me empenharei nessas eleições. De há muitos anos para cá sou o deputado na Assembleia da Republica que acompanha as questões da região autónoma dos Açores, pois o CDS não tem deputado eleito pela região autónoma. Se não estou em erro, nas três últimas eleições regionais estive no terreno a fazer campanha, conheço as nove ilhas dos Açores e todos os concelhos da região autónoma. Perante a definição estratégica do CDS-Açores, contarão com o presidente do partido e com o empenho de todo o partido nacional para a concretizarmos. Mas iremos respeitar a autonomia, até porque ainda haverá um congresso regional antes das eleições.

Vê condições para uma coligação pré-eleitoral entre o CDS e o PSD que ponha termo a 24 anos de governação socialista nos Açores?

Não quero condicionar essa decisão.

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