Porto: "Onde vais cidade?"

26-11-2019
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No Porto, as águas andam agitadas. Os movimentos de cidadãos que foram despertando em resposta a situações e contextos específicos, procuram agora uma plataforma de convergência (ver: PÚBLICO). Entretanto, saiu um manifesto que se reproduz aqui em baixo. Quem concordar com o seu conteúdo pode subscrevê-lo aqui.

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Manifesto pela Cidade do Porto: “Onde vais cidade?”

Aos cidadãos e cidadõs do Porto

Manifesto pela Cidade do Porto: “Onde vais cidade?”

«A cidade: por onde fores, ela irá». Estes versos do poeta grego Konstandinos Kavafis evocam a condição de cidadão e habitante da polis – transportaremos os valores e princípios da cidade onde quer que estejamos, qualquer que seja o nosso trajecto. O que nos leva então para fora dela? Porque não a reconhecemos e não nos reconhecemos nela? O que acontece quando esses valores e princípios se degradam? Quando a cidade perde legibilidade e carga identitária? Quando a cultura na e da cidade é vista como inimiga a abater? Quando a arte e o quotidiano se dissociam? Quando a mobilidade é um direito cada vez menos partilhado? Quando a vida e a expressão se desvitalizam? Quando uma anomia implosiva nos faz ter medo da cidade limitando-nos aos espaços protegidos de consumo? Quando a mistura social é cada vez menos frequente, empobrecendo a diversidade nos e dos espaços públicos? Quando as políticas de habitação expulsam largas franjas da população dualizando o tecido social? Quando a cidade se fecha à articulação com territórios mais amplos? Quando a sustentabilidade é uma miragem que encarece a dívida para com as gerações vindouras? Quando a participação é vista como ataque e escarnecida? Quando nos roubam a memória e os espaços dos afectos e das relações? Quando o poder instalado odeia o conhecimento, a crí­tica e a insurgência? Quando a «cidade comum» se desagrega, frágil, aos nossos olhos?

A cidade que de que falamos não é uma cidade qualquer. É a nossa cidade. É do Porto que falamos. É de nós que falamos.

É negligência cívica adiar por mais tempo a construção de uma imagem de clareza e de justiça e enfraquecer a vitalidade de uma alternativa.

É negligência cívica adiar a urgência de propostas que reinventem a participação nos processos de decisão, desde a formulação e aplicação de orçamentos até à definição das grandes intervenções urbanísticas e ambientais.

É negligência cívica adiar a acção descentralizada e pluridisciplinar ao nível das freguesias e dos bairros.

É negligência cívica adiar um projecto de internacionalização da cidade que se quer simultaneamente identitária e cosmopolita, firme nas suas raízes mas aberta à interpelação da diferença social, de género, de etnia e orientação sexual – uma cidade de cidadãos e cidadõs do mundo a partir daqui e de agora.

É negligência cívica adiar o resgate da cidade plural e popular, inclemente com os poderosos, amiga do emprego e dos serviços públicos, solidária e redistributiva.

Os signatários apelam ao envolvimento de todas e todos num profundo processo de mudança e de ruptura com os interesses há muito instalados e com o conservadorismo persecutório e clientelar. A re-apropriação da cidade pelos cidadãos tem que obedecer a uma nova lógica de partilha de recursos, de pensar a cidade no diálogo e tensão crí­tica entre as pessoas e entre estas e o território que habitam.

Sem se considerarem detentores de qualquer verdade, convocam os cidadãos e cidadõs do Porto, portugueses e estrangeiros, a assinarem este manifesto que desaguará brevemente numa ampla reunião plenária e posteriormente num fórum de debate e concretização duma alternativa justa, solidária e insurgente.

