livros que eu li

22-06-2020
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Este pequeno livro editado pela "não editora", belo nome, nos apresenta três contos curtos de Carol Bensinon, uma jovem gaúcha de Porto Alegre. A meu juízo são três histórias que demoram a engrenar e/ou encantar, mas que engrenam e encantam afinal. A primeira história envolve um grupo de amigos que se dispersa nos desvios desta vida, tudo é apresentado em quatro, cinco pinceladas rápidas, o tempo vai e volta (mas é explícito, sem sacanear o leitor). Tudo é muito vago, mas é bem escrito e o conto se deixa conquistar. A segunda história é mais engajada, vamos dizer assim. Um sujeito volta a uma cidade (ou região, ou bairro) e organiza um grande investimento, que certamente vai radicalizar as mudanças na paisagem do lugar. Um garoto (que representa as forças vivas da natureza, talvez, estou especulando um bocado) transtorna o set de filmagens da propaganda que estava sendo preparada para o lugar. É como se a natureza, ou antes a humanidade adormecida destes tempos bicudos dominasse afinal uma situação. O último conto envolve uma história bem curta. Uma moça resolve ganhar um dinheiro trabalhando em um hotel. A idéia é também aprender algo sobre o ser humano enquanto se trabalha subserviente à ele. Mas as relações de trabalho não foram inventadas para oportunizar jovens escritores a ganhar experiências de vida. O que dizer? Li os contos com prazer. São de fato bons exercicios de escrevinhação, mas eu estou mal acostumado, acabei de ler o livro de estréia do Philip Roth e fico a pensar que um sujeito que vai enfrentar resmas de papel em branco tem de mostrar mais estofo logo de cara, não pode apenas mostrar exuberância e bem escrever, há que mostrar vísceras expostas, de alguma forma se expor sem medo e sem pudor. Dueña Carol me fez anotar seu nome e me faz esperar algo que venha de seu futuro imediato. Sabe-se lá quando um Nathan Zuckerman não aparece na vida da gente. Vale a leitura. [início 17/03/2009 - fim 20/03/2009]"Pó de parede", Carol Bensimon, não editora (1a. edição) 2008, brochura 13x18, 122 págs. ISBN: 978-85-61249-05-2


Este pequeno livro editado pela "não editora", belo nome, nos apresenta três contos curtos de Carol Bensinon, uma jovem gaúcha de Porto Alegre. A meu juízo são três histórias que demoram a engrenar e/ou encantar, mas que engrenam e encantam afinal. A primeira história envolve um grupo de amigos que se dispersa nos desvios desta vida, tudo é apresentado em quatro, cinco pinceladas rápidas, o tempo vai e volta (mas é explícito, sem sacanear o leitor). Tudo é muito vago, mas é bem escrito e o conto se deixa conquistar. A segunda história é mais engajada, vamos dizer assim. Um sujeito volta a uma cidade (ou região, ou bairro) e organiza um grande investimento, que certamente vai radicalizar as mudanças na paisagem do lugar. Um garoto (que representa as forças vivas da natureza, talvez, estou especulando um bocado) transtorna o set de filmagens da propaganda que estava sendo preparada para o lugar. É como se a natureza, ou antes a humanidade adormecida destes tempos bicudos dominasse afinal uma situação. O último conto envolve uma história bem curta. Uma moça resolve ganhar um dinheiro trabalhando em um hotel. A idéia é também aprender algo sobre o ser humano enquanto se trabalha subserviente à ele. Mas as relações de trabalho não foram inventadas para oportunizar jovens escritores a ganhar experiências de vida. O que dizer? Li os contos com prazer. São de fato bons exercicios de escrevinhação, mas eu estou mal acostumado, acabei de ler o livro de estréia do Philip Roth e fico a pensar que um sujeito que vai enfrentar resmas de papel em branco tem de mostrar mais estofo logo de cara, não pode apenas mostrar exuberância e bem escrever, há que mostrar vísceras expostas, de alguma forma se expor sem medo e sem pudor. Dueña Carol me fez anotar seu nome e me faz esperar algo que venha de seu futuro imediato. Sabe-se lá quando um Nathan Zuckerman não aparece na vida da gente. Vale a leitura. [início 17/03/2009 - fim 20/03/2009]"Pó de parede", Carol Bensimon, não editora (1a. edição) 2008, brochura 13x18, 122 págs. ISBN: 978-85-61249-05-2

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