portugal dos pequeninos: I AM NOT MY OWN SUBJECT

07-01-2020
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Por falar em autofagia, só agora me ocorreu que este Portugal dos Pequeninos - que, verdadeiramente, data do tempo em que o rei fundador deu pancada na mãe e a encarcerou, no que foi um irremediável belo começo - cumpriu há uma semana o seu quarto aniversário. De lá para cá, mudou muita coisa na vida colectiva e alguma coisa na vida privada do autor. No fundamental, Portugal agravou-se em matéria de frequência, de má frequência. O país está mal frequentado um pouco por todo o lado. Os autoctónes não se respeitam nem se sabem dar ao respeito. Respeito por eles mesmos, e não respeitinho, o dos sempre vergados a quem manda, mandem onde mandarem. Má frequência, ainda, pela ausência de elites. O lumpen - o real, o intelectual e o ético - ascendeu a todas as cadeiras. Somos dirigidos por pequenos mestres da suspeita, para recorrer a uma figura simultaneamente da filosofia e de porteira. A sociedade e o país declinam e precipitam-se para qualquer coisa de profundamente mau. A "maioria silenciosa" vai de férias mas não consegue expulsar nas águas e nas montanhas o horror inconsciente de si mesma. A democracia, essa, há muito que está de férias sob o olhar atento e ambíguo de um nadador-salvador que não sabe nadar: Sócrates. "Estou" anti-democrata e sozinho porque não me consinto o gesto de comungar com pulhas. A minha qualidade de vida passa pela distância e por ser impiedoso para com esta vasta sacristia de democratas saídos, como brindes, da farinha Amparo. Por isso este blogue mudou e eu nele. Sei que não foi para meu bem porque a canzoada aprecia a certeza, a sobriedade e a ordem. Eu aprecio isso no direito, que estudei e aplico, mas gosto de resfolegar na não normatividade no resto. Em um ano, só me apareceu um maldito que valesse a pena, e desgraçadamente é francês, apesar de mandar um pouco no mundo. Nós também precisamos de um maldito a sério porque há que expulsar os bandidos que nos crucificam e martirizam. Sempre entendi que não podemos viver sem símbolos. Salazar "regressou" simbolicamente ao arrepio de um canal de televisão controlado de alto a baixo. Talvez para se "redimir", a senhora que organizou o programa acabou na comissão de honra de um candidato à CML que representa - não o homem, mas o político - a nomenclatura contra quem Salazar se bateu uma vida inteira. E não, isto não é um elogio a essa candidatura. É melancolicamente um lamento. Continuamos com a energia dos malditos contra as osgas e o tempo. I am not my own subject.


Por falar em autofagia, só agora me ocorreu que este Portugal dos Pequeninos - que, verdadeiramente, data do tempo em que o rei fundador deu pancada na mãe e a encarcerou, no que foi um irremediável belo começo - cumpriu há uma semana o seu quarto aniversário. De lá para cá, mudou muita coisa na vida colectiva e alguma coisa na vida privada do autor. No fundamental, Portugal agravou-se em matéria de frequência, de má frequência. O país está mal frequentado um pouco por todo o lado. Os autoctónes não se respeitam nem se sabem dar ao respeito. Respeito por eles mesmos, e não respeitinho, o dos sempre vergados a quem manda, mandem onde mandarem. Má frequência, ainda, pela ausência de elites. O lumpen - o real, o intelectual e o ético - ascendeu a todas as cadeiras. Somos dirigidos por pequenos mestres da suspeita, para recorrer a uma figura simultaneamente da filosofia e de porteira. A sociedade e o país declinam e precipitam-se para qualquer coisa de profundamente mau. A "maioria silenciosa" vai de férias mas não consegue expulsar nas águas e nas montanhas o horror inconsciente de si mesma. A democracia, essa, há muito que está de férias sob o olhar atento e ambíguo de um nadador-salvador que não sabe nadar: Sócrates. "Estou" anti-democrata e sozinho porque não me consinto o gesto de comungar com pulhas. A minha qualidade de vida passa pela distância e por ser impiedoso para com esta vasta sacristia de democratas saídos, como brindes, da farinha Amparo. Por isso este blogue mudou e eu nele. Sei que não foi para meu bem porque a canzoada aprecia a certeza, a sobriedade e a ordem. Eu aprecio isso no direito, que estudei e aplico, mas gosto de resfolegar na não normatividade no resto. Em um ano, só me apareceu um maldito que valesse a pena, e desgraçadamente é francês, apesar de mandar um pouco no mundo. Nós também precisamos de um maldito a sério porque há que expulsar os bandidos que nos crucificam e martirizam. Sempre entendi que não podemos viver sem símbolos. Salazar "regressou" simbolicamente ao arrepio de um canal de televisão controlado de alto a baixo. Talvez para se "redimir", a senhora que organizou o programa acabou na comissão de honra de um candidato à CML que representa - não o homem, mas o político - a nomenclatura contra quem Salazar se bateu uma vida inteira. E não, isto não é um elogio a essa candidatura. É melancolicamente um lamento. Continuamos com a energia dos malditos contra as osgas e o tempo. I am not my own subject.

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