PRIMEIROS SUBSCRITORES: Abel Azevedo (professor); Ada Pereira da Silva (actriz); Adelina Freitas (assistente social e autarca); Alda Sousa (professora no ICBAS); Alexandre Ferreira (membro da Associação de Cidadãos do Porto); Alexandre Guedes de Oliveira (arquitecto); Amândio Jorge Morais Barros (historiador); Amarante Abramovici (cineasta); Ana Isabel Pinto (professora na FPCE-UP); Ana Luísa Amaral (poetisa e professora); Angelina Carvalho (professora e autarca); António Soares Luz (despachante oficial); Carla Cruz (artista plástica); Catarina Martins (actriz); Catarina Matias (médica); Catarina Paiva (gestora de perecíveis); Célio Costa (arquitecto); Conceição Nogueira (professora universitária, Psicologia); Esmeralda Mateus (membro da Associação de Moradores de Aldoar); Eunice Macedo (doutoranda em Educação); Fátima Grácio (presidente da Fundação Cuidar o Futuro); Felizardo Boene (professor); Fernando José Pereira (artista Plástico); Francisco Beja (professor da ESMAE); Francisco Gil Silva (professor de História); Gabriel Torcato David (professor da FE-UP); Gaspar Martins Pereira (historiador e professor da FL-UP); Helder Trigo Gomes Marques (geógrafo e professor da FL-UP); Henrique Vaz (professor da FPCE-UP); Horácio Lourenço (professor); Ilda Seara (arquitecta); Inês Carvalho (educadora social); Inês Duarte (professora); Irene Cortesão Costa (professora); Isabel Lhano (pintora); Isabel Soares (psícologa, UM); Isaura Melo (jurista); João Teixeira Lopes (sociólogo e professor da FL-UP); Joel Oliveira (vendedor); Jorge Bateira (economista); Jorge Campos (professor); Jorge Martins (investigador do CIIE da FPCE-UP); Jorge Sequeiros (médico e professor universitário); José A. Rio Fernandes (geógrafo e professor da FL-UP); José Alberto Lencastre (professor do Instituto Piaget); José Alberto Reis (assistente social e professor do ISSSP); José Caldas (actor); José Carlos Marques (ecologista); José Carvalheiro (engenheiro); José Dinis Machado (arquitecto); José Leitão (director do Teatro Art’Imagem); José Maria Silva (membro do Movimento de Intervenção e Cidadania da Região do Porto); José Oliveira (arquitecto); José Paiva (artista plástico); José Rafael Tormenta (professor e sindicalista); José Roseira; José Soeiro (sociólogo); Lídia Costa (arquitecta); Luís da Silva (ilustrador); Luis Violante (técnico de comunicação); Luísa Ferreira da Silva (professora); Luísa Moreira (profissional do circo); Luísa Valente (arquitecta); Luíza Cortesão (professora emérita da UP); Lurdes Fidalgo (psicóloga); Mafalda Sousa (engenheira do Ambiente e membro da Associação Campo Aberto); Manuel Correia Fernandes (arquitecto e professor da FA-UP); Manuel Martins; Manuel Matos (professor na FPCE-UP); Manuel Vasconcelos (engenheiro); Manuel Vitorino (jornalista); Manuela Juncal (arquitecta); Manuela Terrasêca (professora da FPCE-UP); Maria José Araújo(investigadora na FPCE-UP); Mário Moutinho (actor e director do FITEI); Miguel Guedes (vocalista dos Blind Zero); Moisés Ferreira (psicólogo); Natércia Pacheco (professora da FPCE-UP); Nuno Quental (investigador e membro da Associação Campo Aberto); Paula Sequeiros(bibliotecária); Paulo Praça (músico); Pedro Bacelar de Vasconcelos (jurista e autarca); Pedro Macedo (investigador da Universidade Católica); Regina Guimarões (escritora); Renato Borges Araújo Soeiro (Músico,estudante da FC-UP); Renato Soeiro (engenheiro); Rita Raínho (estudante); Sara Canelhas Azevedo de Sousa (professora); Serafim Silva (membro da Associação Onda Verde); Sofia Neves (professora universitária e investigadora); Susana Medina (museóloga e programadora cultural); Tiago Assis (designer e assistente da FBA-UP); Tiago Azevedo Fernandes (blogger de “A Baixa do Porto”); Valter Hugo Mõe (escritor); Vítor Martins (filósofo e professor da FBA-UP); Walter Almeida (animador).

