PSD/Porto louva "puxão de orelhas" de António Costa a autarcas. PS critica ataque "ignóbil" e falta de sentido de Estado

24-10-2020
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O crescimento do surto em Lousada, Felgueiras e Paços de Ferreira, três concelhos governados por autarcas socialistas, fez estalar o verniz entre as distritais do PSD e PS. Alberto Machado, presidente da Distrital do PSD afirma que a reunião urgente que o primeiro-ministro convocou, esta quarta-feira, com os presidentes das câmaras de Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras “é a prova inequívoca de uma descoordenação sem paralelo” da autoridade de saúde local e da “completa desorientação e inoperância” dos autarcas, face ao aumento do surto na região na área geográfica do ACeS Tâmega III – Vale do Sousa Norte. Um "puxão de orelhas" que, defende em comunicado, só peca por tardio. Críticas que já motivaram resposta do PS/Porto, lamentando "os violentos ataques políticos" e assinalando o "nervosismo" dos sociais democratas a um ano das eleições autárquicas.

Para o deputado social-democrata, o aumento exponencial de casos de covid-19 “evidencia que o vírus está a circular na comunidade de forma descontrolada”, referindo que nos concelhos em causa existe um sentimento generalizado de “preocupação e medo”. De acordo com Alberto Machado, a evolução da pandemia naqueles concelhos acontece num momento em que os Centros de Saúde se debatem com dificuldades na resposta à população, “quer no atendimento telefónico para marcação de consultas, quer no acompanhamento de patologias crónicas”.

O deputado lembra que “esta é a região do país com mais casos por 100.000 habitantes e era público e notório, nos últimos dias, o pânico e o desnorte das autoridades sanitárias e municipais, quer pela adoção de medidas contraditórias, quer pelo discurso errante e incoerente”. Nas críticas de Alberto Machado é particularmente visado o diretor executivo do ACeS Tâmega III, Hugo Lopes,que justificou o aumento de novos casos positivos a contágios de índole social entre familiares.

“São declarações absolutamente irresponsáveis, sem nexo e negligentes”, refere o líder distrital social-democrata, defendendo que justificar o surgimento de mais de 1000 casos positivos, nos últimos sete dias, com as ligações familiares é uma explicação bizarra e pouco séria, por parte do responsável máximo pela gestão da situação pandémica na região.

Ao Expresso, Hugo Lopes garante, contudo, que as medidas em vigor até hoje sempre foram cumpridas, nomeadamente em contexto fabril, desde o uso de máscaras, distanciamento e horários desencontrados entre equipas de trabalho “quer nas pausas como no serviço de refeições”

Em relação aos três autarcas socialistas, Machado critica a falta de ação e a descoordenação dos municípios quanto ao risco de contágio numa região fortemente industrializada, com milhares de trabalhadores a laborar em fábricas. “É confrangedor que não se conheça um plano de contingência articulado com o ACeS e as associações empresariais. Qualquer presidente de Câmara minimamente diligente teria acionado este mecanismo, senão antes, logo a seguir ao levantamento do estado de emergência”, adianta o deputado, que acusa o diretor executivo do ACeS de preferir passar culpas para terceiros, quando confrontado com a subida de casos “optou por reencaminhar para a ARS Norte as respostas que lhe eram exigidas”.

"Atribui o aumento brutal de casos ao comportamento das famílias é uma postura inadmissível que não podemos deixar passar em claro, sobretudo por não assumir as competências que lhe incubem, nem coordenar as respostas que lhe competem, no terreno", acrescenta. Para o líder do PSD/Porto, que lembra a evolução do número de infetados em Paços de Ferreira só é superada por Lisboa e Sintra. Aqui, o visado é o autarca Humberto Brito, do PS, responsabilizado pela falta de recursos humanos e meios operacionais para travar os contágios.

Ao Expresso, Alberto Machado alega que o ACeS local não articulou "qualquer plano de contingência" com as associações empresariais, defendendo mais testes nas fábricas e imediato despiste dos colegas de trabalho quando um funcionário é confirmado positivo.

Em Lousada, na câmara presidida pelo socialista Pedro Machado, o social-democrata aponta o dedo à ausência de iniciativa para implementar as medidas preventivas ou agilizar procedimentos entre entidades: "Cada dia, uma informação diferente, consoante os interlocutores. Perante uma suspeita de infeção, tão depressa impõem o isolamento profilático, como a seguir aconselham o regresso ao trabalho, induzindo a confusão nas populações e semeando a descrença na autoridade de saúde local".

