RTP. PSD aponta o dedo ao Governo e fala em “intromissão indevida”

19-12-2019
marcar artigo

“Não estamos contra ninguém. Estamos, sim, a defender a RTP. O canal público tem um património, um histórico, um prestígio que não é compatível com este tipo de comportamentos”. É assim que o deputado do PSD Paulo Rios de Oliveira justifica o debate requerido pelos sociais-democratas sobre o canal público, que se realiza hoje às 15h00. O PSD acredita que é necessário chegar ao fundo da questão em relação ao que aconteceu entre a direção de informação da RTP e a equipa do Sexta às 9. E não tem dúvidas: o Governo ajudou a condicionar a transmissão do programa de investigação.

Em declarações ao i, o deputado social-democrata explica que estas preocupações não são novas: desde setembro, altura em que começaram a surgir as primeiras notícias sobre o clima de tensão dentro da RTP e a suspensão do programa conduzido por Sandra Felgueiras, que o PSD manifestou “surpresa e perplexidade”. “Fomos nós que impulsionámos a ida dos principais responsáveis da direção de informação, do conselho de administração e da jornalista à Assembleia da República”, lembra Paulo Rios de Oliveira. “Vimos confirmadas as nossas piores suspeitas: a total desarticulação entre a direção de informação e o próprio conselho de redação, um clima de brutal desconfiança entre órgãos, acusações entre colegas do mesmo ofício. E vemos até um conselho de administração que apoia cegamente a direção de informação até ao fim, sem retirar consequências de tudo o que aconteceu, como se tivesse corrido tudo bem”, explica ao i.

Os sociais-democratas vão mais longe e apontam o dedo ao Governo, afirmando que houve uma “intromissão indevida” por parte do Executivo liderado por António Costa. “O Governo, de forma direta ou indireta, ajudou a condicionar a apresentação do programa. Este teria garantidamente impacto eleitoral. Não é admissível em democracia este tipo de condicionamentos”, diz Paulo Rios de Oliveira. O deputado do PSD refere-se ao programa do Sexta às 9 sobre a exploração de lítio, que deveria ter ido para o ar antes das eleições, mas, por decisão da direção de informação, só foi transmitido depois do sufrágio. Esta polémica juntou-se a outro caso que envolvia uma investigação ao Instituto Superior de Comunicação Empresarial (ISCEM), onde Pedroso lecionou. A diretora de informação terá avisado a diretora do instituto, Regina Moreira, da investigação que estava em curso. E foi esta última polémica que levou à demissão de Maria Flor Pedroso.

Paulo Rios de Oliveira garante que o PSD não está a querer personalizar a questão e tem apenas a RTP como foco principal. “Isto não é um ataque ad hominem. O PSD não tem nada contra Maria Flor Pedroso, nem contra a direção de informação, nem contra o conselho de administração. Mais do que pessoas, queremos salvaguardar o património da RTP, que não pode ser beliscado”, diz ao i.

Apurar os factos

O debate requerido pelo PSD é visto com bons olhos por vários partidos. Cristina Rodrigues, do PAN, considera “fundamental que ocorra uma averiguação das razões que levaram ao adiamento da emissão do programa Sexta às 9”. “Não obstante, parece-nos também de extrema importância que se assegure a não ingerência governamental junto dos órgãos de comunicação social, por forma a acautelar um dos mais basilares pilares da democracia, a liberdade de imprensa e a idoneidade das instituições”, diz ao i.

Questionada pelo i sobre este tema, a Iniciativa Liberal (IL) voltou a defender que não deve haver financiamento público a órgãos que prestam serviços de informação, “pelos perigos de controlo de informação” que isso representa.

“Como temos visto em diversos casos, sejam as notícias travadas sobre prémios na TAP, sejam suspensões de programas de investigação, um meio que dependa de dinheiro público nunca será contrapoder ao poder público. Por muito que se mude o seu modelo de gestão – e foi melhorado, diga-se –, um canal assim nunca deixará todos os seus jornalistas fazerem um trabalho totalmente independente do poder público”, diz fonte da IL ao i.

Para o Chega, é necessário que sejam “apurados todos os factos” e que “as devidas consequências sejam efetivadas”. “Para nós, o que é fundamental é que exista, de facto, liberdade de expressão e que vivamos numa democracia verdadeira, em que não haja atitudes persecutórias e de censura, em que não se recorra a abusos de poder e de posição para controlar conteúdos e timings de notícias em prol de ajudar um partido especificamente”, diz André Ventura ao i.

O líder do Chega vai mais longe e recorda as relações familiares entre membros da RTP e do Governo: “Não colocando em causa o profissionalismo de ninguém, não deixam de ser estranhas as posições ocupadas nos principais órgãos de comunicação social nacionais por familiares diretos, indiretos e pessoas próximas do primeiro-ministro”, diz André Ventura, numa referência às relação familiares entre Maria Flor Pedroso, Ricardo Costa e António Costa.

O i contactou também o PS sobre este assunto, mas o partido preferiu não fazer comentários antes do debate. No entanto, a líder parlamentar socialista, Ana Catarina Mendes, usou a sua página na rede social Facebook para tecer largos elogios à ex-diretora de informação da RTP: “Conheço a jornalista profissional e íntegra que nos habituou ao jornalismo independente e de rigor. Colocar o seu lugar à disposição, perante a campanha difamatória que a põe em causa como boa profissional, é bem o espelho da integridade de Maria Flor Pedroso!”

O PCP e o Livre também não quiseram falar sobre o assunto antes do debate. O i questionou também o Bloco de Esquerda e o CDS mas, até ao final desta edição, não obteve resposta.

