Contos da Rosa: Nanocontos

21-06-2020
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Ele
caiu em si e nunca mais se levantou.

* * *

Tinha
fome de Glória! Devorou-a. Depois, sem ela, acabou morrendo de inanição.

* * *

Apressado, cortou caminho por um beco de má fama, e
não chegou do outro lado.

* * *

Passou
a ter fortes dores nas costas. Fez todo tipo de exame e não descobriu o motivo.
Um dia, pode jurar ter visto no espelho um vulto sobrenatural pendurado em seus
ombros. Estarrecido, compreendeu o motivo das dores nas costas.

* * *

Anastácia
tomou remédio para não roer mais as unhas. E deu certo! Alguns dias depois, uma
a uma, suas belas unhas começaram a cair.

* * *

Morava
há anos numa casa assombrada, sem saber. Certa noite, acordou cercado por
figuras fantasmagóricas e foi puxado pelos pés e sacudido violentamente nos
ares e jogado contra as paredes e atirado de volta sobre o colchão. Então,
soube. 

* * *

Isolou-se
tanto para escrever um novo livro que perdeu os poucos leitores que tinha. E
quando finalmente lançou sua obra, ninguém lembrava mais dele.

* * *

Era uma vez um trapezista de circo que saltava sem
rede de proteção. Era uma vez um trapezista de circo.

* * *

Ela apaixonou-se pelo carteiro e passou a escrever
cartas na esperança de revê-lo. Tudo em vão. Apesar disso, continuou
escrevendo. Acabou seduzindo a si mesma e vivendo o seu melhor caso de
amor.  

* * *

Zibeline tinha voz de veludo, mãos macias como
seda, dentes brancos como algodão, mas tinha fetiche em ser tratada como pano
de chão.

* * *

Desde o bercinho Natanael sofria de riso frouxo. Os
pais fizeram de tudo para que ele aprendesse a controlar as risadas
desenfreadas. Mas quando viram que não tinha mesmo jeito, desistiram, e
passaram a rir com ele.

* * *

No zoo, Hercílio viu pela primeira vez um avestruz
e ficou encantado com as feições simpáticas da ave. A segunda vez foi numa
visita a uma fazenda e levou um corridão tão brabo que ficou com um pé atrás. A
terceira vez, folheando uma revista, tratou logo de virar a página bem
depressa.

* * *  

Acidentalmente ele encontrou num livro a palavra
'muxoxo' e achou a coisa mais querida. Tentou inseri-la em suas falas diárias
mas desistiu porque ninguém entendia o significado. Daí, fez um muxoxo e
devolveu a palavra ao livro.

* * *

Astrogildo tinha 20 anos quando passou a sonhar que
morreria de forma trágica. Os anos foram passando, passando... Hoje com 96 anos
ele nem lembra mais disso.

Espero que tenham gostado dos meus nanocontos, amigos.

Ótima semana a todos e obrigada pelas visitas ao blog!

Ele
caiu em si e nunca mais se levantou.

* * *

Tinha
fome de Glória! Devorou-a. Depois, sem ela, acabou morrendo de inanição.

* * *

Apressado, cortou caminho por um beco de má fama, e
não chegou do outro lado.

* * *

Passou
a ter fortes dores nas costas. Fez todo tipo de exame e não descobriu o motivo.
Um dia, pode jurar ter visto no espelho um vulto sobrenatural pendurado em seus
ombros. Estarrecido, compreendeu o motivo das dores nas costas.

* * *

Anastácia
tomou remédio para não roer mais as unhas. E deu certo! Alguns dias depois, uma
a uma, suas belas unhas começaram a cair.

* * *

Morava
há anos numa casa assombrada, sem saber. Certa noite, acordou cercado por
figuras fantasmagóricas e foi puxado pelos pés e sacudido violentamente nos
ares e jogado contra as paredes e atirado de volta sobre o colchão. Então,
soube. 

* * *

Isolou-se
tanto para escrever um novo livro que perdeu os poucos leitores que tinha. E
quando finalmente lançou sua obra, ninguém lembrava mais dele.

* * *

Era uma vez um trapezista de circo que saltava sem
rede de proteção. Era uma vez um trapezista de circo.

* * *

Ela apaixonou-se pelo carteiro e passou a escrever
cartas na esperança de revê-lo. Tudo em vão. Apesar disso, continuou
escrevendo. Acabou seduzindo a si mesma e vivendo o seu melhor caso de
amor.  

* * *

Zibeline tinha voz de veludo, mãos macias como
seda, dentes brancos como algodão, mas tinha fetiche em ser tratada como pano
de chão.

* * *

Desde o bercinho Natanael sofria de riso frouxo. Os
pais fizeram de tudo para que ele aprendesse a controlar as risadas
desenfreadas. Mas quando viram que não tinha mesmo jeito, desistiram, e
passaram a rir com ele.

* * *

No zoo, Hercílio viu pela primeira vez um avestruz
e ficou encantado com as feições simpáticas da ave. A segunda vez foi numa
visita a uma fazenda e levou um corridão tão brabo que ficou com um pé atrás. A
terceira vez, folheando uma revista, tratou logo de virar a página bem
depressa.

* * *  

Acidentalmente ele encontrou num livro a palavra
'muxoxo' e achou a coisa mais querida. Tentou inseri-la em suas falas diárias
mas desistiu porque ninguém entendia o significado. Daí, fez um muxoxo e
devolveu a palavra ao livro.

* * *

Astrogildo tinha 20 anos quando passou a sonhar que
morreria de forma trágica. Os anos foram passando, passando... Hoje com 96 anos
ele nem lembra mais disso.

Espero que tenham gostado dos meus nanocontos, amigos.

Ótima semana a todos e obrigada pelas visitas ao blog!

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