Em Felgueiras, o PSD/Porto critica o executivo de Nuno Fonseca "por permanecer confinado, deixando à deriva os Centros de Saúde", sobretudo junto do ACeS, alertando para o deficiente atendimento do Centro de Saúde de Marco de Simães e para a falha na adoção de medidas sanitárias, omissão no apoio à vacinação e sobrelotação nos transportes escolares.

Alberto Machado, considera positivo o reforço das medidas mais musculadas aprovadas hoje em Conselho de Ministros para os três municípios, como o dever de permanência no domiclílio, com exceção de quem trabalha ou frequente a escola, a proibição de eventos com mais de cinco pessoas, encerramento do comércio a partir das 22 horas e a obrigatoriedade de teletrabalho, em funções que em seja possível laborar à distância.

“Não sendo possível para a maioria dos trabalhadores em contexto fabril, a solução terá de passar por um aumento da capacidade de testagem e de inquéritos epidemiológicos”, diz Alberto Machado, que defende que após a confirmação um teste positivo “todos os trabalhadores devem ser alvo de despistagem”.

PS contra visão sectária

A Federação Distrital do Porto do Partido Socialista já reagiu “com surpresa e indignação” ao comunicado da sua congénere do PSD que, a propósito da situação sanitária nos concelhos de Paços de Ferreira, de Lousada e de Felgueiras, lançou “violentos ataques políticos” aos autarcas locais e responsáveis dos serviços de saúde.

Em comunicado, a distrital liderada pelo eurodeputado Manuel Pizarro lembra que o país está a menos de um ano das eleições autárquicas e “isso explica o nervosismo” do PSD. “Mas, neste momento particularmente difícil, a nossa principal prioridade é fazer chegar à população, aos autarcas, aos profissionais e aos responsáveis de saúde uma mensagem de solidariedade, disponibilizando todo o apoio necessário”, refere o PS/Porto.

Os socialistas do distrito saúdam a deslocação do primeiro-ministro a Paços de Ferreira, “numa atitude de proximidade institucional assente num sentido de compromisso e procura de respostas aos efeitos da pandemia, que devia inspirar todos os atores políticos”. A federação do PS repudia, por isso, “a visão sectária do PSD, que faz provocações levianas” que em nada ajudam ao esforço de contenção da transmissão da covid-19. “Esta pandemia atinge todos por igual. Não conhece ideologias políticas nem opções partidárias”, salienta a estrutura distrital.

O crescimento do surto em Lousada, Felgueiras e Paços de Ferreira, três concelhos governados por autarcas socialistas, fez estalar o verniz entre as distritais do PSD e PS. Alberto Machado, presidente da Distrital do PSD afirma que a reunião urgente que o primeiro-ministro convocou, esta quarta-feira, com os presidentes das câmaras de Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras “é a prova inequívoca de uma descoordenação sem paralelo” da autoridade de saúde local e da “completa desorientação e inoperância” dos autarcas, face ao aumento do surto na região na área geográfica do ACeS Tâmega III – Vale do Sousa Norte. Um "puxão de orelhas" que, defende em comunicado, só peca por tardio. Críticas que já motivaram resposta do PS/Porto, lamentando "os violentos ataques políticos" e assinalando o "nervosismo" dos sociais democratas a um ano das eleições autárquicas.

Para o deputado social-democrata, o aumento exponencial de casos de covid-19 “evidencia que o vírus está a circular na comunidade de forma descontrolada”, referindo que nos concelhos em causa existe um sentimento generalizado de “preocupação e medo”. De acordo com Alberto Machado, a evolução da pandemia naqueles concelhos acontece num momento em que os Centros de Saúde se debatem com dificuldades na resposta à população, “quer no atendimento telefónico para marcação de consultas, quer no acompanhamento de patologias crónicas”.

O deputado lembra que “esta é a região do país com mais casos por 100.000 habitantes e era público e notório, nos últimos dias, o pânico e o desnorte das autoridades sanitárias e municipais, quer pela adoção de medidas contraditórias, quer pelo discurso errante e incoerente”. Nas críticas de Alberto Machado é particularmente visado o diretor executivo do ACeS Tâmega III, Hugo Lopes,que justificou o aumento de novos casos positivos a contágios de índole social entre familiares.

“São declarações absolutamente irresponsáveis, sem nexo e negligentes”, refere o líder distrital social-democrata, defendendo que justificar o surgimento de mais de 1000 casos positivos, nos últimos sete dias, com as ligações familiares é uma explicação bizarra e pouco séria, por parte do responsável máximo pela gestão da situação pandémica na região.

