DOLO EVENTUAL: Dos parasitas ao polvo

01-09-2020
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1. Incoerências O Pedro Aroso no seu estilo muito próprio acusou-me de ter incorrido no paralogismo da falsa analogia (creio que podemos traduzir deste modo o “argumento” apresentado) quando lhe coloquei a questão: «não acha desconcertante que a mesma autarquia que se entretém a cortar nos subsídios à produção cultural, se arme ao mesmo tempo em promotora de espectáculos automobilísticos? Vá lá, sejamos honestos, isto não lhe parece um tudo-nada inconsequente?!»O que está aqui em causa? Rui Rio estabeleceu uma correlação entre os subsídios atribuídos à cultura e a necessidade de se reforçar o apoio social e escolar, concluíndo pela extinção dos primeiros em favor dos segundos (é claro que isto não passa de uma falácia do falso dilema, mas adiante). Aquando do famoso despacho Rui Rio justificou-se, dizendo que a atribuição destes subsídios resultam de «uma visão socialmente injusta e claramente ultrapassada, de que o Estado a todos deve e que tudo deve suportar».Pouco tempo depois, a Câmara anuncia com pompa e circunstância uma prova do Mundial de Turismo na Boavista, evento esse que aparece anunciado como uma iniciativa da própria Câmara. Ora, como não se vislumbra qualquer utilidade social imediata numa competição automobilística - tal como na arte, de resto - então deveríamos concluir que esta também não poderia usufruir de qualquer apoio por parte da autarquia, isto é, pelo menos enquanto as desigualdades sociais prevalecerem. Ou vamos acreditar que o financiamento de um grande prémio é a maneira mais óbvia de introduzir justiça social? Era só isto e mais nada a que me referia, ou seja, a uma falta de coerência aberrante por parte da Câmara no que diz e no que faz.Reparem que nunca disse que a prova não se deveria realizar. Não sou – e nunca serei – apreciador de qualquer modalidade desportiva e muito menos de qualquer forma de automobilismo, mas concedo em que até poderão decorrer daí alguns benefícios (nunca tantos como os que se aí apregoam), da mesma maneira que podemos compreender a actividade cultural em geral como uma mais valia para a cidade. Arrumar a questão com um deselegante «parasitas», como fez o meu caro, até pode ser contraproducente porque a mecânica das analogias é reversível e aí também teríamos de mimar esse evento desportivo com o mesmo epíteto. Afinal de contas também não gastam do erário público? Se se trata de um evento com um retorno económico tão grande, então porque motivo não são os privados a arcar com o investimento? Para quê gastar dinheiro que é tão escasso nos cofres muncipais?Se o problema são os seus «parasitas» então vamos ver outro exemplo de incoerência: os galeristas de Miguel Bombarda, que não pedem e não querem subsídios, ofereceram à autarquia já há demasiado tempo um projecto de requalificação da dita rua. Esse projecto foi em primeiro lugar ignorado e depois adiado indefinidamente. Apesar de ostracisados pelos poderes públicos da sua própria cidade, continuam a desempenhar a sua função cultural (e comercial). No entanto, Rui Rio tratou logo de desencantar uma solução para a Boavista quando o que estava em causa era o Grande Prémio de Clássicos, recorrendo, inclusivé, a soluções, no mínimo, discutíveis para a “requalificar” em função das necessidades desse evento efémero. Duas ruas, duas sortes diversas. 2. Feliz Natal, sr. La Féria!O facto consumou-se. O Rivoli está nas mãos do La Féria. A relação de simbiose com os preceitos culturais autárquicos promete. Será que também assinou a malfadada cláusula de auto-censura? Será que vamos ter revista a piar fininho para não incomodar os vizinhos da Praça General Humberto Delgado?Como nasci e vivi até ao 18 anos em Aveiro, sigo sempre com muita atenção o que por lá se passa. Ora, tal como no Porto, em Aveiro uma coligação PSD/CDS propõe-se a privatizar o Teatro Municipal. O Teatro Aveirense foi reabilitado há muito pouco tempo com dinheiros públicos. É um espaço de excelência, no entanto, porque para tocar guitarra é preciso ter unhas (isto é, é para uma sala destas ser