Governo abriu a porta a mais vagas nos cursos de Medicina. Faculdades e Conselho de Escolas Médicas não querem

27-06-2020
marcar artigo

Pela primeira vez numa década, as faculdades de Medicina vão poder aumentar o número de vagas no próximo ano letivo, de acordo com um despacho orientador publicado na segunda-feira em Diário da República. O Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP), contudo, está contra esta decisão. Os diretores da Faculdades onde é lecionado o curso também, revela o “Público” esta quarta-feira.

Por via de um comunicado, o CEMP já veio manifestar "a sua discórdia e estupefação" relativamente ao despacho das regras para a fixação de vagas no Ensino Superior para o próximo ano letivo.

O Conselho de Escolas Médicas Portuguesas diz que, em 29 de maio, enviou uma carta aberta ao ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, pedindo para ser consultado com o intuito de "esclarecer a tutela sobre as muitas especificidades" que a lecionação da Medicina tem.

"Infelizmente tal nunca aconteceu, tendo o ministro implicitamente declinado o nosso convite. Manifestamos, pois, a nossa estranheza e profundo desagrado pelo facto de o CEMP ter sido sistematicamente ignorado, nomeadamente no que respeita a alguns aspectos tão básicos, como seja, quanto à existência, ou não, de condições de acolhimento deste excedente" de estudantes nas faculdades, prossegue a nota.

O comunicado refere também que "o aumento do número de alunos, a verificar-se, iria naturalmente degradar a qualidade do ensino, sobretudo nas vertentes clínicas, dada a manifesta incapacidade de cumprir rácios aceitáveis".

Em declarações ao “Público”, o director da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Carlos Robalo Cordeiro, confessou estar “estupefacto” com o despacho do Governo. As escolas médicas “já estão no limite”, disse, e garantiu não estar disposto a aumentar as entradas no próximo ano lectivo.

O director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Altamiro da Costa Pereira, revelou também a mesma posição. “Não vale a pena. Estaríamos a formar pessoas que iriam emigrar, ficar desempregadas, ou ser exploradas, escravizadas”, disse.

No ano passado, os cursos de Medicina ficaram excluídos das novas orientações para abertura e fecho de vagas, mantendo-se o mesmo 'numerus clausus'. Todavia, o despacho para 2020-2021 autoriza as instituições a aumentarem o número de vagas até 15% e estabelece uma obrigação de assegurar, no mínimo, a manutenção dos mesmos lugares.

A nova orientação aplica-se a todas as instituições, incluindo aquelas sediadas em Lisboa e Porto, para as quais são fixadas regras diferentes noutros cursos, à semelhança do despacho anterior, que dividia já o país em três regiões em termos de acesso.

Nas duas maiores cidades do país, as universidades e institutos politécnicos devem reduzir o número de vagas em, pelo menos, 10% face ao ano anterior nos cursos com menor procura.

Por outro lado, todos os cursos em que a procura por parte de alunos considerados de excelência - com média igual ou superior a 17 valores - exceda o número de vagas devem aumentar a oferta em pelo menos 15%, e até a um limite de 20%, uma regra que se aplica a todas as zonas do país.

Pela primeira vez numa década, as faculdades de Medicina vão poder aumentar o número de vagas no próximo ano letivo, de acordo com um despacho orientador publicado na segunda-feira em Diário da República. O Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP), contudo, está contra esta decisão. Os diretores da Faculdades onde é lecionado o curso também, revela o “Público” esta quarta-feira.

Por via de um comunicado, o CEMP já veio manifestar "a sua discórdia e estupefação" relativamente ao despacho das regras para a fixação de vagas no Ensino Superior para o próximo ano letivo.

O Conselho de Escolas Médicas Portuguesas diz que, em 29 de maio, enviou uma carta aberta ao ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, pedindo para ser consultado com o intuito de "esclarecer a tutela sobre as muitas especificidades" que a lecionação da Medicina tem.

"Infelizmente tal nunca aconteceu, tendo o ministro implicitamente declinado o nosso convite. Manifestamos, pois, a nossa estranheza e profundo desagrado pelo facto de o CEMP ter sido sistematicamente ignorado, nomeadamente no que respeita a alguns aspectos tão básicos, como seja, quanto à existência, ou não, de condições de acolhimento deste excedente" de estudantes nas faculdades, prossegue a nota.

O comunicado refere também que "o aumento do número de alunos, a verificar-se, iria naturalmente degradar a qualidade do ensino, sobretudo nas vertentes clínicas, dada a manifesta incapacidade de cumprir rácios aceitáveis".

Em declarações ao “Público”, o director da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Carlos Robalo Cordeiro, confessou estar “estupefacto” com o despacho do Governo. As escolas médicas “já estão no limite”, disse, e garantiu não estar disposto a aumentar as entradas no próximo ano lectivo.

O director da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Altamiro da Costa Pereira, revelou também a mesma posição. “Não vale a pena. Estaríamos a formar pessoas que iriam emigrar, ficar desempregadas, ou ser exploradas, escravizadas”, disse.

No ano passado, os cursos de Medicina ficaram excluídos das novas orientações para abertura e fecho de vagas, mantendo-se o mesmo 'numerus clausus'. Todavia, o despacho para 2020-2021 autoriza as instituições a aumentarem o número de vagas até 15% e estabelece uma obrigação de assegurar, no mínimo, a manutenção dos mesmos lugares.

A nova orientação aplica-se a todas as instituições, incluindo aquelas sediadas em Lisboa e Porto, para as quais são fixadas regras diferentes noutros cursos, à semelhança do despacho anterior, que dividia já o país em três regiões em termos de acesso.

Nas duas maiores cidades do país, as universidades e institutos politécnicos devem reduzir o número de vagas em, pelo menos, 10% face ao ano anterior nos cursos com menor procura.

Por outro lado, todos os cursos em que a procura por parte de alunos considerados de excelência - com média igual ou superior a 17 valores - exceda o número de vagas devem aumentar a oferta em pelo menos 15%, e até a um limite de 20%, uma regra que se aplica a todas as zonas do país.

marcar artigo