Políticas de esquerda, salários de direita

29-06-2020
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Se o critério que norteia o enquadramento dos salários dos gestores da CGD não permite reduzir a factura – ou pelo menos não a aumentar – do custo que o seu conselho de administração tem para o erário público, existe, a meu ver, uma solução: alterar o critério. Existem, inclusive, propostas do PCP e do BE para limitar os salários dos gestores públicos ao salário do primeiro-ministro ou do presidente da República. Se existem, aqui vai uma lapalissada: é porque pode ser mudado.

Se é bom ou mau mudar, remeto para os economistas que percebem da coisa. Eu sou apenas um esquerdalho e os esquerdalhos, é sabido, não percebem nada de economia. Ou de gestão de bancos. Aquilo que eu vejo é meio plantel do BPI a chegar à Caixa no mercado de Outono, um espanhol – ai que xenófobo – que vem do Santander, aquele banco que comprou um banco português em saldo ao anterior governo, pouco depois de um canal televisivo propriedade de uma empresa da qual é um importante accionista ter lançado o pânico, com base em nada, sobre esse mesmo banco, e um alemão, que também tem um bom currículo e que tem a vantagem de ser alemão, logo um belo exemplo de gestão bancária para todos nós. Basta olhar para o Deutsche Bank para perceber que eles percebem da coisa como ninguém. Até em Portugal já há lesados.

Vejo isso, que não é necessariamente mau – e aproveito o momento para desejar os maiores sucessos à nova administração, que façam bons negócios e tragam, finalmente, prosperidade para este que de resto é apenas um dos vários bancos que nós, portugueses, possuímos – mas continuo sem perceber porque não se decide, de uma vez por todas, limitar os salários dos gestores públicos. Não nos andam a dizer, há vários anos, para vivermos dentro das nossas possibilidades? Então siga, vamos lá viver dentro das nossas possibilidades! Salário de PM ou de PR é um excelente salário! Ou vamos agora deixar que nos guiemos por um sector em que as suas referências se despenham, umas atrás das outras, sem que ninguém assuma qualquer responsabilidade para além dos otários do costume, que dedicam parte das suas vidas – e dos seus rendimentos – a resgatar bancos da sua própria incompetência ou gestão corrupta?

Custa-me, esta sensação de aparentemente estar no mesmo barco de gente que fez igual e pior, ainda que estas virgens ofendidas da oposição à direita tenham pouquíssimo moral para falar de salários de gestores públicos, ou de qualquer esquema público, diga-se, mas andar a abanar a bandeira da esquerda para depois pagar à moda da direita parece-me um péssimo princípio. A Geringonça até funciona bem, pelo menos bem melhor de que sucessivas profecias apocalípticas anunciavam, e a oportunidade para fazer outro tipo de ajustamentos, nunca dantes navegados, é, a meu ver, única. O sector privado que faça o que quiser da sua vida e que pague os salários que bem entender. Mas se vier pedir assistência financeira, que seja ajustado também. Já no sector publico, geringonçemos no sentido de vivermos dentro das nossas parcas possibilidades, pagando aquilo que podemos, ao que mais apto estiver disponível para cada função. 30 mil euros por mês é muito dinheiro. Acho que até a malta mais estusiasta do ajustamento concordará comigo e, estou certo, andará por aí alguém que fará o mesmo por um valor inferior. Até o anterior cobrava menos. E se apresentarem bons resultados, a malta até lhes pode dar um aumento. Não nos venham é com TINAs absolutas.

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Se o critério que norteia o enquadramento dos salários dos gestores da CGD não permite reduzir a factura – ou pelo menos não a aumentar – do custo que o seu conselho de administração tem para o erário público, existe, a meu ver, uma solução: alterar o critério. Existem, inclusive, propostas do PCP e do BE para limitar os salários dos gestores públicos ao salário do primeiro-ministro ou do presidente da República. Se existem, aqui vai uma lapalissada: é porque pode ser mudado.

Se é bom ou mau mudar, remeto para os economistas que percebem da coisa. Eu sou apenas um esquerdalho e os esquerdalhos, é sabido, não percebem nada de economia. Ou de gestão de bancos. Aquilo que eu vejo é meio plantel do BPI a chegar à Caixa no mercado de Outono, um espanhol – ai que xenófobo – que vem do Santander, aquele banco que comprou um banco português em saldo ao anterior governo, pouco depois de um canal televisivo propriedade de uma empresa da qual é um importante accionista ter lançado o pânico, com base em nada, sobre esse mesmo banco, e um alemão, que também tem um bom currículo e que tem a vantagem de ser alemão, logo um belo exemplo de gestão bancária para todos nós. Basta olhar para o Deutsche Bank para perceber que eles percebem da coisa como ninguém. Até em Portugal já há lesados.

Vejo isso, que não é necessariamente mau – e aproveito o momento para desejar os maiores sucessos à nova administração, que façam bons negócios e tragam, finalmente, prosperidade para este que de resto é apenas um dos vários bancos que nós, portugueses, possuímos – mas continuo sem perceber porque não se decide, de uma vez por todas, limitar os salários dos gestores públicos. Não nos andam a dizer, há vários anos, para vivermos dentro das nossas possibilidades? Então siga, vamos lá viver dentro das nossas possibilidades! Salário de PM ou de PR é um excelente salário! Ou vamos agora deixar que nos guiemos por um sector em que as suas referências se despenham, umas atrás das outras, sem que ninguém assuma qualquer responsabilidade para além dos otários do costume, que dedicam parte das suas vidas – e dos seus rendimentos – a resgatar bancos da sua própria incompetência ou gestão corrupta?

Custa-me, esta sensação de aparentemente estar no mesmo barco de gente que fez igual e pior, ainda que estas virgens ofendidas da oposição à direita tenham pouquíssimo moral para falar de salários de gestores públicos, ou de qualquer esquema público, diga-se, mas andar a abanar a bandeira da esquerda para depois pagar à moda da direita parece-me um péssimo princípio. A Geringonça até funciona bem, pelo menos bem melhor de que sucessivas profecias apocalípticas anunciavam, e a oportunidade para fazer outro tipo de ajustamentos, nunca dantes navegados, é, a meu ver, única. O sector privado que faça o que quiser da sua vida e que pague os salários que bem entender. Mas se vier pedir assistência financeira, que seja ajustado também. Já no sector publico, geringonçemos no sentido de vivermos dentro das nossas parcas possibilidades, pagando aquilo que podemos, ao que mais apto estiver disponível para cada função. 30 mil euros por mês é muito dinheiro. Acho que até a malta mais estusiasta do ajustamento concordará comigo e, estou certo, andará por aí alguém que fará o mesmo por um valor inferior. Até o anterior cobrava menos. E se apresentarem bons resultados, a malta até lhes pode dar um aumento. Não nos venham é com TINAs absolutas.

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