viável tem de se saber programar), o Aveirense começa a pesar no bolso. Apesar de a situação ser crítica, vale sempre a pena escutar os recados que um dos responsáveis pelo Aveirense foi dando: “É uma moda em Portugal os teatros municipais serem entregues a privados, mas Aveiro não é tão apetecível como o Porto. Em todo o caso, só espero que seja um processo claro, limpo e aberto e não para entregar a A ou a B, e que as pessoas que estão no Teatro Aveirense sejam avisadas antes de qualquer concurso, para não serem apanhadas com 'as calças na mão'. E quem tem medo do La Féria? “Como ele [Filipe La Féria] não é um polvo [Hhuummnnn?...], os braços dele dificilmente chegarão aqui». Por cá é o que se sabe. Limito-me a recordar a nega que a Fundação Gomes teixeira deu à CMP: não há parecer porque "nenhum dos proponentes apresentar dados suficientemente sólidos para uma apreciação tecnicamente rigorosa". Repito: "nenhum dos proponentes apresentar dados suficientemente sólidos para uma apreciação tecnicamente rigorosa". Rigor? Qual rigor?! Feliz natal sr. La Féria!Etiquetas: Cultura, Porto

1. Incoerências O Pedro Aroso no seu estilo muito próprio acusou-me de ter incorrido no paralogismo da falsa analogia (creio que podemos traduzir deste modo o “argumento” apresentado) quando lhe coloquei a questão: «não acha desconcertante que a mesma autarquia que se entretém a cortar nos subsídios à produção cultural, se arme ao mesmo tempo em promotora de espectáculos automobilísticos? Vá lá, sejamos honestos, isto não lhe parece um tudo-nada inconsequente?!»O que está aqui em causa? Rui Rio estabeleceu uma correlação entre os subsídios atribuídos à cultura e a necessidade de se reforçar o apoio social e escolar, concluíndo pela extinção dos primeiros em favor dos segundos (é claro que isto não passa de uma falácia do falso dilema, mas adiante). Aquando do famoso despacho Rui Rio justificou-se, dizendo que a atribuição destes subsídios resultam de «uma visão socialmente injusta e claramente ultrapassada, de que o Estado a todos deve e que tudo deve suportar».Pouco tempo depois, a Câmara anuncia com pompa e circunstância uma prova do Mundial de Turismo na Boavista, evento esse que aparece anunciado como uma iniciativa da própria Câmara. Ora, como não se vislumbra qualquer utilidade social imediata numa competição automobilística - tal como na arte, de resto - então deveríamos concluir que esta também não poderia usufruir de qualquer apoio por parte da autarquia, isto é, pelo menos enquanto as desigualdades sociais prevalecerem. Ou vamos acreditar que o financiamento de um grande prémio é a maneira mais óbvia de introduzir justiça social? Era só isto e mais nada a que me referia, ou seja, a uma falta de coerência aberrante por parte da Câmara no que diz e no que faz.Reparem que nunca disse que a prova não se deveria realizar. Não sou – e nunca serei – apreciador de qualquer modalidade desportiva e muito menos de qualquer forma de automobilismo, mas concedo em que até poderão decorrer daí alguns benefícios (nunca tantos como os que se aí apregoam), da mesma maneira que podemos compreender a actividade cultural em geral como uma mais valia para a cidade. Arrumar a questão com um deselegante «parasitas», como fez o meu caro, até pode ser contraproducente porque a mecânica das analogias é reversível e aí também teríamos de mimar esse evento desportivo com o mesmo epíteto. Afinal de contas também não gastam do erário público? Se se trata de um evento com um retorno económico tão grande, então porque motivo não são os privados a arcar com o investimento? Para quê gastar dinheiro que é tão escasso nos cofres muncipais?Se o problema são os seus «parasitas» então vamos ver outro exemplo de incoerência: os galeristas de Miguel Bombarda, que não pedem e não querem subsídios, ofereceram à autarquia já há demasiado tempo um projecto de requalificação da dita rua. Esse projecto foi em primeiro lugar ignorado e depois adiado indefinidamente. Apesar de ostracisados pelos poderes públicos da sua própria cidade, continuam a desempenhar a sua função cultural (e comercial). No entanto, Rui Rio tratou logo de desencantar uma solução para a Boavista quando o que estava em causa era o Grande Prémio de Clássicos, recorrendo, inclusivé, a soluções, no mínimo, discutíveis para a “requalificar” em função das necessidades desse evento efémero. Duas ruas, duas sortes diversas. 