Mário Soares ao i. “Sócrates não quer voltar à política”

05-12-2019
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O ex-presidente da República Mário Soares foi um dos primeiros apoiantes da candidatura de António Costa às primárias do PS. Em entrevista ao i, Mário Soares não acredita que a eleição de Costa implique o regresso de Sócrates à primeira linha da política. "Acho que não é isso que quer fazer, mas sim o seu doutoramento", afirma. Soares faz também duras críticas ao governo e ao Banco de Portugal no caso do Banco Espírito Santo. Acha que "o Banco de Portugal tem imensas culpas e que a sua gestão devia ter sido modificada". Sobre os recentes acontecimentos que envolvem o primeiro-ministro, Soares defende que "é o momento" de Passos abandonar o governo.

Agora que António Costa venceu as primárias do PS, o que é que, na opinião do Sr. Dr. deve mudar no PS em relação aos últimos tempos de António José Seguro? António Costa consultou-o antes de avançar...

Obviamente que não me consultou.

Escreveu que António José Seguro saiu do cargo "com muita dignidade". Acha que a carreira política de Seguro acabou ou pode vir a ter qualquer outro papel no PS? O que é que pode agora ser Seguro no PS?

É verdade, teve muita dignidade.

O seu filho João Soares recusou avançar contra António Costa no próximo congresso. Fez bem?

O meu filho fez o que entendeu fazer. Sempre procedemos assim.

António Costa vai integrar nas listas que vão sair do congresso 30 por cento de apoiantes de António José Seguro. Concorda?

Não tenho que concordar ou não.

Acha que o PS vai ser rápido a sarar as feridas que ficaram abertas nestas primárias?

Concerteza. Mas a verdade é que não chegou a haver feridas.

Com António Costa vai chegar agora ao poder no PS uma jovem geração de quadros, de quem sempre gostou. Acha que essa geração, onde está Pedro Nuno Santos, Pedro Delgado Alves e João Galamba, que estão à esquerda de António Costa, pode influenciar uma viragem à esquerda do PS?

Gosto especialmente de todos os citados.

É amigo de José Sócrates. Acha que Sócrates deve voltar à política ao lado de António Costa?

É verdade. Sou velho amigo de Sócrates. Acho que não é isso que quer fazer. Mas sim o seu doutoramento.

Como vê o regresso de Ferro Rodrigues à primeira linha? Ferro demitiu-se de secretário-geral há 10 anos depois de uma vitória eleitoral, porque Jorge Sampaio recusou convocar eleições antecipadas e aceitou empossar Santana Lopes.

Com toda a simpatia.

Quem é que deveria ser o candidato a Presidente da República do PS?

Logo se verá quando as eleições forem marcadas.

Tem apelado várias vezes à demissão do governo. Acredita que é agora que isso vai acontecer?

Acho realmente que é o momento. Quanto mais tempo passar pior...

Recentemente, num programa da RTP, afirmou que quando Ricardo Salgado falar, e admitiu que ele "vai falar", "as coisas vão ficar de outra maneira". Estava a falar concretamente de quê?

Ricardo Salgado, de quem sou amigo, está calado e muito bem.

Porque é que criticou o governo no caso BES?

Pela maneira como se começou a pôr em causa um banco que se deveria ter preservado.

E o Banco de Portugal?

Tem imensas culpas e a sua gestão já devia ter sido modificada.

Mas o caso BES não é mais uma prova de que a banca, cuja "ganância" tanto tem criticado, vive em roda livre?

A família de Ricardo Salgado teve grandes culpas no cartório. E só agora percebeu que perdeu muito com o que fez.

Como comenta a notícia do i de que a família Espírito Santo recebeu 5 milhões de euros de comissões nos negócios dos submarinos?

Não sabia. Mas o caso dos submarinos ainda vai ser melhor conhecido.

Dr. Mário Soares, o que espera da nova comissão europeia liderada por Jean-Claude Juncker?

Tenho muita simpatia e respeito por Jean-Claude Juncker. E tenho confiança nele.

O que tem achado das últimas iniciativas do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi?

Acho que essas iniciativas de Mario Draghi são interessantes e não esqueço que o número dois é o meu compatriota e amigo, Vítor Constâncio.

E o que pensa da situação tão crítica do primeiro-ministro?

O primeiro-ministro é uma pessoa inteligente, sem dúvida. Mas é o momento de sair do governo, que tanto destruiu Portugal.

