Matereo vence segunda edição do prémio

12-09-2020
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Leia Também Conheça os dez projetos finalistas do concurso

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Distinções

Além da Matereo, a organização atribuiu menções honrosas à Josefinas, Polyanswer e Invisible Collector.

A Matereo venceu a segunda edição do Prémio FLAD.EY BUZZ USA, uma iniciativa da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e da consultora EY, em parceria com o Negócios, para promover e apoiar o esforço de internacionalização de micro, pequenas e médias empresas portuguesas nos Estados Unidos da América.Instalada no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, a Matereo desenvolveu um sistema de monitorização de infraestruturas com inteligência preditiva , que permite a deteção precoce de danos e o fornecimento de diagnósticos estruturais precisos. A empresa criada em 2014 por quatro jovens engenheiros civis e mecânicos prevê começar a "instrumentar" as primeiras pontes no mercado ibérico em 2019.Na cerimónia que decorreu a 20 de dezembro na sede da Fundação, em Lisboa, a organização atribui também três menções honrosas. Essas distinções foram entregues à Josefinas, um projeto de Braga especializado em sapatos rasos para mulher; à Polyanswer, uma produtora de fluidos dilatantes para proteção de impactos instalada nas Taipas; e à portuense Invisible Collector, cujo software recorre a inteligência artificial para interpretar o comportamento do cliente na interação com o credor.

O Prémio FLAD.EY BUZZ USA destinava-se a jovens empresas constituídas há menos de cinco anos - podendo operar em qualquer setor de atividade mas com "preferência" pela área tecnológica -, e que já tivessem alguma experiência no relacionamento comercial com aquele mercado ou planos de curto prazo para abordar a maior economia do mundo.

O júri foi presidido por Jorge Gabriel, administrador da FLAD, juntando-se na equipa de avaliação o partner da EY, Miguel Farinha; a diretora-geral da Cisco Portugal, Sofia Tenreiro; Luís Manuel, administrador executivo da EDP Inovação; e Paulo Neves, antigo CEO da Altice Portugal, que é atualmente consultor independente em estratégia, desenvolvimento de negócio, média e finanças ("fintech").

Exigência e olho nos EUA

Miguel Farinha detalhou que a EY fez primeiro a seleção das dez finalistas e depois, para cada uma delas, recolheu e analisou informação - "fomos chatos a pedir mais detalhes, mas era para ter bases comparáveis entre as empresas", explicou o consultor - para preparar uma ficha técnica contendo o currículo dos empreendedores, um resumo da ideia de negócio e das mais-valias, a informação financeira histórica e prospetiva e uma avaliação do plano de negócios.

"Fomos muito exigentes no pedido de documentos para termos informação fidedigna. Não queríamos uma seleção com base num PowerPoint. Estas são empresas jovens, mas que já passaram da fase da ideia. Queríamos [atrair] negócios com alguma maturidade e que demonstrassem alguma capacidade de exportação para o mercado americano. Selecionar alguém que possa ser um operador nos EUA, instalando-se no mercado americano ou exportando para lá", acrescentou Jorge Gabriel, administrador da Fundação Luso-Americana.

Ao superar a concorrência de outros nove projetos finalistas, a Matereo sucede assim à Bitcliq, das Caldas da Rainha, que venceu a primeira edição do prémio criado em 2017. A empresa fundada por Pedro Manuel, que detém a plataforma de gestão de frotas de pesca "Big Eye Smart Fishing" e está também a apostar na rastreabilidade digital para seguir o peixe do mar até ao supermercado, passou uma temporada em San Diego, um grande centro para o negócio da pesca, reuniu com investidores e tecnólogos em Silicon Valley, passou por Seattle e ainda aproveitou os contactos feitos numa feira da especialidade para visitar potenciais parceiros no México e no Canadá.

Perguntas a Ricardo Carmona

Co-fundador da Matereo

"Dá credibilidade e mais ímpeto para continuarmos a avançar"

O porta-voz da jovem empresa de engenharia frisa que a distinção "potencia em larga escala a internacionalização".

O que representa a vitória neste concurso?

É um potenciador fabuloso para a implementação da tecnologia e vai-nos potenciar em larga escala a internacionalização. E não só para os EUA porque isto, no fundo, é um selo de qualidade. Dá-nos responsabilidade. Esperamos ter um bom "feedback" no mercado americano, que é impressionante.

Por que é um mercado interessante para a Matereo?

Por um lado, aceita muito bem a tecnologia. Por outro, o governo americano vai fazer um grande investimento na reabilitação da sua estrutura viária. Os EUA têm um problema muito mais grave do que a Europa, onde cerca de 30% dos viadutos estarão em mau estado de conservação.

Como pretendem aproveitar esta temporada nos EUA?

