O lado selvagem da Europa

30-06-2020
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Uma equipa de fotógrafos europeus capturou a pujança da vida selvagem do Velho Continente.

69 fotógrafos, entre os quais os portugueses Nuno Sá e Luís Quinta. Quarenta e seis países, quinze meses, uma missão: celebrar a vida selvagem de um continente mais famoso pelos monumentos ao engenho humano do que pela preservação da natureza. No entanto, como refere um dos directores do projecto, Staffan Widstrand,“a vida selvagem está a regressar devido às determinações políticas e à mudança do estilo de vida.

Quase 20% do território está actualmente sob uma de várias formas de protecção e está em curso uma mudança profunda, à medida que os europeus trocam o espaço rural pela cidade. A vida selvagem está assim a conquistar terreno. Esta amostra de fotografias comprova-o. Juntamente com milhares de outras, expressam as Maravilhas da Vida Selvagem da Europa, uma expedição fotográfica ao coração bravio do Velho Continente.

Ver galeria 11 Fotos Defendendo o seu território, um urso-pardo brinca com a progenitora numa floresta isolada junto à fronteira entre a Finlândia e a Rússia. Os ursos-pardos são uma das espécies em recuperação um pouco por toda na Europa. Uma cabra-montês parece anã ao pé do monte Branco. Reduzida a menos de cem animais no século XIX, a população de cabras-montesas junta agora 40 mil animais, graças a projectos de reintrodução. Com muito carisma, mas pouco habitat, a coruja-cinzenta foi em tempos tida como um mau agoiro. Actualmente protegida, reivindica o território perdido e prospera. Escoltada por peixes-piloto, uma jovem tartaruga-marinha-comum navega pelo Atlântico junto aos Açores, onde todas as tartarugas se encontram protegidas. Os juvenis costumam viver perto da superfície, até 4,5 metros de profundidade, onde a água é menos fria. . Descendentes dos espécimes do Norte de África, os macacos de Gibraltar colonizaram este enclave britânico durante centenas ou milhares de anos. Para lá dos seres humanos, estes macacos são os únicos primatas europeus. Abundantes na Europa primitiva, as manadas de veados vagueiam hoje por Oostvaardersplassen, uma reserva de 5.650 hectares gerida por ecologistas. Abrindo as asas curtas, duas crias de águia-das-estepes partilham o ninho na reserva de Cherniye Zemliye. Distribuindo-se desde o Sul da Rússia à Mongólia, estas aves são oportunistas, alimentando-se de carcaças, pequenos mamíferos e outras aves. Perdendo terreno e efectivos, o esquilo-comum não é um rival à altura do esquilo-cinzento, espécie invasora, que usa a sua força para reunir alimentos e é portador de um vírus mortal para os esquilos-comuns. Atirando areia ao ar, estes machos de foca-cinzenta combatem entre si pela posse das fêmeas em Donna Nook, na costa inglesa. Nesta reserva natural, permanece uma população reprodutiva de duas mil focas. Em 1952, no bravio Leste europeu, os conservacionistas reintroduziram o bisonte-europeu na floresta polaca de Bialowieza, trazendo de volta um animal que em tempos habitara as florestas locais. Aparentada com o antílope e a cabra-montês, uma camurça atravessa um campo de neve nos Alpes italianos.

Os fotógrafos do projecto realizaram 125 missões em numerosos ecossistemas, incluindo os ambientes marinhos dos Açores, as ilhas Desertas, a costa vicentina e a floresta da laurissilva. Encontraram um continente em transição: à medida que o crescimento urbano vai engolindo os habitats selvagens, as terras agrícolas situadas em regiões menos férteis voltam a dar lugar às florestas. Esta tendência deverá manter-se até meados do século, diz o ecologista Magnus Sylven, antigo director dos programas europeus do World Wildlife Fund.

“À medida que abandonamos as zonas rurais, as plantas e os animais ocupam o nosso lugar. Não há vazios na natureza.”