Nota: foto retirada do blog http://cidadesurpreendente.blogspot.com/

David Afonso

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No Porto, as águas andam agitadas. Os movimentos de cidadãos que foram despertando em resposta a situações e contextos específicos, procuram agora uma plataforma de convergência (ver: PÚBLICO). Entretanto, saiu um manifesto que se reproduz aqui em baixo. Quem concordar com o seu conteúdo pode subscrevê-lo aqui.

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Manifesto pela Cidade do Porto: “Onde vais cidade?”

Aos cidadãos e cidadõs do Porto

Manifesto pela Cidade do Porto: “Onde vais cidade?”

«A cidade: por onde fores, ela irá». Estes versos do poeta grego Konstandinos Kavafis evocam a condição de cidadão e habitante da polis – transportaremos os valores e princípios da cidade onde quer que estejamos, qualquer que seja o nosso trajecto. O que nos leva então para fora dela? Porque não a reconhecemos e não nos reconhecemos nela? O que acontece quando esses valores e princípios se degradam? Quando a cidade perde legibilidade e carga identitária? Quando a cultura na e da cidade é vista como inimiga a abater? Quando a arte e o quotidiano se dissociam? Quando a mobilidade é um direito cada vez menos partilhado? Quando a vida e a expressão se desvitalizam? Quando uma anomia implosiva nos faz ter medo da cidade limitando-nos aos espaços protegidos de consumo? Quando a mistura social é cada vez menos frequente, empobrecendo a diversidade nos e dos espaços públicos? Quando as políticas de habitação expulsam largas franjas da população dualizando o tecido social? Quando a cidade se fecha à articulação com territórios mais amplos? Quando a sustentabilidade é uma miragem que encarece a dívida para com as gerações vindouras? Quando a participação é vista como ataque e escarnecida? Quando nos roubam a memória e os espaços dos afectos e das relações? Quando o poder instalado odeia o conhecimento, a crí­tica e a insurgência? Quando a «cidade comum» se desagrega, frágil, aos nossos olhos?

A cidade que de que falamos não é uma cidade qualquer. É a nossa cidade. É do Porto que falamos. É de nós que falamos.

É negligência cívica adiar por mais tempo a construção de uma imagem de clareza e de justiça e enfraquecer a vitalidade de uma alternativa.

É negligência cívica adiar a urgência de propostas que reinventem a participação nos processos de decisão, desde a formulação e aplicação de orçamentos até à definição das grandes intervenções urbanísticas e ambientais.

É negligência cívica adiar a acção descentralizada e pluridisciplinar ao nível das freguesias e dos bairros.

É negligência cívica adiar um projecto de internacionalização da cidade que se quer simultaneamente identitária e cosmopolita, firme nas suas raízes mas aberta à interpelação da diferença social, de género, de etnia e orientação sexual – uma cidade de cidadãos e cidadõs do mundo a partir daqui e de agora.

É negligência cívica adiar o resgate da cidade plural e popular, inclemente com os poderosos, amiga do emprego e dos serviços públicos, solidária e redistributiva.

Os signatários apelam ao envolvimento de todas e todos num profundo processo de mudança e de ruptura com os interesses há muito instalados e com o conservadorismo persecutório e clientelar. A re-apropriação da cidade pelos cidadãos tem que obedecer a uma nova lógica de partilha de recursos, de pensar a cidade no diálogo e tensão crí­tica entre as pessoas e entre estas e o território que habitam.

Sem se considerarem detentores de qualquer verdade, convocam os cidadãos e cidadõs do Porto, portugueses e estrangeiros, a assinarem este manifesto que desaguará brevemente numa ampla reunião plenária e posteriormente num fórum de debate e concretização duma alternativa justa, solidária e insurgente.