“Não estamos contra ninguém. Estamos, sim, a defender a RTP. O canal público tem um património, um histórico, um prestígio que não é compatível com este tipo de comportamentos”. É assim que o deputado do PSD Paulo Rios de Oliveira justifica o debate requerido pelos sociais-democratas sobre o canal público, que se realiza hoje às 15h00. O PSD acredita que é necessário chegar ao fundo da questão em relação ao que aconteceu entre a direção de informação da RTP e a equipa do Sexta às 9. E não tem dúvidas: o Governo ajudou a condicionar a transmissão do programa de investigação.

Em declarações ao i, o deputado social-democrata explica que estas preocupações não são novas: desde setembro, altura em que começaram a surgir as primeiras notícias sobre o clima de tensão dentro da RTP e a suspensão do programa conduzido por Sandra Felgueiras, que o PSD manifestou “surpresa e perplexidade”. “Fomos nós que impulsionámos a ida dos principais responsáveis da direção de informação, do conselho de administração e da jornalista à Assembleia da República”, lembra Paulo Rios de Oliveira. “Vimos confirmadas as nossas piores suspeitas: a total desarticulação entre a direção de informação e o próprio conselho de redação, um clima de brutal desconfiança entre órgãos, acusações entre colegas do mesmo ofício. E vemos até um conselho de administração que apoia cegamente a direção de informação até ao fim, sem retirar consequências de tudo o que aconteceu, como se tivesse corrido tudo bem”, explica ao i.

Os sociais-democratas vão mais longe e apontam o dedo ao Governo, afirmando que houve uma “intromissão indevida” por parte do Executivo liderado por António Costa. “O Governo, de forma direta ou indireta, ajudou a condicionar a apresentação do programa. Este teria garantidamente impacto eleitoral. Não é admissível em democracia este tipo de condicionamentos”, diz Paulo Rios de Oliveira. O deputado do PSD refere-se ao programa do Sexta às 9 sobre a exploração de lítio, que deveria ter ido para o ar antes das eleições, mas, por decisão da direção de informação, só foi transmitido depois do sufrágio. Esta polémica juntou-se a outro caso que envolvia uma investigação ao Instituto Superior de Comunicação Empresarial (ISCEM), onde Pedroso lecionou. A diretora de informação terá avisado a diretora do instituto, Regina Moreira, da investigação que estava em curso. E foi esta última polémica que levou à demissão de Maria Flor Pedroso.

Paulo Rios de Oliveira garante que o PSD não está a querer personalizar a questão e tem apenas a RTP como foco principal. “Isto não é um ataque ad hominem. O PSD não tem nada contra Maria Flor Pedroso, nem contra a direção de informação, nem contra o conselho de administração. Mais do que pessoas, queremos salvaguardar o património da RTP, que não pode ser beliscado”, diz ao i.

Apurar os factos

O debate requerido pelo PSD é visto com bons olhos por vários partidos. Cristina Rodrigues, do PAN, considera “fundamental que ocorra uma averiguação das razões que levaram ao adiamento da emissão do programa Sexta às 9”. “Não obstante, parece-nos também de extrema importância que se assegure a não ingerência governamental junto dos órgãos de comunicação social, por forma a acautelar um dos mais basilares pilares da democracia, a liberdade de imprensa e a idoneidade das instituições”, diz ao i.

Questionada pelo i sobre este tema, a Iniciativa Liberal (IL) voltou a defender que não deve haver financiamento público a órgãos que prestam serviços de informação, “pelos perigos de controlo de informação” que isso representa.

“Como temos visto em diversos casos, sejam as notícias travadas sobre prémios na TAP, sejam suspensões de programas de investigação, um meio que dependa de dinheiro público nunca será contrapoder ao poder público. Por muito que se mude o seu modelo de gestão – e foi melhorado, diga-se –, um canal assim nunca deixará todos os seus jornalistas fazerem um trabalho totalmente independente do poder público”, diz fonte da IL ao i.

Para o Chega, é necessário que sejam “apurados todos os factos” e que “as devidas consequências sejam efetivadas”. “Para nós, o que é fundamental é que exista, de facto, liberdade de expressão e que vivamos numa democracia verdadeira, em que não haja atitudes persecutórias e de censura, em que não se recorra a abusos de poder e de posição para controlar conteúdos e timings de notícias em prol de ajudar um partido especificamente”, diz André Ventura ao i.

O líder do Chega vai mais longe e recorda as relações familiares entre membros da RTP e do Governo: “Não colocando em causa o profissionalismo de ninguém, não deixam de ser estranhas as posições ocupadas nos principais órgãos de comunicação social nacionais por familiares diretos, indiretos e pessoas próximas do primeiro-ministro”, diz André Ventura, numa referência às relação familiares entre Maria Flor Pedroso, Ricardo Costa e António Costa.

O i contactou também o PS sobre este assunto, mas o partido preferiu não fazer comentários antes do debate. No entanto, a líder parlamentar socialista, Ana Catarina Mendes, usou a sua página na rede social Facebook para tecer largos elogios à ex-diretora de informação da RTP: “Conheço a jornalista profissional e íntegra que nos habituou ao jornalismo independente e de rigor. Colocar o seu lugar à disposição, perante a campanha difamatória que a põe em causa como boa profissional, é bem o espelho da integridade de Maria Flor Pedroso!”

O PCP e o Livre também não quiseram falar sobre o assunto antes do debate. O i questionou também o Bloco de Esquerda e o CDS mas, até ao final desta edição, não obteve resposta.

marcar artigo