Uma equipa de fotógrafos europeus capturou a pujança da vida selvagem do Velho Continente.

69 fotógrafos, entre os quais os portugueses Nuno Sá e Luís Quinta. Quarenta e seis países, quinze meses, uma missão: celebrar a vida selvagem de um continente mais famoso pelos monumentos ao engenho humano do que pela preservação da natureza. No entanto, como refere um dos directores do projecto, Staffan Widstrand,“a vida selvagem está a regressar devido às determinações políticas e à mudança do estilo de vida.

Quase 20% do território está actualmente sob uma de várias formas de protecção e está em curso uma mudança profunda, à medida que os europeus trocam o espaço rural pela cidade. A vida selvagem está assim a conquistar terreno. Esta amostra de fotografias comprova-o. Juntamente com milhares de outras, expressam as Maravilhas da Vida Selvagem da Europa, uma expedição fotográfica ao coração bravio do Velho Continente.

Ver galeria 11 Fotos Defendendo o seu território, um urso-pardo brinca com a progenitora numa floresta isolada junto à fronteira entre a Finlândia e a Rússia. Os ursos-pardos são uma das espécies em recuperação um pouco por toda na Europa. Uma cabra-montês parece anã ao pé do monte Branco. Reduzida a menos de cem animais no século XIX, a população de cabras-montesas junta agora 40 mil animais, graças a projectos de reintrodução. Com muito carisma, mas pouco habitat, a coruja-cinzenta foi em tempos tida como um mau agoiro. Actualmente protegida, reivindica o território perdido e prospera. Escoltada por peixes-piloto, uma jovem tartaruga-marinha-comum navega pelo Atlântico junto aos Açores, onde todas as tartarugas se encontram protegidas. Os juvenis costumam viver perto da superfície, até 4,5 metros de profundidade, onde a água é menos fria. . Descendentes dos espécimes do Norte de África, os macacos de Gibraltar colonizaram este enclave britânico durante centenas ou milhares de anos. Para lá dos seres humanos, estes macacos são os únicos primatas europeus. Abundantes na Europa primitiva, as manadas de veados vagueiam hoje por Oostvaardersplassen, uma reserva de 5.650 hectares gerida por ecologistas. Abrindo as asas curtas, duas crias de águia-das-estepes partilham o ninho na reserva de Cherniye Zemliye. Distribuindo-se desde o Sul da Rússia à Mongólia, estas aves são oportunistas, alimentando-se de carcaças, pequenos mamíferos e outras aves. Perdendo terreno e efectivos, o esquilo-comum não é um rival à altura do esquilo-cinzento, espécie invasora, que usa a sua força para reunir alimentos e é portador de um vírus mortal para os esquilos-comuns. Atirando areia ao ar, estes machos de foca-cinzenta combatem entre si pela posse das fêmeas em Donna Nook, na costa inglesa. Nesta reserva natural, permanece uma população reprodutiva de duas mil focas. Em 1952, no bravio Leste europeu, os conservacionistas reintroduziram o bisonte-europeu na floresta polaca de Bialowieza, trazendo de volta um animal que em tempos habitara as florestas locais. Aparentada com o antílope e a cabra-montês, uma camurça atravessa um campo de neve nos Alpes italianos.

Os fotógrafos do projecto realizaram 125 missões em numerosos ecossistemas, incluindo os ambientes marinhos dos Açores, as ilhas Desertas, a costa vicentina e a floresta da laurissilva. Encontraram um continente em transição: à medida que o crescimento urbano vai engolindo os habitats selvagens, as terras agrícolas situadas em regiões menos férteis voltam a dar lugar às florestas. Esta tendência deverá manter-se até meados do século, diz o ecologista Magnus Sylven, antigo director dos programas europeus do World Wildlife Fund.

“À medida que abandonamos as zonas rurais, as plantas e os animais ocupam o nosso lugar. Não há vazios na natureza.”

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