Vamos tentar aprofundar os contactos. Já temos um iniciado com a Acellent Technologies, uma das líderes mundiais em tecnologia de monitorização, não só nas infraestruturas, mas também no aeroespacial e na aeronáutica. Vamos agendar uma reunião e tentar estabelecer alguma parceria porque além de serem produtores de tecnologia, instalam e fazem manutenção. E isso é exatamente o que vamos procurar lá: quem trate do nosso hardware para podermos exportar o software, a análise.

Os Estados Unidos da América aceitam muito bem a tecnologia e vão fazer um grande investimento na reabilitação da estrutura viária. Ricardo Carmona

Co-fundador da Matereo

Entretanto, esperam os resultados de algumas candidaturas a financiamento.

Neste início de 2019 já teremos mais novidades. A mais expressiva é no âmbito de um programa europeu de financiamento para a área dos transportes, em que estamos com a Universidade de Sevilha, com a ADIF - a rede que gere toda a ferrovia espanhola - e estamos a tentar levar a Infraestruturas de Portugal. Pode ter um impacto muito grande porque já daria para fazer pilotos de grande escala e instrumentar.

Para que precisam do dinheiro?

Neste caso quem vai receber a maior parte do financiamento é a infraestrutura porque eles é que vão ter de adquirir e montar todo o sistema de monitorização. Da nossa parte é para continuar também algum desenvolvimento, que vai ser sempre necessário para melhorar a nossa capacidade de predição dos problemas.

Estavam também em "conversações adiantadas" em Espanha para instrumentar, pelo menos, dez pontes com este sistema.

Estão a avançar bastante bem e todas as indicações que temos levam a crer que vai acontecer. E em Portugal estamos a falar com a Globalvia, com quem estamos também já num estado avançado para implementar um sistema numa ponte no Norte do país. Este prémio vem dar credibilidade e mais algum ímpeto para continuarmos a avançar com mais força.

Têm fundadores que passaram antes pela Mota-Engil, pela Martifer e estiveram envolvidos em grandes projetos de engenharia. Essa experiência prévia é relevante?

Acima de tudo pela experiência da gestão porque estamos a falar agora de projetos com envergadura que já vão exigir alguma capacidade de gestão, não só financeira mas também das equipas e de outros elementos. Essa experiência profissional anterior tem-se revelado uma mais-valia, ajuda-nos a preparar melhor, a economizar os recursos financeiros que são diminutos e que estamos sempre a alocar a mais desenvolvimento. É nessa falta de capacidade de gestão que vejo maior debilidade nas jovens empresas portuguesas, até porque não é fácil sair da universidade e começar logo a gerir uma empresa, com todas as artimanhas e dificuldades que existem.

Leia Também Conheça os dez projetos finalistas do concurso

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Distinções

Além da Matereo, a organização atribuiu menções honrosas à Josefinas, Polyanswer e Invisible Collector.

A Matereo venceu a segunda edição do Prémio FLAD.EY BUZZ USA, uma iniciativa da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e da consultora EY, em parceria com o Negócios, para promover e apoiar o esforço de internacionalização de micro, pequenas e médias empresas portuguesas nos Estados Unidos da América.Instalada no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, a Matereo desenvolveu um sistema de monitorização de infraestruturas com inteligência preditiva , que permite a deteção precoce de danos e o fornecimento de diagnósticos estruturais precisos. A empresa criada em 2014 por quatro jovens engenheiros civis e mecânicos prevê começar a "instrumentar" as primeiras pontes no mercado ibérico em 2019.Na cerimónia que decorreu a 20 de dezembro na sede da Fundação, em Lisboa, a organização atribui também três menções honrosas. Essas distinções foram entregues à Josefinas, um projeto de Braga especializado em sapatos rasos para mulher; à Polyanswer, uma produtora de fluidos dilatantes para proteção de impactos instalada nas Taipas; e à portuense Invisible Collector, cujo software recorre a inteligência artificial para interpretar o comportamento do cliente na interação com o credor.

O Prémio FLAD.EY BUZZ USA destinava-se a jovens empresas constituídas há menos de cinco anos - podendo operar em qualquer setor de atividade mas com "preferência" pela área tecnológica -, e que já tivessem alguma experiência no relacionamento comercial com aquele mercado ou planos de curto prazo para abordar a maior economia do mundo.

O júri foi presidido por Jorge Gabriel, administrador da FLAD, juntando-se na equipa de avaliação o partner da EY, Miguel Farinha; a diretora-geral da Cisco Portugal, Sofia Tenreiro; Luís Manuel, administrador executivo da EDP Inovação; e Paulo Neves, antigo CEO da Altice Portugal, que é atualmente consultor independente em estratégia, desenvolvimento de negócio, média e finanças ("fintech").

Exigência e olho nos EUA

Miguel Farinha detalhou que a EY fez primeiro a seleção das dez finalistas e depois, para cada uma delas, recolheu e analisou informação - "fomos chatos a pedir mais detalhes, mas era para ter bases comparáveis entre as empresas", explicou o consultor - para preparar uma ficha técnica contendo o currículo dos empreendedores, um resumo da ideia de negócio e das mais-valias, a informação financeira histórica e prospetiva e uma avaliação do plano de negócios.