O ex-presidente da República Mário Soares foi um dos primeiros apoiantes da candidatura de António Costa às primárias do PS. Em entrevista ao i, Mário Soares não acredita que a eleição de Costa implique o regresso de Sócrates à primeira linha da política. "Acho que não é isso que quer fazer, mas sim o seu doutoramento", afirma. Soares faz também duras críticas ao governo e ao Banco de Portugal no caso do Banco Espírito Santo. Acha que "o Banco de Portugal tem imensas culpas e que a sua gestão devia ter sido modificada". Sobre os recentes acontecimentos que envolvem o primeiro-ministro, Soares defende que "é o momento" de Passos abandonar o governo.

Agora que António Costa venceu as primárias do PS, o que é que, na opinião do Sr. Dr. deve mudar no PS em relação aos últimos tempos de António José Seguro? António Costa consultou-o antes de avançar...

Obviamente que não me consultou.

Escreveu que António José Seguro saiu do cargo "com muita dignidade". Acha que a carreira política de Seguro acabou ou pode vir a ter qualquer outro papel no PS? O que é que pode agora ser Seguro no PS?

É verdade, teve muita dignidade.

O seu filho João Soares recusou avançar contra António Costa no próximo congresso. Fez bem?

O meu filho fez o que entendeu fazer. Sempre procedemos assim.

António Costa vai integrar nas listas que vão sair do congresso 30 por cento de apoiantes de António José Seguro. Concorda?

Não tenho que concordar ou não.

Acha que o PS vai ser rápido a sarar as feridas que ficaram abertas nestas primárias?

Concerteza. Mas a verdade é que não chegou a haver feridas.

Com António Costa vai chegar agora ao poder no PS uma jovem geração de quadros, de quem sempre gostou. Acha que essa geração, onde está Pedro Nuno Santos, Pedro Delgado Alves e João Galamba, que estão à esquerda de António Costa, pode influenciar uma viragem à esquerda do PS?

Gosto especialmente de todos os citados.

É amigo de José Sócrates. Acha que Sócrates deve voltar à política ao lado de António Costa?

É verdade. Sou velho amigo de Sócrates. Acho que não é isso que quer fazer. Mas sim o seu doutoramento.

Como vê o regresso de Ferro Rodrigues à primeira linha? Ferro demitiu-se de secretário-geral há 10 anos depois de uma vitória eleitoral, porque Jorge Sampaio recusou convocar eleições antecipadas e aceitou empossar Santana Lopes.

Com toda a simpatia.

Quem é que deveria ser o candidato a Presidente da República do PS?

Logo se verá quando as eleições forem marcadas.

Tem apelado várias vezes à demissão do governo. Acredita que é agora que isso vai acontecer?

Acho realmente que é o momento. Quanto mais tempo passar pior...

Recentemente, num programa da RTP, afirmou que quando Ricardo Salgado falar, e admitiu que ele "vai falar", "as coisas vão ficar de outra maneira". Estava a falar concretamente de quê?

Ricardo Salgado, de quem sou amigo, está calado e muito bem.

Porque é que criticou o governo no caso BES?

Pela maneira como se começou a pôr em causa um banco que se deveria ter preservado.

E o Banco de Portugal?

Tem imensas culpas e a sua gestão já devia ter sido modificada.

Mas o caso BES não é mais uma prova de que a banca, cuja "ganância" tanto tem criticado, vive em roda livre?

A família de Ricardo Salgado teve grandes culpas no cartório. E só agora percebeu que perdeu muito com o que fez.

Como comenta a notícia do i de que a família Espírito Santo recebeu 5 milhões de euros de comissões nos negócios dos submarinos?

Não sabia. Mas o caso dos submarinos ainda vai ser melhor conhecido.

Dr. Mário Soares, o que espera da nova comissão europeia liderada por Jean-Claude Juncker?

Tenho muita simpatia e respeito por Jean-Claude Juncker. E tenho confiança nele.

O que tem achado das últimas iniciativas do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi?

Acho que essas iniciativas de Mario Draghi são interessantes e não esqueço que o número dois é o meu compatriota e amigo, Vítor Constâncio.

E o que pensa da situação tão crítica do primeiro-ministro?

O primeiro-ministro é uma pessoa inteligente, sem dúvida. Mas é o momento de sair do governo, que tanto destruiu Portugal.

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