09-06-2020
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Quando, na passada terça-feira, dia 2 de junho, Catarina Martins entrou na sala de conferências de imprensa na sede do Bloco de Esquerda, em Lisboa, e olhou para os jornalistas à sua volta, deixou escapar um desabafo: “Finalmente, uma conferência de imprensa desconfinada!”. Com mais jornalistas na sala do que os que ali foram marcando presença nos últimos meses, e com apenas uma pergunta a ser feita por videoconferência, deu para perceber que os tempos já começavam a ser outros. A pouco e pouco, o edifício da Rua da Palma volta a ganhar vida.

Na receção, já há quem nos indique o caminho: para cima, pelas escadas, virar à esquerda. Não sem antes passarmos por vários dispensadores de álcool gel colocados no caminho. Naquela manhã, a coordenadora do Bloco de Esquerda entrou na sede do partido com a máscara posta, que manteve durante o tempo em que esteve a trocar dois dedos de conversa com os funcionários, e só a tirou quando chegou à sua sala, onde esteve breves instantes a ultimar o discurso. Quando chegou junto dos jornalistas já estava sem máscara. Tudo de acordo com as regras repetidas pela Direção-Geral de Saúde.

“Quem pode estar em teletrabalho ainda está, mas há um conjunto de atividades, como na receção, por exemplo, que já se fazem presencialmente. Sem saber precisar, diria que é mais ou menos 50/50“, afirma ao Observador o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, que diz que a filosofia no partido é semelhante na organização do grupo parlamentar: os assessores que não têm “obrigação específica” para estar na reunião ‘a’ ou ‘b’ não estão presencialmente na Assembleia da República, estando antes em teletrabalho, que continua a ser a modalidade privilegiada no seio do Bloco.

Mesa Nacional fã do Zoom. Reuniões mistas, e comícios só virtuais

Não há um manual ou um documento escrito que dite as regras do desconfinamento do partido, mas o bom senso tem apontado para um modelo “misto” de reuniões. Se, no passado dia 18 de abril, em pleno período de estado de emergência e de confinamento recomendado, Catarina Martins dava conta, no Twitter, do facto de o BE ter realizado a sua primeira reunião da Mesa Nacional, órgão máximo entre Convenções, inteiramente virtual, este domingo a experiência repetiu-se nos mesmos moldes apesar de as circunstâncias já terem mudado.

Na altura, estiveram 76 pessoas num mesmo ecrã (são 80 os membros da Mesa Nacional, mas faltaram quatro), tendo sido a gestão do “on e off” feita pela ‘mesa’ que gere os trabalhos, tal e qual como se a reunião tivesse sido presencial. Apesar da aparente dificuldade, Catarina Martins chegou a garantir que foi possível “fazer um bom debate”. O sucesso do método foi tal que, este domingo, o evento repetiu-se. Com uma diferença: a coordenadora do BE não estava em casa, mas sim na sede do Bloco de Esquerda, onde fez depois uma conferência de imprensa para dar conta das principais conclusões da reunião da direção alargada bloquista, dedicada ao Orçamento Suplementar.

show more

Mas se a Mesa Nacional se continua a reunir de forma 100% virtual, o mesmo não acontece com outros órgãos de direção do partido. “Os órgãos de direção mais pequenos, como o secretariado, já têm tido uma participação mista, ou seja, com parte dos membros numa mesma sala, respeitando as normas sanitárias, e outros em videoconferência”, explica Pedro Filipe Soares, notando que as reuniões da bancada parlamentar, que coordena, já têm sido feitas presencialmente, na periodicidade habitual, de 15 em 15 dias, mas sem a totalidade dos assessores parlamentares que estariam presentes em tempos pré-pandemia.

Ou seja, desconfinar, sim, mas com regras. Este posicionamento do Bloco de Esquerda face à pandemia já fez com que o partido desistisse de realizar o habitual Fórum Socialismo, uma espécie de escola bloquista com debates e sessões que marcam a rentrée do partido, no início de setembro. “O Socialismo era sempre realizado em escolas, com convidados, com debates, e cancelámos. Não se vai realizar nada nesses termos, e não está prevista nenhuma iniciativa desta envergadura em setembro“, disse ao Observador o líder parlamentar e dirigente bloquista, numa afirmação que contrasta com as decisões que estão a ser tomadas pelo PCP, por exemplo, que já deu luz verde para a realização da habitual Festa do Avante, em setembro, e que este domingo realizou um comício de grandes dimensões no Parque Eduardo VII, em Lisboa, região do país que está mais atrasada no processo de desconfinamento devido ao aumento do número de casos.

Quanto ao PCP, os bloquistas não comentam. Mas no BE, é seguro afirmar que tão cedo não haverá comícios. A haver, serão comícios virtuais. Mas nem isso é certo. “Não estamos ainda em condições de fazer eventos com muitas pessoas”, diz Pedro Filipe Soares, deixando escapar que não está ainda totalmente descartada a hipótese de o BE realizar um “comício virtual”, que chegou a ser equacionado mas a ideia não chegou a sair do papel. Talvez ainda venha a sair. “Não descartamos a ideia”, diz.

De casa para a rua: as manifestações estão de volta

Uma coisa é o partido organizar grandes ajuntamentos, outra é os dirigentes partidários marcarem presença em eventos como manifestações, protestos ou visitas no terreno: isso já arrancou. Este sábado, por exemplo, Catarina Martins e a deputada Beatriz Gomes estiveram presentes no protesto contra o racismo que arrancou na Alameda, em Lisboa, e dois dias antes, também outros deputados como Mariana Mortágua, tinham estado no Rossio a apoiar a manifestação do setor cultural “Parados, Nunca Calados”.

