#OPerfumista: aromas em vidro numa exposição histórica

08-06-2020
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Proponho voltarmos atrás, para uma introdução mais personalizada. Recordo-me, como se fosse ontem, o dia em que recebi do meu pai uma caixa de frascos de perfume outrora pertencentes à minha bisavó. Alguns ainda intactos, fechados, selados e nas suas caixas originais. Os meus olhos brilharam.

Guerlain, Houbigant, Coty, L.T. Piver, Giraud et Fils, Berdoues, Lalique, Robert Piguet, Chanel e Dior... ali estavam reservados para me fazer viajar. Imaginei-a a usá-los, na opulência de outros ambientes e de um tempo que já lá vai. Uma viagem mágica.

Frascos de Perfume de toucador da Ceia & Simões, Marinha Grande, Portugal

Aos poucos, fui descobrindo, um a um, abrindo cuidadosamente (os que já estavam abertos) e procurando o seu aroma, na esperança de ainda conseguir sentir uma réstia do que haviam sido e que o tempo e a natural implacável oxidação acabaram por fazer alterar ou fazer desaparecer.

Perfumes, usar sem pressa, mas sem demora

Um perfume assim, que é produzido e colocado num frasco, inicia o seu processo de envelhecimento e oxidação, o que significa que logo que o começamos a usar devemos, idealmente, continuar a usar durante os meses seguintes. Nunca mais do que um ano.

Certamente que já experimentou perfumes que ficaram esquecidos no armário ou que simplesmente foram trocados por outro - e sobre isso falaremos outro dia -, e que quando os cheira sente que estão diferentes ou que o seu aroma já não é bem o que tinha na memória...

Pois bem, é a prova de que os perfumes, como todos os prazeres da vida, devem ser consumidos sem pressa, mas sem demora. Como diz o ditado, vão-se os anéis, ficam os dedos.

Frasco do perfume Cactus, Lalique, França

Pois neste caso ficaram os frascos de vidro e as respectivas embalagens que pela antiguidade e história familiar guardei, achando que tinha um tesouro. Até que um dia conheci o Afonso Oliveira e a sua magnífica coleção de mais de 3000 frascos de perfume. Uma das maiores e mais importantes da Europa, e que agora se apresenta uma pequena, mas extraordinária, parte no Museu da Marinha Grande.

Aromas em Vidro

Frascos de Perfume da Fabrica das Gaivotas, Lisboa, Portugal

Patente até dia 16 de junho, esta mostra revisita a evolução da perfumaria apresentando algumas preciosidades produzidas em Espanha, e particularmente em França, pela Lalique, Baccarat e Guerlain ou por algumas empresas portuguesas como Fábrica-Escola Irmãos Stephens, Companhia Industrial Portuguesa/IVIMA, Centro Vidreiro do Norte, Fábrica das Gaivotas, Atlantis, entre outras, demonstrando a importância que a indústria da perfumaria portuguesa já teve e que acabou por praticamente desaparecer, até há poucos anos, quando começaram a surgir novos projectos e novas marcas nacionais.

Frascos de perfume de toucador, Fábrica Atlantis, Portugal

Nesta exposição encontram-se frascos das principais marcas portuguesas de perfumaria, parte delas já desaparecidas e outras em fase de relançamento, como Couraça, Claus & Schweder, Ach Brito, Argon, Nally e Confiança de Braga.

Conjunto de frascos da Fábrica Myrurgia, Mimosas de Oro, Suspiro de Granada e Maderas de Oriente, Espanha

Espero que esta exposição desperte a atenção de muitos pelo interesse e especificidade e suscite novos projectos perfumados com o selo Produzido em Portugal.

Imagens gentilmente cedidas pelo arquivo da Câmara Municipal da Marinha Grande - Museu do Vidro

Fotógrafo: Jorge Soares

Museu da Marinha Grande, chegar lá e horários

Praça Guilherme Stephens, 2430-522, Marinha Grande

Tel. 244 573 377

Terça-feira a domingo, das 10h às 13h e das 14h às 18h

É um apaixonado por aromas e perfumes. Formado em Composição de Perfumes na Cinquième Sens, em Paris, membro da Société Française des Parfumeurs e júri do Prémio Máxima de Beleza, Lourenço Lucena cria perfumes e organiza formações e eventos, sempre em torno deste universo mágico. Adoramos fazer com ele esta viagem olfactiva.

