Apesar de viver num bairro onde o comércio é escasso e pouco variado, sempre procurei cultivar o comércio de proximidade. Não só pela relação que gosto de estabelecer com os comerciantes de bairro, mas também pela comodidade que isso permite. Ainda hoje recordo os tempos em que vivia em S. João do Estoril e de ao sábado de manhã pegar no telefone (ainda não havia telemóveis, nem Internet), ligar para o talho, a venda da fruta, a mercearia e, passado algum tempo, ter tudo em casa sem ralações.
Quando regressei a Portugal fui viver para um bairro de Lisboa onde estas mordomias ainda eram possíveis mas, com o decorrer do tempo, os estabelecimentos foram mudando de mãos e os novos proprietários pouco receptivos a este tipo de “galanteios”. Noutros casos, a mercearia foi substituída por mini mercados, absorvendo a pequena retrosaria, a papelaria e até a loja de venda de jornais.
Gostava do atendimento personalizado do meu bairro onde o sr. Casimiro, cada dia mais solícito, se "enganava" por vezes no peso, mas me recompensava com a afabilidade de um sorriso por trás do qual entrevia a marotice dos 10 gramas de papel adicionados ao peso dos morangos que, pressuroso, me mandava levar a casa.
Gostava do olhar dengoso da Anabela, impingindo-me sempre qualquer coisa de que eu não estava a precisar.
Lembro-me das vezes que a Cristina me levava o pão, encomendado em sábados de manhã chuvosos, acompanhados de “uns biscoitinhos caseiros que são uma delícia” ou “estes croissants acabaram de sair do forno, se não os quiser comer agora enquanto lê o jornal, come-os à tarde com um chazinho, nem precisa aquecer…”
Sim, tenho saudades de me deliciar com estas práticas promocionais evidenciando conhecimento apurado das técnicas de marketing das grandes superfícies. Ali não havia descontos, as promoções eram materializadas em datas festivas com a oferta de caixas de bolachas, bombons, ou garrafas de whisky que me acalentavam o espírito, porque eram oferta de uma pessoa e não de um folheto promocional.
Lamechices? Talvez....
Adenda: Obrigado a todas/os as leitoras/es que me deram uma ajuda no post de ontem. Ao que apurei, com a vossa ajuda e mais algumas pesquisas, parece que o ritual do galo negro é mesmo específico de S. Bartolomeu do Mar ( obrigado, Afrodite). Já a prática dos mergulhos ( que eu próprio fui obrigado a vivenciar) parece que tem âmbito geográfico mais alargado e permanece como prática corrente em várias regiões do país
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Apesar de viver num bairro onde o comércio é escasso e pouco variado, sempre procurei cultivar o comércio de proximidade. Não só pela relação que gosto de estabelecer com os comerciantes de bairro, mas também pela comodidade que isso permite. Ainda hoje recordo os tempos em que vivia em S. João do Estoril e de ao sábado de manhã pegar no telefone (ainda não havia telemóveis, nem Internet), ligar para o talho, a venda da fruta, a mercearia e, passado algum tempo, ter tudo em casa sem ralações.
Quando regressei a Portugal fui viver para um bairro de Lisboa onde estas mordomias ainda eram possíveis mas, com o decorrer do tempo, os estabelecimentos foram mudando de mãos e os novos proprietários pouco receptivos a este tipo de “galanteios”. Noutros casos, a mercearia foi substituída por mini mercados, absorvendo a pequena retrosaria, a papelaria e até a loja de venda de jornais.
Gostava do atendimento personalizado do meu bairro onde o sr. Casimiro, cada dia mais solícito, se "enganava" por vezes no peso, mas me recompensava com a afabilidade de um sorriso por trás do qual entrevia a marotice dos 10 gramas de papel adicionados ao peso dos morangos que, pressuroso, me mandava levar a casa.
Gostava do olhar dengoso da Anabela, impingindo-me sempre qualquer coisa de que eu não estava a precisar.
Lembro-me das vezes que a Cristina me levava o pão, encomendado em sábados de manhã chuvosos, acompanhados de “uns biscoitinhos caseiros que são uma delícia” ou “estes croissants acabaram de sair do forno, se não os quiser comer agora enquanto lê o jornal, come-os à tarde com um chazinho, nem precisa aquecer…”
Sim, tenho saudades de me deliciar com estas práticas promocionais evidenciando conhecimento apurado das técnicas de marketing das grandes superfícies. Ali não havia descontos, as promoções eram materializadas em datas festivas com a oferta de caixas de bolachas, bombons, ou garrafas de whisky que me acalentavam o espírito, porque eram oferta de uma pessoa e não de um folheto promocional.
Lamechices? Talvez....
Adenda: Obrigado a todas/os as leitoras/es que me deram uma ajuda no post de ontem. Ao que apurei, com a vossa ajuda e mais algumas pesquisas, parece que o ritual do galo negro é mesmo específico de S. Bartolomeu do Mar ( obrigado, Afrodite). Já a prática dos mergulhos ( que eu próprio fui obrigado a vivenciar) parece que tem âmbito geográfico mais alargado e permanece como prática corrente em várias regiões do país