Debaixo do Bulcão: Molero em Cacilhas

05-03-2020
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´Requiem para Dinis MachadoNaquele fim de tarde,Molero engalanou-se e atravessou o rio,Inebriado pelo convite de um amigo,Que lhe prometera muita “palheta”, belos petiscos,E claro, um dos melhores tintos da Margem Sul...Molero deixou o Cais de Sodré,Numa das barcas grandes mistasQue furavam as águas do rio.Viajou no convés, povoado de carros,Com uma cigarrilha no canto da bocaEntretido a fabricar nuvens à voltaDos seus olhos sonhadores, presos ao Tejo,Que dançava uma valsa lenta com o Vento.Ele não sabia,Mas Cacilhas esperava-o, envaidecida,Queria muito saber o que dizia Molero,Daquela “pomada” e dos enchidos caseiros.E Molero disse tanto,Apenas com o olhar luminoso.O sorriso de bom malandro iluminou-se,Quando foi confundido com o Machado da AdegaE não com o Mcshade dos livros,Ambos figuras de cartaz do Bairro Alto.De tantos amores, tantas vezes indelicados...Os copos enchiam-se e as personagens chegavam e sentavam-se,Enleadas com o decorrer daquele filme,Ainda com a beleza dos tons a cinzento.Antes de apanhar o último barco,Molero ainda escutou dois fados castiçosE falou da poesia que inunda as ruas,Na companhia de Borges e de Pessoa...Depois despediu-se,Sem ter de fazer o quatroE sem voltar a olhar para trás,Como extraordinário fixador que era,De filmes e livros policiais.Já dentro da barca,Acendeu uma cigarrilha no convésE ficou a conversar com as estrelas,Com a cumplicidade do Tejo e das marés...Luís Milheirohttp://casariodoginjal.blogspot.com/Debaixo do Bulcão poezineNúmero 34 - Almada, Outubro 2008(Fotografia de Rui Tavareshttp://fotografiacriativaruitavares.blogspot.com/- Cais do Ginjal, Cacilhas, Almada)


´Requiem para Dinis MachadoNaquele fim de tarde,Molero engalanou-se e atravessou o rio,Inebriado pelo convite de um amigo,Que lhe prometera muita “palheta”, belos petiscos,E claro, um dos melhores tintos da Margem Sul...Molero deixou o Cais de Sodré,Numa das barcas grandes mistasQue furavam as águas do rio.Viajou no convés, povoado de carros,Com uma cigarrilha no canto da bocaEntretido a fabricar nuvens à voltaDos seus olhos sonhadores, presos ao Tejo,Que dançava uma valsa lenta com o Vento.Ele não sabia,Mas Cacilhas esperava-o, envaidecida,Queria muito saber o que dizia Molero,Daquela “pomada” e dos enchidos caseiros.E Molero disse tanto,Apenas com o olhar luminoso.O sorriso de bom malandro iluminou-se,Quando foi confundido com o Machado da AdegaE não com o Mcshade dos livros,Ambos figuras de cartaz do Bairro Alto.De tantos amores, tantas vezes indelicados...Os copos enchiam-se e as personagens chegavam e sentavam-se,Enleadas com o decorrer daquele filme,Ainda com a beleza dos tons a cinzento.Antes de apanhar o último barco,Molero ainda escutou dois fados castiçosE falou da poesia que inunda as ruas,Na companhia de Borges e de Pessoa...Depois despediu-se,Sem ter de fazer o quatroE sem voltar a olhar para trás,Como extraordinário fixador que era,De filmes e livros policiais.Já dentro da barca,Acendeu uma cigarrilha no convésE ficou a conversar com as estrelas,Com a cumplicidade do Tejo e das marés...Luís Milheirohttp://casariodoginjal.blogspot.com/Debaixo do Bulcão poezineNúmero 34 - Almada, Outubro 2008(Fotografia de Rui Tavareshttp://fotografiacriativaruitavares.blogspot.com/- Cais do Ginjal, Cacilhas, Almada)

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