A Destreza das Dúvidas: O Word-Doc dos CTT Expresso

13-03-2020
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Eu sofro de uma doença qualquer que causa que eu compre coisas para as minhas amigas. Lá em casa tenho várias caixas e gavetas onde guardo o meu espólio, isto porque as minhas amigas andam espalhadas pelo mundo, especialmente por Portugal e os EUA. De vez em quando, lá tenho de enviar as coisas que compro às amigas. Detesto enviar coisas para Portugal porque é um pesadelo. No dia 7 de Maio tomei um comprimido de sado-masoquismo e decidi enviar três pacotes para Portugal. Dois chegaram às destinatárias; um encalhou.
Agora, com a Internet, é fácil de ver o que acontece aos pacotes internacionais. O pacote encalhado, que devia ter sido entregue em Lisboa, foi aceite, no dia 7/5/2016 -- um Sábado --, em Bellaire; foi para o Norte de Houston, depois aterrou em Chicago, foi dar uma volta a Istambul, na Turquia, e no dia 17 de Maio foi apresentado à Alfândega em Lisboa. Eu sei isto porque o formulário da alfândega que eu preenchi nos EUA para poder enviar o pacote tem um número identificativo que é usado pelos correios americanos e portugueses para acompanhar a encomenda (Figura 1). O percurso que os CTT apresentam (Figura 2) não é tão detalhado como o apresentado pelo United States Portal Service.
Alguns dias depois do pacote entrar na Alfândega, a minha amiga recebeu correspondência do despachante da CTT Expresso para apresentar a factura comercial/documento comprovativo de pagamento da encomenda. Ora, o documento de alfândega que eu preenchi nos EUA (Figura 3) dizia que o pacote era uma prenda, pois eu marquei o quadradinho "gift", e o valor declarado foi $35, logo nem sequer está sujeito a taxas de alfândega, pois o valor limite é €45. Enviei fotos à minha amiga do formulário que eu preenchi e ela encaminhou para o despachante.
No dia 9/6/2016, o despachante responde à minha amiga a dizer que falta o documento de alfândega preenchido e que eu o teria de preencher e assinar. Em anexo, envia um ficheiro em PDF com uma declaração para eu preencher (Figura 4). Quando eu abro o documento em Adobe Acrobat e olho para as propriedades, fico a saber que foi criado em MS Word em 12/6/2005 (Figura 5)! Sim, há 11 anos. O autor do ficheiro foi um tal de Lusocuanza. O ficheiro não tem o nome do organismo que o criou, nem um número, nada. Qualquer idiota com um mínimo de conhecimento de MS Word faz um "documento" daqueles em casa, o que levanta questões acerca da legitimidade da coisa.
Sinceramente, a forma como se trabalha em Portugal é uma anedota. A Alfândega não consegue processar uma encomenda sem armar confusão, os CTT Expresso, que me dizem tem o APCC Best Contact Center 2015, não consegue resolver o problema prontamente -- eles têm uma foto do documento de alfândega oficial entregue nos correios americanos, para que é que é preciso preencher outro formulário, que nem é nada oficial? Quem é o idiota que quer fazer negócio com Portugal com pessoas a trabalhar assim?
Amanhã irá fazer um mês que esta encomenda está encalhada na alfândega. É mais outra para a minha colecção. Paguei $46 (€41) para a enviar, o que não é uma quantia assim tão trivial.

Figura 1. Trajecto da encomenda de acordo com o United States Postal Service
Figura 2. Trajecto da encomenda de acordo com os CTT
Figura 3. Formulário que eu preenchi quando enviei a encomenda, e que está colado na caixa
Figura 4. Formulário que o despachante dos CTT Expresso me mandou preencher
Figura 5. Propriedades do ficheiro do formulário enviado pelo despachante dos CTT Expresso


Eu sofro de uma doença qualquer que causa que eu compre coisas para as minhas amigas. Lá em casa tenho várias caixas e gavetas onde guardo o meu espólio, isto porque as minhas amigas andam espalhadas pelo mundo, especialmente por Portugal e os EUA. De vez em quando, lá tenho de enviar as coisas que compro às amigas. Detesto enviar coisas para Portugal porque é um pesadelo. No dia 7 de Maio tomei um comprimido de sado-masoquismo e decidi enviar três pacotes para Portugal. Dois chegaram às destinatárias; um encalhou.
Agora, com a Internet, é fácil de ver o que acontece aos pacotes internacionais. O pacote encalhado, que devia ter sido entregue em Lisboa, foi aceite, no dia 7/5/2016 -- um Sábado --, em Bellaire; foi para o Norte de Houston, depois aterrou em Chicago, foi dar uma volta a Istambul, na Turquia, e no dia 17 de Maio foi apresentado à Alfândega em Lisboa. Eu sei isto porque o formulário da alfândega que eu preenchi nos EUA para poder enviar o pacote tem um número identificativo que é usado pelos correios americanos e portugueses para acompanhar a encomenda (Figura 1). O percurso que os CTT apresentam (Figura 2) não é tão detalhado como o apresentado pelo United States Portal Service.
Alguns dias depois do pacote entrar na Alfândega, a minha amiga recebeu correspondência do despachante da CTT Expresso para apresentar a factura comercial/documento comprovativo de pagamento da encomenda. Ora, o documento de alfândega que eu preenchi nos EUA (Figura 3) dizia que o pacote era uma prenda, pois eu marquei o quadradinho "gift", e o valor declarado foi $35, logo nem sequer está sujeito a taxas de alfândega, pois o valor limite é €45. Enviei fotos à minha amiga do formulário que eu preenchi e ela encaminhou para o despachante.
No dia 9/6/2016, o despachante responde à minha amiga a dizer que falta o documento de alfândega preenchido e que eu o teria de preencher e assinar. Em anexo, envia um ficheiro em PDF com uma declaração para eu preencher (Figura 4). Quando eu abro o documento em Adobe Acrobat e olho para as propriedades, fico a saber que foi criado em MS Word em 12/6/2005 (Figura 5)! Sim, há 11 anos. O autor do ficheiro foi um tal de Lusocuanza. O ficheiro não tem o nome do organismo que o criou, nem um número, nada. Qualquer idiota com um mínimo de conhecimento de MS Word faz um "documento" daqueles em casa, o que levanta questões acerca da legitimidade da coisa.
Sinceramente, a forma como se trabalha em Portugal é uma anedota. A Alfândega não consegue processar uma encomenda sem armar confusão, os CTT Expresso, que me dizem tem o APCC Best Contact Center 2015, não consegue resolver o problema prontamente -- eles têm uma foto do documento de alfândega oficial entregue nos correios americanos, para que é que é preciso preencher outro formulário, que nem é nada oficial? Quem é o idiota que quer fazer negócio com Portugal com pessoas a trabalhar assim?
Amanhã irá fazer um mês que esta encomenda está encalhada na alfândega. É mais outra para a minha colecção. Paguei $46 (€41) para a enviar, o que não é uma quantia assim tão trivial.

Figura 1. Trajecto da encomenda de acordo com o United States Postal Service
Figura 2. Trajecto da encomenda de acordo com os CTT
Figura 3. Formulário que eu preenchi quando enviei a encomenda, e que está colado na caixa
Figura 4. Formulário que o despachante dos CTT Expresso me mandou preencher
Figura 5. Propriedades do ficheiro do formulário enviado pelo despachante dos CTT Expresso

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