2. Feliz Natal, sr. La Féria!O facto consumou-se. O Rivoli está nas mãos do La Féria. A relação de simbiose com os preceitos culturais autárquicos promete. Será que também assinou a malfadada cláusula de auto-censura? Será que vamos ter revista a piar fininho para não incomodar os vizinhos da Praça General Humberto Delgado?Como nasci e vivi até ao 18 anos em Aveiro, sigo sempre com muita atenção o que por lá se passa. Ora, tal como no Porto, em Aveiro uma coligação PSD/CDS propõe-se a privatizar o Teatro Municipal. O Teatro Aveirense foi reabilitado há muito pouco tempo com dinheiros públicos. É um espaço de excelência, no entanto, porque para tocar guitarra é preciso ter unhas (isto é, é para uma sala destas ser viável tem de se saber programar), o Aveirense começa a pesar no bolso. Apesar de a situação ser crítica, vale sempre a pena escutar os recados que um dos responsáveis pelo Aveirense foi dando: “É uma moda em Portugal os teatros municipais serem entregues a privados, mas Aveiro não é tão apetecível como o Porto. Em todo o caso, só espero que seja um processo claro, limpo e aberto e não para entregar a A ou a B, e que as pessoas que estão no Teatro Aveirense sejam avisadas antes de qualquer concurso, para não serem apanhadas com 'as calças na mão'. E quem tem medo do La Féria? “Como ele [Filipe La Féria] não é um polvo [Hhuummnnn?...], os braços dele dificilmente chegarão aqui». Por cá é o que se sabe. Limito-me a recordar a nega que a Fundação Gomes teixeira deu à CMP: não há parecer porque "nenhum dos proponentes apresentar dados suficientemente sólidos para uma apreciação tecnicamente rigorosa". Repito: "nenhum dos proponentes apresentar dados suficientemente sólidos para uma apreciação tecnicamente rigorosa". Rigor? Qual rigor?! Feliz natal sr. La Féria!Etiquetas: Cultura, Porto

1. Incoerências O Pedro Aroso no seu estilo muito próprio acusou-me de ter incorrido no paralogismo da falsa analogia (creio que podemos traduzir deste modo o “argumento” apresentado) quando lhe coloquei a questão: «não acha desconcertante que a mesma autarquia que se entretém a cortar nos subsídios à produção cultural, se arme ao mesmo tempo em promotora de espectáculos automobilísticos? Vá lá, sejamos honestos, isto não lhe parece um tudo-nada inconsequente?!»O que está aqui em causa? Rui Rio estabeleceu uma correlação entre os subsídios atribuídos à cultura e a necessidade de se reforçar o apoio social e escolar, concluíndo pela extinção dos primeiros em favor dos segundos (é claro que isto não passa de uma falácia do falso dilema, mas adiante). Aquando do famoso despacho Rui Rio justificou-se, dizendo que a atribuição destes subsídios resultam de «uma visão socialmente injusta e claramente ultrapassada, de que o Estado a todos deve e que tudo deve suportar».Pouco tempo depois, a Câmara anuncia com pompa e circunstância uma prova do Mundial de Turismo na Boavista, evento esse que aparece anunciado como uma iniciativa da própria Câmara. Ora, como não se vislumbra qualquer utilidade social imediata numa competição automobilística - tal como na arte, de resto - então deveríamos concluir que esta também não poderia usufruir de qualquer apoio por parte da autarquia, isto é, pelo menos enquanto as desigualdades sociais prevalecerem. Ou vamos acreditar que o financiamento de um grande prémio é a maneira mais óbvia de introduzir justiça social? Era só isto e mais nada a que me referia, ou seja, a uma falta de coerência aberrante por parte da Câmara no que diz e no que faz.Reparem que nunca disse que a prova não se deveria realizar. Não sou – e nunca serei – apreciador de qualquer modalidade desportiva e muito menos de qualquer forma de automobilismo, mas concedo em que até poderão decorrer daí alguns benefícios (nunca tantos como os que se aí apregoam), da mesma maneira que podemos compreender a actividade cultural