Quando, na passada terça-feira, dia 2 de junho, Catarina Martins entrou na sala de conferências de imprensa na sede do Bloco de Esquerda, em Lisboa, e olhou para os jornalistas à sua volta, deixou escapar um desabafo: “Finalmente, uma conferência de imprensa desconfinada!”. Com mais jornalistas na sala do que os que ali foram marcando presença nos últimos meses, e com apenas uma pergunta a ser feita por videoconferência, deu para perceber que os tempos já começavam a ser outros. A pouco e pouco, o edifício da Rua da Palma volta a ganhar vida.

Na receção, já há quem nos indique o caminho: para cima, pelas escadas, virar à esquerda. Não sem antes passarmos por vários dispensadores de álcool gel colocados no caminho. Naquela manhã, a coordenadora do Bloco de Esquerda entrou na sede do partido com a máscara posta, que manteve durante o tempo em que esteve a trocar dois dedos de conversa com os funcionários, e só a tirou quando chegou à sua sala, onde esteve breves instantes a ultimar o discurso. Quando chegou junto dos jornalistas já estava sem máscara. Tudo de acordo com as regras repetidas pela Direção-Geral de Saúde.

“Quem pode estar em teletrabalho ainda está, mas há um conjunto de atividades, como na receção, por exemplo, que já se fazem presencialmente. Sem saber precisar, diria que é mais ou menos 50/50“, afirma ao Observador o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, que diz que a filosofia no partido é semelhante na organização do grupo parlamentar: os assessores que não têm “obrigação específica” para estar na reunião ‘a’ ou ‘b’ não estão presencialmente na Assembleia da República, estando antes em teletrabalho, que continua a ser a modalidade privilegiada no seio do Bloco.

Mesa Nacional fã do Zoom. Reuniões mistas, e comícios só virtuais

Não há um manual ou um documento escrito que dite as regras do desconfinamento do partido, mas o bom senso tem apontado para um modelo “misto” de reuniões. Se, no passado dia 18 de abril, em pleno período de estado de emergência e de confinamento recomendado, Catarina Martins dava conta, no Twitter, do facto de o BE ter realizado a sua primeira reunião da Mesa Nacional, órgão máximo entre Convenções, inteiramente virtual, este domingo a experiência repetiu-se nos mesmos moldes apesar de as circunstâncias já terem mudado.

Na altura, estiveram 76 pessoas num mesmo ecrã (são 80 os membros da Mesa Nacional, mas faltaram quatro), tendo sido a gestão do “on e off” feita pela ‘mesa’ que gere os trabalhos, tal e qual como se a reunião tivesse sido presencial. Apesar da aparente dificuldade, Catarina Martins chegou a garantir que foi possível “fazer um bom debate”. O sucesso do método foi tal que, este domingo, o evento repetiu-se. Com uma diferença: a coordenadora do BE não estava em casa, mas sim na sede do Bloco de Esquerda, onde fez depois uma conferência de imprensa para dar conta das principais conclusões da reunião da direção alargada bloquista, dedicada ao Orçamento Suplementar.

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Mas se a Mesa Nacional se continua a reunir de forma 100% virtual, o mesmo não acontece com outros órgãos de direção do partido. “Os órgãos de direção mais pequenos, como o secretariado, já têm tido uma participação mista, ou seja, com parte dos membros numa mesma sala, respeitando as normas sanitárias, e outros em videoconferência”, explica Pedro Filipe Soares, notando que as reuniões da bancada parlamentar, que coordena, já têm sido feitas presencialmente, na periodicidade habitual, de 15 em 15 dias, mas sem a totalidade dos assessores parlamentares que estariam presentes em tempos pré-pandemia.

Ou seja, desconfinar, sim, mas com regras. Este posicionamento do Bloco de Esquerda face à pandemia já fez com que o partido desistisse de realizar o habitual Fórum Socialismo, uma espécie de escola bloquista com debates e sessões que marcam a rentrée do partido, no início de setembro. “O Socialismo era sempre realizado em escolas, com convidados, com debates, e cancelámos. Não se vai realizar nada nesses termos, e não está prevista nenhuma iniciativa desta envergadura em setembro“, disse ao Observador o líder parlamentar e dirigente bloquista, numa afirmação que contrasta com as decisões que estão a ser tomadas pelo PCP, por exemplo, que já deu luz verde para a realização da habitual Festa do Avante, em setembro, e que este domingo realizou um comício de grandes dimensões no Parque Eduardo VII, em Lisboa, região do país que está mais atrasada no processo de desconfinamento devido ao aumento do número de casos.

Quanto ao PCP, os bloquistas não comentam. Mas no BE, é seguro afirmar que tão cedo não haverá comícios. A haver, serão comícios virtuais. Mas nem isso é certo. “Não estamos ainda em condições de fazer eventos com muitas pessoas”, diz Pedro Filipe Soares, deixando escapar que não está ainda totalmente descartada a hipótese de o BE realizar um “comício virtual”, que chegou a ser equacionado mas a ideia não chegou a sair do papel. Talvez ainda venha a sair. “Não descartamos a ideia”, diz.

De casa para a rua: as manifestações estão de volta

Uma coisa é o partido organizar grandes ajuntamentos, outra é os dirigentes partidários marcarem presença em eventos como manifestações, protestos ou visitas no terreno: isso já arrancou. Este sábado, por exemplo, Catarina Martins e a deputada Beatriz Gomes estiveram presentes no protesto contra o racismo que arrancou na Alameda, em Lisboa, e dois dias antes, também outros deputados como Mariana Mortágua, tinham estado no Rossio a apoiar a manifestação do setor cultural “Parados, Nunca Calados”.

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