Inflexão

22-06-2020
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Retomando uma questão que me preocupa há bastante tempo.

Tsipras ainda não tinha tomado posse e duas coisas já eram claras: vamos ter muita comparação para fazer, abusiva ou não, e vamos ter muita pedra para partir, no que respeita à escolha do partido ANEL para parceiro de coligação.

I
Sobre o primeiro problema, já se escreveu bastante. Alexandre Afonso escreve aqui sobre um efeito concreto, que pode explicar a razão pela qual o PS e o PSOE parecem apostados em cavalgar a vitória da SYRIZA: a política de cartel não tem sucesso garantido; os processos políticos não são sempre domesticáveis por pressões económicas indistintas; e, por fim, podemos comparar os países do sul da Europa, mas precisamos de ter cuidado com as comparações. O sistema político português tem pouco a ver com o sistema político grego. A cultura política portuguesa tem muito pouco a ver com a cultura política grega. A Espanha não é a Turquia, a não ser que alguém considere Olivença "uma questão" semelhante à do Chipre.

É evidente que podemos identificar um número elevado de semelhanças: de acordo com critérios minimalistas, são democracias liberais consolidadas, partilham a mesma moeda e um conjunto de tratados internacionais, incluindo aqueles que configuram a UE e a UEM. Ambos os países foram ou são alvo de programas de ajustamento estrutural e transferência de rendimento entre o trabalho e o capital. Tudo isto é verdade, mas o comentariado televisivo compara a Grécia a Portugal com a mesma habilidade com que um chimpanzé pinta um Vermeer.

Retomando uma questão que me preocupa há bastante tempo.

Tsipras ainda não tinha tomado posse e duas coisas já eram claras: vamos ter muita comparação para fazer, abusiva ou não, e vamos ter muita pedra para partir, no que respeita à escolha do partido ANEL para parceiro de coligação.

I
Sobre o primeiro problema, já se escreveu bastante. Alexandre Afonso escreve aqui sobre um efeito concreto, que pode explicar a razão pela qual o PS e o PSOE parecem apostados em cavalgar a vitória da SYRIZA: a política de cartel não tem sucesso garantido; os processos políticos não são sempre domesticáveis por pressões económicas indistintas; e, por fim, podemos comparar os países do sul da Europa, mas precisamos de ter cuidado com as comparações. O sistema político português tem pouco a ver com o sistema político grego. A cultura política portuguesa tem muito pouco a ver com a cultura política grega. A Espanha não é a Turquia, a não ser que alguém considere Olivença "uma questão" semelhante à do Chipre.

É evidente que podemos identificar um número elevado de semelhanças: de acordo com critérios minimalistas, são democracias liberais consolidadas, partilham a mesma moeda e um conjunto de tratados internacionais, incluindo aqueles que configuram a UE e a UEM. Ambos os países foram ou são alvo de programas de ajustamento estrutural e transferência de rendimento entre o trabalho e o capital. Tudo isto é verdade, mas o comentariado televisivo compara a Grécia a Portugal com a mesma habilidade com que um chimpanzé pinta um Vermeer.

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