em geral como uma mais valia para a cidade. Arrumar a questão com um deselegante «parasitas», como fez o meu caro, até pode ser contraproducente porque a mecânica das analogias é reversível e aí também teríamos de mimar esse evento desportivo com o mesmo epíteto. Afinal de contas também não gastam do erário público? Se se trata de um evento com um retorno económico tão grande, então porque motivo não são os privados a arcar com o investimento? Para quê gastar dinheiro que é tão escasso nos cofres muncipais?Se o problema são os seus «parasitas» então vamos ver outro exemplo de incoerência: os galeristas de Miguel Bombarda, que não pedem e não querem subsídios, ofereceram à autarquia já há demasiado tempo um projecto de requalificação da dita rua. Esse projecto foi em primeiro lugar ignorado e depois adiado indefinidamente. Apesar de ostracisados pelos poderes públicos da sua própria cidade, continuam a desempenhar a sua função cultural (e comercial). No entanto, Rui Rio tratou logo de desencantar uma solução para a Boavista quando o que estava em causa era o Grande Prémio de Clássicos, recorrendo, inclusivé, a soluções, no mínimo, discutíveis para a “requalificar” em função das necessidades desse evento efémero. Duas ruas, duas sortes diversas. 2. Feliz Natal, sr. La Féria!O facto consumou-se. O Rivoli está nas mãos do La Féria. A relação de simbiose com os preceitos culturais autárquicos promete. Será que também assinou a malfadada cláusula de auto-censura? Será que vamos ter revista a piar fininho para não incomodar os vizinhos da Praça General Humberto Delgado?Como nasci e vivi até ao 18 anos em Aveiro, sigo sempre com muita atenção o que por lá se passa. Ora, tal como no Porto, em Aveiro uma coligação PSD/CDS propõe-se a privatizar o Teatro Municipal. O Teatro Aveirense foi reabilitado há muito pouco tempo com dinheiros públicos. É um espaço de excelência, no entanto, porque para tocar guitarra é preciso ter unhas (isto é, é para uma sala destas ser viável tem de se saber programar), o Aveirense começa a pesar no bolso. Apesar de a situação ser crítica, vale sempre a pena escutar os recados que um dos responsáveis pelo Aveirense foi dando: “É uma moda em Portugal os teatros municipais serem entregues a privados, mas Aveiro não é tão apetecível como o Porto. Em todo o caso, só espero que seja um processo claro, limpo e aberto e não para entregar a A ou a B, e que as pessoas que estão no Teatro Aveirense sejam avisadas antes de qualquer concurso, para não serem apanhadas com 'as calças na mão'. E quem tem medo do La Féria? “Como ele [Filipe La Féria] não é um polvo [Hhuummnnn?...], os braços dele dificilmente chegarão aqui». Por cá é o que se sabe. Limito-me a recordar a nega que a Fundação Gomes teixeira deu à CMP: não há parecer porque "nenhum dos proponentes apresentar dados suficientemente sólidos para uma apreciação tecnicamente rigorosa". Repito: "nenhum dos proponentes apresentar dados suficientemente sólidos para uma apreciação tecnicamente rigorosa". Rigor? Qual rigor?! Feliz natal sr. La Féria!Etiquetas: Cultura, Porto

1. Incoerências O Pedro Aroso no seu estilo muito próprio acusou-me de ter incorrido no paralogismo da falsa analogia (creio que podemos traduzir deste modo o “argumento” apresentado) quando lhe coloquei a questão: «não acha desconcertante que a mesma autarquia que se entretém a cortar nos subsídios à produção cultural, se arme ao mesmo tempo em promotora de espectáculos automobilísticos? Vá lá, sejamos honestos, isto não lhe parece um tudo-nada inconsequente?!»O que está aqui em causa? Rui Rio estabeleceu uma correlação entre os subsídios atribuídos à cultura e a necessidade de se reforçar o apoio social e escolar, concluíndo pela extinção dos primeiros em favor dos segundos (é claro que isto não passa de uma falácia do falso dilema, mas adiante). Aquando do famoso despacho Rui Rio justificou-se, dizendo que a atribuição destes subsídios resultam de «uma visão socialmente injusta e claramente ultrapassada, de que o Estado a todos deve e que tudo deve suportar».Pouco tempo depois, a Câmara anuncia com pompa e circunstância uma prova