PRIMEIROS SUBSCRITORES: Abel Azevedo (professor); Ada Pereira da Silva (actriz); Adelina Freitas (assistente social e autarca); Alda Sousa (professora no ICBAS); Alexandre Ferreira (membro da Associação de Cidadãos do Porto); Alexandre Guedes de Oliveira (arquitecto); Amândio Jorge Morais Barros (historiador); Amarante Abramovici (cineasta); Ana Isabel Pinto (professora na FPCE-UP); Ana Luísa Amaral (poetisa e professora); Angelina Carvalho (professora e autarca); António Soares Luz (despachante oficial); Carla Cruz (artista plástica); Catarina Martins (actriz); Catarina Matias (médica); Catarina Paiva (gestora de perecíveis); Célio Costa (arquitecto); Conceição Nogueira (professora universitária, Psicologia); Esmeralda Mateus (membro da Associação de Moradores de Aldoar); Eunice Macedo (doutoranda em Educação); Fátima Grácio (presidente da Fundação Cuidar o Futuro); Felizardo Boene (professor); Fernando José Pereira (artista Plástico); Francisco Beja (professor da ESMAE); Francisco Gil Silva (professor de História); Gabriel Torcato David (professor da FE-UP); Gaspar Martins Pereira (historiador e professor da FL-UP); Helder Trigo Gomes Marques (geógrafo e professor da FL-UP); Henrique Vaz (professor da FPCE-UP); Horácio Lourenço (professor); Ilda Seara (arquitecta); Inês Carvalho (educadora social); Inês Duarte (professora); Irene Cortesão Costa (professora); Isabel Lhano (pintora); Isabel Soares (psícologa, UM); Isaura Melo (jurista); João Teixeira Lopes (sociólogo e professor da FL-UP); Joel Oliveira (vendedor); Jorge Bateira (economista); Jorge Campos (professor); Jorge Martins (investigador do CIIE da FPCE-UP); Jorge Sequeiros (médico e professor universitário); José A. Rio Fernandes (geógrafo e professor da FL-UP); José Alberto Lencastre (professor do Instituto Piaget); José Alberto Reis (assistente social e professor do ISSSP); José Caldas (actor); José Carlos Marques (ecologista); José Carvalheiro (engenheiro); José Dinis Machado (arquitecto); José Leitão (director do Teatro Art’Imagem); José Maria Silva (membro do Movimento de Intervenção e Cidadania da Região do Porto); José Oliveira (arquitecto); José Paiva (artista plástico); José Rafael Tormenta (professor e sindicalista); José Roseira; José Soeiro (sociólogo); Lídia Costa (arquitecta); Luís da Silva (ilustrador); Luis Violante (técnico de comunicação); Luísa Ferreira da Silva (professora); Luísa Moreira (profissional do circo); Luísa Valente (arquitecta); Luíza Cortesão (professora emérita da UP); Lurdes Fidalgo (psicóloga); Mafalda Sousa (engenheira do Ambiente e membro da Associação Campo Aberto); Manuel Correia Fernandes (arquitecto e professor da FA-UP); Manuel Martins; Manuel Matos (professor na FPCE-UP); Manuel Vasconcelos (engenheiro); Manuel Vitorino (jornalista); Manuela Juncal (arquitecta); Manuela Terrasêca (professora da FPCE-UP); Maria José Araújo(investigadora na FPCE-UP); Mário Moutinho (actor e director do FITEI); Miguel Guedes (vocalista dos Blind Zero); Moisés Ferreira (psicólogo); Natércia Pacheco (professora da FPCE-UP); Nuno Quental (investigador e membro da Associação Campo Aberto); Paula Sequeiros(bibliotecária); Paulo Praça (músico); Pedro Bacelar de Vasconcelos (jurista e autarca); Pedro Macedo (investigador da Universidade Católica); Regina Guimarões (escritora); Renato Borges Araújo Soeiro (Músico,estudante da FC-UP); Renato Soeiro (engenheiro); Rita Raínho (estudante); Sara Canelhas Azevedo de Sousa (professora); Serafim Silva (membro da Associação Onda Verde); Sofia Neves (professora universitária e investigadora); Susana Medina (museóloga e programadora cultural); Tiago Assis (designer e assistente da FBA-UP); Tiago Azevedo Fernandes (blogger de “A Baixa do Porto”); Valter Hugo Mõe (escritor); Vítor Martins (filósofo e professor da FBA-UP); Walter Almeida (animador).

Nota: foto retirada do blog http://cidadesurpreendente.blogspot.com/

David Afonso

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