"Fomos muito exigentes no pedido de documentos para termos informação fidedigna. Não queríamos uma seleção com base num PowerPoint. Estas são empresas jovens, mas que já passaram da fase da ideia. Queríamos [atrair] negócios com alguma maturidade e que demonstrassem alguma capacidade de exportação para o mercado americano. Selecionar alguém que possa ser um operador nos EUA, instalando-se no mercado americano ou exportando para lá", acrescentou Jorge Gabriel, administrador da Fundação Luso-Americana.

Ao superar a concorrência de outros nove projetos finalistas, a Matereo sucede assim à Bitcliq, das Caldas da Rainha, que venceu a primeira edição do prémio criado em 2017. A empresa fundada por Pedro Manuel, que detém a plataforma de gestão de frotas de pesca "Big Eye Smart Fishing" e está também a apostar na rastreabilidade digital para seguir o peixe do mar até ao supermercado, passou uma temporada em San Diego, um grande centro para o negócio da pesca, reuniu com investidores e tecnólogos em Silicon Valley, passou por Seattle e ainda aproveitou os contactos feitos numa feira da especialidade para visitar potenciais parceiros no México e no Canadá.

Perguntas a Ricardo Carmona

Co-fundador da Matereo

"Dá credibilidade e mais ímpeto para continuarmos a avançar"

O porta-voz da jovem empresa de engenharia frisa que a distinção "potencia em larga escala a internacionalização".

O que representa a vitória neste concurso?

É um potenciador fabuloso para a implementação da tecnologia e vai-nos potenciar em larga escala a internacionalização. E não só para os EUA porque isto, no fundo, é um selo de qualidade. Dá-nos responsabilidade. Esperamos ter um bom "feedback" no mercado americano, que é impressionante.

Por que é um mercado interessante para a Matereo?

Por um lado, aceita muito bem a tecnologia. Por outro, o governo americano vai fazer um grande investimento na reabilitação da sua estrutura viária. Os EUA têm um problema muito mais grave do que a Europa, onde cerca de 30% dos viadutos estarão em mau estado de conservação.

Como pretendem aproveitar esta temporada nos EUA?

Vamos tentar aprofundar os contactos. Já temos um iniciado com a Acellent Technologies, uma das líderes mundiais em tecnologia de monitorização, não só nas infraestruturas, mas também no aeroespacial e na aeronáutica. Vamos agendar uma reunião e tentar estabelecer alguma parceria porque além de serem produtores de tecnologia, instalam e fazem manutenção. E isso é exatamente o que vamos procurar lá: quem trate do nosso hardware para podermos exportar o software, a análise.

Os Estados Unidos da América aceitam muito bem a tecnologia e vão fazer um grande investimento na reabilitação da estrutura viária. Ricardo Carmona

Co-fundador da Matereo

Entretanto, esperam os resultados de algumas candidaturas a financiamento.

Neste início de 2019 já teremos mais novidades. A mais expressiva é no âmbito de um programa europeu de financiamento para a área dos transportes, em que estamos com a Universidade de Sevilha, com a ADIF - a rede que gere toda a ferrovia espanhola - e estamos a tentar levar a Infraestruturas de Portugal. Pode ter um impacto muito grande porque já daria para fazer pilotos de grande escala e instrumentar.

Para que precisam do dinheiro?

Neste caso quem vai receber a maior parte do financiamento é a infraestrutura porque eles é que vão ter de adquirir e montar todo o sistema de monitorização. Da nossa parte é para continuar também algum desenvolvimento, que vai ser sempre necessário para melhorar a nossa capacidade de predição dos problemas.

Estavam também em "conversações adiantadas" em Espanha para instrumentar, pelo menos, dez pontes com este sistema.

Estão a avançar bastante bem e todas as indicações que temos levam a crer que vai acontecer. E em Portugal estamos a falar com a Globalvia, com quem estamos também já num estado avançado para implementar um sistema numa ponte no Norte do país. Este prémio vem dar credibilidade e mais algum ímpeto para continuarmos a avançar com mais força.

Têm fundadores que passaram antes pela Mota-Engil, pela Martifer e estiveram envolvidos em grandes projetos de engenharia. Essa experiência prévia é relevante?

Acima de tudo pela experiência da gestão porque estamos a falar agora de projetos com envergadura que já vão exigir alguma capacidade de gestão, não só financeira mas também das equipas e de outros elementos. Essa experiência profissional anterior tem-se revelado uma mais-valia, ajuda-nos a preparar melhor, a economizar os recursos financeiros que são diminutos e que estamos sempre a alocar a mais desenvolvimento. É nessa falta de capacidade de gestão que vejo maior debilidade nas jovens empresas portuguesas, até porque não é fácil sair da universidade e começar logo a gerir uma empresa, com todas as artimanhas e dificuldades que existem.

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