do Mundial de Turismo na Boavista, evento esse que aparece anunciado como uma iniciativa da própria Câmara. Ora, como não se vislumbra qualquer utilidade social imediata numa competição automobilística - tal como na arte, de resto - então deveríamos concluir que esta também não poderia usufruir de qualquer apoio por parte da autarquia, isto é, pelo menos enquanto as desigualdades sociais prevalecerem. Ou vamos acreditar que o financiamento de um grande prémio é a maneira mais óbvia de introduzir justiça social? Era só isto e mais nada a que me referia, ou seja, a uma falta de coerência aberrante por parte da Câmara no que diz e no que faz.Reparem que nunca disse que a prova não se deveria realizar. Não sou – e nunca serei – apreciador de qualquer modalidade desportiva e muito menos de qualquer forma de automobilismo, mas concedo em que até poderão decorrer daí alguns benefícios (nunca tantos como os que se aí apregoam), da mesma maneira que podemos compreender a actividade cultural em geral como uma mais valia para a cidade. Arrumar a questão com um deselegante «parasitas», como fez o meu caro, até pode ser contraproducente porque a mecânica das analogias é reversível e aí também teríamos de mimar esse evento desportivo com o mesmo epíteto. Afinal de contas também não gastam do erário público? Se se trata de um evento com um retorno económico tão grande, então porque motivo não são os privados a arcar com o investimento? Para quê gastar dinheiro que é tão escasso nos cofres muncipais?Se o problema são os seus «parasitas» então vamos ver outro exemplo de incoerência: os galeristas de Miguel Bombarda, que não pedem e não querem subsídios, ofereceram à autarquia já há demasiado tempo um projecto de requalificação da dita rua. Esse projecto foi em primeiro lugar ignorado e depois adiado indefinidamente. Apesar de ostracisados pelos poderes públicos da sua própria cidade, continuam a desempenhar a sua função cultural (e comercial). No entanto, Rui Rio tratou logo de desencantar uma solução para a Boavista quando o que estava em causa era o Grande Prémio de Clássicos, recorrendo, inclusivé, a soluções, no mínimo, discutíveis para a “requalificar” em função das necessidades desse evento efémero. Duas ruas, duas sortes diversas. 2. Feliz Natal, sr. La Féria!O facto consumou-se. O Rivoli está nas mãos do La Féria. A relação de simbiose com os preceitos culturais autárquicos promete. Será que também assinou a malfadada cláusula de auto-censura? Será que vamos ter revista a piar fininho para não incomodar os vizinhos da Praça General Humberto Delgado?Como nasci e vivi até ao 18 anos em Aveiro, sigo sempre com muita atenção o que por lá se passa. Ora, tal como no Porto, em Aveiro uma coligação PSD/CDS propõe-se a privatizar o Teatro Municipal. O Teatro Aveirense foi reabilitado há muito pouco tempo com dinheiros públicos. É um espaço de excelência, no entanto, porque para tocar guitarra é preciso ter unhas (isto é, é para uma sala destas ser viável tem de se saber programar), o Aveirense começa a pesar no bolso. Apesar de a situação ser crítica, vale sempre a pena escutar os recados que um dos responsáveis pelo Aveirense foi dando: “É uma moda em Portugal os teatros municipais serem entregues a privados, mas Aveiro não é tão apetecível como o Porto. Em todo o caso, só espero que seja um processo claro, limpo e aberto e não para entregar a A ou a B, e que as pessoas que estão no Teatro Aveirense sejam avisadas antes de qualquer concurso, para não serem apanhadas com 'as calças na mão'. E quem tem medo do La Féria? “Como ele [Filipe La Féria] não é um polvo [Hhuummnnn?...], os braços dele dificilmente chegarão aqui». Por cá é o que se sabe. Limito-me a recordar a nega que a Fundação Gomes teixeira deu à CMP: não há parecer porque "nenhum dos proponentes apresentar dados suficientemente sólidos para uma apreciação tecnicamente rigorosa". Repito: "nenhum dos proponentes apresentar dados suficientemente sólidos para uma apreciação tecnicamente rigorosa". Rigor? Qual rigor?! Feliz natal sr. La Féria!Etiquetas: Cultura, Porto

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