Temido voltou a ser destemida

23-06-2020
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Marta Temido, hoje, visivelmente irritada, preocupada, nitidamente sem o controlo da situação da pandemia em Lisboa e Vale do Tejo, e já agora no Algarve, voltou a ser a ministra da Saúde, aquela que teve um desempenho notável no início da crise. Depois, tal como o Governo, e DGS, perdeu-se na euforia do faz de conta, que o PR desaconselhou no 10 de Junho. Agora, tarde e a más horas, diz que «é o momento de pôr os pés na terra e não pensar que está tudo adquirido. Porque não está». Pois não, dra Marta Temido, nunca esteve. Ainda bem que voltou à nossa pequena e trágica realidade.

A culpa é dos portugueses? Era só o que faltava. É inegável que fizeram de conta que a pandemia estava controlada em Lisboa e Vale do Tejo, mas quem criou esse mito, esse fingimento, essa peça de teatro foi a ministra da Saúde, a diretora-geral de Saúde, o Governo e, naturalmente, o PM. A mensagem foi esta, e repetida vezes sem conta: façam de conta que já não pandemia, é apenas um surtozinho, ou uma reação tardia. Não foi assim? Não foi por causa desse estado de espírito, ligeiro, que as pessoas começaram a despreocupar-se? A não ligar? A não conter?

Dizer agora, com vigor, e cheia de razão, que «não há Estado nenhum que consiga fazer aquilo que é só responsabilidade dos indivíduos» é tarde e descabido. Neste caso, ironicamente, o Governo não pode, nem deve lavar as mãos. Culpar os outros. Mostrar-se muito indignado, e a exigir explicações, quando umas dezenas de países colocam Portugal no vermelho. A evitar. A não contatar. A recusar.

O erro primário, na verdade, foi a teimosia incontrolada de querer queimar passos numa pandemia, quando se sabia que esse não era o melhor protocolo em saúde pública. E muito menos numa região que tem 3,6 milhões de habitantes, a que se juntam centenas de milhar, todos os dias, que circulam de Norte a Sul. A única medida razoável, cientificamente validada, era desconfinar por regiões, e na exata medida de indicadores científicos positivos e seguros. Tudo o resto era uma irresponsabilidade. Uma fantasia. Um otimismo irreal.

É melhor repetir, para que fique muito claro: foi o Governo, aconselhado pela ministra da Saúde, mais a DGS, técnicos e cientistas, que gerou esse movimento de abertura generalizada, e sentimento de descontração nacional. De fim de pandemia. De controlo total da situação. De regresso à festa. De dado adquirido. Sobre isto não há volta a dar. Ou história a reescrever.

Mas no meio disto, há uma notícia muito positiva: temos de volta a ministra da Saúde. A que conhecemos em Março. É bom que não desapareça.

Marta Temido, hoje, visivelmente irritada, preocupada, nitidamente sem o controlo da situação da pandemia em Lisboa e Vale do Tejo, e já agora no Algarve, voltou a ser a ministra da Saúde, aquela que teve um desempenho notável no início da crise. Depois, tal como o Governo, e DGS, perdeu-se na euforia do faz de conta, que o PR desaconselhou no 10 de Junho. Agora, tarde e a más horas, diz que «é o momento de pôr os pés na terra e não pensar que está tudo adquirido. Porque não está». Pois não, dra Marta Temido, nunca esteve. Ainda bem que voltou à nossa pequena e trágica realidade.

A culpa é dos portugueses? Era só o que faltava. É inegável que fizeram de conta que a pandemia estava controlada em Lisboa e Vale do Tejo, mas quem criou esse mito, esse fingimento, essa peça de teatro foi a ministra da Saúde, a diretora-geral de Saúde, o Governo e, naturalmente, o PM. A mensagem foi esta, e repetida vezes sem conta: façam de conta que já não pandemia, é apenas um surtozinho, ou uma reação tardia. Não foi assim? Não foi por causa desse estado de espírito, ligeiro, que as pessoas começaram a despreocupar-se? A não ligar? A não conter?

Dizer agora, com vigor, e cheia de razão, que «não há Estado nenhum que consiga fazer aquilo que é só responsabilidade dos indivíduos» é tarde e descabido. Neste caso, ironicamente, o Governo não pode, nem deve lavar as mãos. Culpar os outros. Mostrar-se muito indignado, e a exigir explicações, quando umas dezenas de países colocam Portugal no vermelho. A evitar. A não contatar. A recusar.

O erro primário, na verdade, foi a teimosia incontrolada de querer queimar passos numa pandemia, quando se sabia que esse não era o melhor protocolo em saúde pública. E muito menos numa região que tem 3,6 milhões de habitantes, a que se juntam centenas de milhar, todos os dias, que circulam de Norte a Sul. A única medida razoável, cientificamente validada, era desconfinar por regiões, e na exata medida de indicadores científicos positivos e seguros. Tudo o resto era uma irresponsabilidade. Uma fantasia. Um otimismo irreal.

É melhor repetir, para que fique muito claro: foi o Governo, aconselhado pela ministra da Saúde, mais a DGS, técnicos e cientistas, que gerou esse movimento de abertura generalizada, e sentimento de descontração nacional. De fim de pandemia. De controlo total da situação. De regresso à festa. De dado adquirido. Sobre isto não há volta a dar. Ou história a reescrever.

Mas no meio disto, há uma notícia muito positiva: temos de volta a ministra da Saúde. A que conhecemos em Março. É bom que não desapareça.

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