A vez da Maria: Rumo ao Sul (2)

19-06-2020
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(Salvador Dali)

Chegara ao Sul. Ao contrário do que esperava o céu não azulara e o vento, sempre louco, punha em reboliço o vestido vermelho, sem que pudesse, sequer, imitar a pose sexy de Marilyn Monroe, com os vasos de tulipas amarelas numa mão, enquanto a outra apertava ao peito o xaile preto, dedos cerrados em volta do punho lavrado da adaga de prata, lábios coloridos pelo batôn.

Perseguira-a a imensa fadiga que a levara a partir com tudo menos coisas de préstimo. Pensando bem, o vestido, o xaile, as botas de montar, os vasos de tulipas, o batôn e a adaga eram, de facto, uma lista. Uma lista tão imprestável quanto ela. Ainda assim, voltou atrás, abriu a mala do carro, e arrastou, a custo, a rede que um dia destinara pendurar em dois coqueiros.

(Salvador Dali)

Chegara ao Sul. Ao contrário do que esperava o céu não azulara e o vento, sempre louco, punha em reboliço o vestido vermelho, sem que pudesse, sequer, imitar a pose sexy de Marilyn Monroe, com os vasos de tulipas amarelas numa mão, enquanto a outra apertava ao peito o xaile preto, dedos cerrados em volta do punho lavrado da adaga de prata, lábios coloridos pelo batôn.

Perseguira-a a imensa fadiga que a levara a partir com tudo menos coisas de préstimo. Pensando bem, o vestido, o xaile, as botas de montar, os vasos de tulipas, o batôn e a adaga eram, de facto, uma lista. Uma lista tão imprestável quanto ela. Ainda assim, voltou atrás, abriu a mala do carro, e arrastou, a custo, a rede que um dia destinara pendurar em dois coqueiros.

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