não gosto de plágio

23-06-2020
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às vezes, lendo alguma coisa, encontro passagens cujo sentido não me parece imediatamente claro e fico querendo entender melhor. por exemplo, leio no fundamental artigo de júnia barreto que vim comentando nos últimos posts:

Algumas das obras de Hugo receberam traduções e/ou reedições brasileiras neste início do século XXI, como os romances O último dia de um condenado (Estação Liberdade, 2002, trad.  de  Dominique Kalifa;* 2010, trad.  de Joana Canedo);  Notre-Dame de Paris (Estação Liberdade, 2011, trad.  de  Ana de Alencar e Marcelo Diniz),  O Corcunda de Notre-Dame (Ediouro, 2003, trad.  de Uliano Tevoniuc; Martin Claret, 2006, trad. de Jean Melville); Os trabalhadores do mar (Martin Claret, 2004, reedição da tradução de Machado de Assis); Os Miseráveis (Martin Claret, 2007, trad. de Regina Célia de Oliveira). Nesse levantamento, não foram consideradas as adaptações ou as edições paradidáticas. 

Entretanto, algumas das traduções atuais preservam parte das traduções feitas para as obras completas nos anos 1950, pelos tradutores Frederico Ozanam Pessoa de Barros (Os miseráveis) e Hilário Correia. Nesses casos, constata-se que tais traduções se prendem a transposições majoritariamente linguísticas e semânticas, comportando, muitas vezes, erros crassos de forma e/ou conteúdo e, por vezes, transfigurando o texto literário ou o próprio projeto do autor. [aqui, p. 86; negrito meu]
o que o trecho em negrito significa concretamente? 1. que a tradução de regina célia de oliveira, pela martin claret, reproduz trechos da tradução de ozanam? 2. como notre dame de paris é a única obra em comum entre as traduções de victor hugo feitas por hilário correia e as traduções atuais citadas por júnia barreto, deduzo que a autora se refere à tradução em nome de jean melville, pela martin claret. então isso significa que o corcunda de notre dame pela claret  tem trechos copiados da tradução de hilário correia pela edameris?

quanto ao item 2., não chega a surpreender, pois é fato sabido que todas as traduções atribuídas pela martin claret ao fictício "jean melville" são espúrias. de todo modo, é interessante a sugestão - se entendi corretamente o trecho citado - de que a fonte pelo menos parcial de mais essa contrafação da claret teria sido a tradução de hilário. agora, que a tradução d'os miseráveis feita por regina célia de oliveira "preserva parte" da tradução de ozanam - e repito: se é que entendi corretamente o trecho citado - me surpreendeu e, a meu ver, é uma afirmação, ainda que um tanto elíptica, que demandaria maiores esclarecimentos.

* estranhei um pouco a menção ao historiador francês dominique kalifa como tradutor d'o último dia de um condenado. até onde sei, a tradução dessa obra por joana canêdo saiu pela estação liberdade já em 2002.

atualização em 17/2/2013: joana canêdo avisa em comentário abaixo que os créditos de suas traduções foram corrigidos pela profa. júnia barreto em seu artigo supracitado.


às vezes, lendo alguma coisa, encontro passagens cujo sentido não me parece imediatamente claro e fico querendo entender melhor. por exemplo, leio no fundamental artigo de júnia barreto que vim comentando nos últimos posts:

Algumas das obras de Hugo receberam traduções e/ou reedições brasileiras neste início do século XXI, como os romances O último dia de um condenado (Estação Liberdade, 2002, trad.  de  Dominique Kalifa;* 2010, trad.  de Joana Canedo);  Notre-Dame de Paris (Estação Liberdade, 2011, trad.  de  Ana de Alencar e Marcelo Diniz),  O Corcunda de Notre-Dame (Ediouro, 2003, trad.  de Uliano Tevoniuc; Martin Claret, 2006, trad. de Jean Melville); Os trabalhadores do mar (Martin Claret, 2004, reedição da tradução de Machado de Assis); Os Miseráveis (Martin Claret, 2007, trad. de Regina Célia de Oliveira). Nesse levantamento, não foram consideradas as adaptações ou as edições paradidáticas. 

Entretanto, algumas das traduções atuais preservam parte das traduções feitas para as obras completas nos anos 1950, pelos tradutores Frederico Ozanam Pessoa de Barros (Os miseráveis) e Hilário Correia. Nesses casos, constata-se que tais traduções se prendem a transposições majoritariamente linguísticas e semânticas, comportando, muitas vezes, erros crassos de forma e/ou conteúdo e, por vezes, transfigurando o texto literário ou o próprio projeto do autor. [aqui, p. 86; negrito meu]
o que o trecho em negrito significa concretamente? 1. que a tradução de regina célia de oliveira, pela martin claret, reproduz trechos da tradução de ozanam? 2. como notre dame de paris é a única obra em comum entre as traduções de victor hugo feitas por hilário correia e as traduções atuais citadas por júnia barreto, deduzo que a autora se refere à tradução em nome de jean melville, pela martin claret. então isso significa que o corcunda de notre dame pela claret  tem trechos copiados da tradução de hilário correia pela edameris?

quanto ao item 2., não chega a surpreender, pois é fato sabido que todas as traduções atribuídas pela martin claret ao fictício "jean melville" são espúrias. de todo modo, é interessante a sugestão - se entendi corretamente o trecho citado - de que a fonte pelo menos parcial de mais essa contrafação da claret teria sido a tradução de hilário. agora, que a tradução d'os miseráveis feita por regina célia de oliveira "preserva parte" da tradução de ozanam - e repito: se é que entendi corretamente o trecho citado - me surpreendeu e, a meu ver, é uma afirmação, ainda que um tanto elíptica, que demandaria maiores esclarecimentos.

* estranhei um pouco a menção ao historiador francês dominique kalifa como tradutor d'o último dia de um condenado. até onde sei, a tradução dessa obra por joana canêdo saiu pela estação liberdade já em 2002.

atualização em 17/2/2013: joana canêdo avisa em comentário abaixo que os créditos de suas traduções foram corrigidos pela profa. júnia barreto em seu artigo supracitado.

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