Ao Expresso, Hugo Lopes garante, contudo, que as medidas em vigor até hoje sempre foram cumpridas, nomeadamente em contexto fabril, desde o uso de máscaras, distanciamento e horários desencontrados entre equipas de trabalho “quer nas pausas como no serviço de refeições”

Em relação aos três autarcas socialistas, Machado critica a falta de ação e a descoordenação dos municípios quanto ao risco de contágio numa região fortemente industrializada, com milhares de trabalhadores a laborar em fábricas. “É confrangedor que não se conheça um plano de contingência articulado com o ACeS e as associações empresariais. Qualquer presidente de Câmara minimamente diligente teria acionado este mecanismo, senão antes, logo a seguir ao levantamento do estado de emergência”, adianta o deputado, que acusa o diretor executivo do ACeS de preferir passar culpas para terceiros, quando confrontado com a subida de casos “optou por reencaminhar para a ARS Norte as respostas que lhe eram exigidas”.

"Atribui o aumento brutal de casos ao comportamento das famílias é uma postura inadmissível que não podemos deixar passar em claro, sobretudo por não assumir as competências que lhe incubem, nem coordenar as respostas que lhe competem, no terreno", acrescenta. Para o líder do PSD/Porto, que lembra a evolução do número de infetados em Paços de Ferreira só é superada por Lisboa e Sintra. Aqui, o visado é o autarca Humberto Brito, do PS, responsabilizado pela falta de recursos humanos e meios operacionais para travar os contágios.

Ao Expresso, Alberto Machado alega que o ACeS local não articulou "qualquer plano de contingência" com as associações empresariais, defendendo mais testes nas fábricas e imediato despiste dos colegas de trabalho quando um funcionário é confirmado positivo.

Em Lousada, na câmara presidida pelo socialista Pedro Machado, o social-democrata aponta o dedo à ausência de iniciativa para implementar as medidas preventivas ou agilizar procedimentos entre entidades: "Cada dia, uma informação diferente, consoante os interlocutores. Perante uma suspeita de infeção, tão depressa impõem o isolamento profilático, como a seguir aconselham o regresso ao trabalho, induzindo a confusão nas populações e semeando a descrença na autoridade de saúde local".

Em Felgueiras, o PSD/Porto critica o executivo de Nuno Fonseca "por permanecer confinado, deixando à deriva os Centros de Saúde", sobretudo junto do ACeS, alertando para o deficiente atendimento do Centro de Saúde de Marco de Simães e para a falha na adoção de medidas sanitárias, omissão no apoio à vacinação e sobrelotação nos transportes escolares.

Alberto Machado, considera positivo o reforço das medidas mais musculadas aprovadas hoje em Conselho de Ministros para os três municípios, como o dever de permanência no domiclílio, com exceção de quem trabalha ou frequente a escola, a proibição de eventos com mais de cinco pessoas, encerramento do comércio a partir das 22 horas e a obrigatoriedade de teletrabalho, em funções que em seja possível laborar à distância.

“Não sendo possível para a maioria dos trabalhadores em contexto fabril, a solução terá de passar por um aumento da capacidade de testagem e de inquéritos epidemiológicos”, diz Alberto Machado, que defende que após a confirmação um teste positivo “todos os trabalhadores devem ser alvo de despistagem”.

PS contra visão sectária

A Federação Distrital do Porto do Partido Socialista já reagiu “com surpresa e indignação” ao comunicado da sua congénere do PSD que, a propósito da situação sanitária nos concelhos de Paços de Ferreira, de Lousada e de Felgueiras, lançou “violentos ataques políticos” aos autarcas locais e responsáveis dos serviços de saúde.

Em comunicado, a distrital liderada pelo eurodeputado Manuel Pizarro lembra que o país está a menos de um ano das eleições autárquicas e “isso explica o nervosismo” do PSD. “Mas, neste momento particularmente difícil, a nossa principal prioridade é fazer chegar à população, aos autarcas, aos profissionais e aos responsáveis de saúde uma mensagem de solidariedade, disponibilizando todo o apoio necessário”, refere o PS/Porto.

Os socialistas do distrito saúdam a deslocação do primeiro-ministro a Paços de Ferreira, “numa atitude de proximidade institucional assente num sentido de compromisso e procura de respostas aos efeitos da pandemia, que devia inspirar todos os atores políticos”. A federação do PS repudia, por isso, “a visão sectária do PSD, que faz provocações levianas” que em nada ajudam ao esforço de contenção da transmissão da covid-19. “Esta pandemia atinge todos por igual. Não conhece ideologias políticas nem opções partidárias”, salienta a estrutura distrital.

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