Proponho voltarmos atrás, para uma introdução mais personalizada. Recordo-me, como se fosse ontem, o dia em que recebi do meu pai uma caixa de frascos de perfume outrora pertencentes à minha bisavó. Alguns ainda intactos, fechados, selados e nas suas caixas originais. Os meus olhos brilharam.

Guerlain, Houbigant, Coty, L.T. Piver, Giraud et Fils, Berdoues, Lalique, Robert Piguet, Chanel e Dior... ali estavam reservados para me fazer viajar. Imaginei-a a usá-los, na opulência de outros ambientes e de um tempo que já lá vai. Uma viagem mágica.

Frascos de Perfume de toucador da Ceia & Simões, Marinha Grande, Portugal

Aos poucos, fui descobrindo, um a um, abrindo cuidadosamente (os que já estavam abertos) e procurando o seu aroma, na esperança de ainda conseguir sentir uma réstia do que haviam sido e que o tempo e a natural implacável oxidação acabaram por fazer alterar ou fazer desaparecer.

Perfumes, usar sem pressa, mas sem demora

Um perfume assim, que é produzido e colocado num frasco, inicia o seu processo de envelhecimento e oxidação, o que significa que logo que o começamos a usar devemos, idealmente, continuar a usar durante os meses seguintes. Nunca mais do que um ano.

Certamente que já experimentou perfumes que ficaram esquecidos no armário ou que simplesmente foram trocados por outro - e sobre isso falaremos outro dia -, e que quando os cheira sente que estão diferentes ou que o seu aroma já não é bem o que tinha na memória...

Pois bem, é a prova de que os perfumes, como todos os prazeres da vida, devem ser consumidos sem pressa, mas sem demora. Como diz o ditado, vão-se os anéis, ficam os dedos.

Frasco do perfume Cactus, Lalique, França

Pois neste caso ficaram os frascos de vidro e as respectivas embalagens que pela antiguidade e história familiar guardei, achando que tinha um tesouro. Até que um dia conheci o Afonso Oliveira e a sua magnífica coleção de mais de 3000 frascos de perfume. Uma das maiores e mais importantes da Europa, e que agora se apresenta uma pequena, mas extraordinária, parte no Museu da Marinha Grande.

Aromas em Vidro

Frascos de Perfume da Fabrica das Gaivotas, Lisboa, Portugal

Patente até dia 16 de junho, esta mostra revisita a evolução da perfumaria apresentando algumas preciosidades produzidas em Espanha, e particularmente em França, pela Lalique, Baccarat e Guerlain ou por algumas empresas portuguesas como Fábrica-Escola Irmãos Stephens, Companhia Industrial Portuguesa/IVIMA, Centro Vidreiro do Norte, Fábrica das Gaivotas, Atlantis, entre outras, demonstrando a importância que a indústria da perfumaria portuguesa já teve e que acabou por praticamente desaparecer, até há poucos anos, quando começaram a surgir novos projectos e novas marcas nacionais.

Frascos de perfume de toucador, Fábrica Atlantis, Portugal

Nesta exposição encontram-se frascos das principais marcas portuguesas de perfumaria, parte delas já desaparecidas e outras em fase de relançamento, como Couraça, Claus & Schweder, Ach Brito, Argon, Nally e Confiança de Braga.

Conjunto de frascos da Fábrica Myrurgia, Mimosas de Oro, Suspiro de Granada e Maderas de Oriente, Espanha

Espero que esta exposição desperte a atenção de muitos pelo interesse e especificidade e suscite novos projectos perfumados com o selo Produzido em Portugal.

Imagens gentilmente cedidas pelo arquivo da Câmara Municipal da Marinha Grande - Museu do Vidro

Fotógrafo: Jorge Soares

Museu da Marinha Grande, chegar lá e horários

Praça Guilherme Stephens, 2430-522, Marinha Grande

Tel. 244 573 377

Terça-feira a domingo, das 10h às 13h e das 14h às 18h

É um apaixonado por aromas e perfumes. Formado em Composição de Perfumes na Cinquième Sens, em Paris, membro da Société Française des Parfumeurs e júri do Prémio Máxima de Beleza, Lourenço Lucena cria perfumes e organiza formações e eventos, sempre em torno deste universo mágico. Adoramos fazer com ele esta viagem olfactiva.

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