portugal dos pequeninos

20-12-2019
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Pressenti nalguns jornais (nas televisões, então, nem se fala) alguma (muita) tolerância em relação ao episódio da escola do Cerco, no Porto. No fundo, a magnífica miudagem estava apenas a antecipar o carnaval, por causa da pistola de plástico, e a turma até é, afinal, "exemplar". Ninguém parece preocupado em perceber o que antecede o acto. O que interessa é desculpabilizar e meter tudo no caldeirão da pedagogia "democrática". Acredito que haja professores que se colocam a jeito. E que até os mais inofensivos meninos têm "direito" a recreios deste género. São corolários da retórica de que "não há rapazes maus" e de que toda a gente deve conviver em paz com a inelutável "evidência". Dito de outra forma, maus mesmo são os telemóveis que "filmam". Se os proibirem nas aulas, acabam magicamente os "problemas". O que não se vê, não existe. É esta a "tese" da "escola democrática", "inclusiva". A do regime. Sou, desgraçadamente, de outra época. Daquela que Isaiah Berlin descreve como do "exemplo", e não do "preceito", "através da descoberta ou preparação de professores que tenham conhecimentos, imaginação e talento bastantes para fazer com que os estudantes vejam aquilo que eles próprios vêem, experiência que, como sabe qualquer pessoa que tenha tido um bom professor seja de que disciplina for, é sempre fascinante, e poderá ser transformadora." Como é que se mete ideias destas em cabeças e rostos improváveis como os dos representantes das associações de pais, em professores complacentes ou em meninos sem - literalmente - educação? E em locais a que, sem sorrisos, apelidam de escolas?


Pressenti nalguns jornais (nas televisões, então, nem se fala) alguma (muita) tolerância em relação ao episódio da escola do Cerco, no Porto. No fundo, a magnífica miudagem estava apenas a antecipar o carnaval, por causa da pistola de plástico, e a turma até é, afinal, "exemplar". Ninguém parece preocupado em perceber o que antecede o acto. O que interessa é desculpabilizar e meter tudo no caldeirão da pedagogia "democrática". Acredito que haja professores que se colocam a jeito. E que até os mais inofensivos meninos têm "direito" a recreios deste género. São corolários da retórica de que "não há rapazes maus" e de que toda a gente deve conviver em paz com a inelutável "evidência". Dito de outra forma, maus mesmo são os telemóveis que "filmam". Se os proibirem nas aulas, acabam magicamente os "problemas". O que não se vê, não existe. É esta a "tese" da "escola democrática", "inclusiva". A do regime. Sou, desgraçadamente, de outra época. Daquela que Isaiah Berlin descreve como do "exemplo", e não do "preceito", "através da descoberta ou preparação de professores que tenham conhecimentos, imaginação e talento bastantes para fazer com que os estudantes vejam aquilo que eles próprios vêem, experiência que, como sabe qualquer pessoa que tenha tido um bom professor seja de que disciplina for, é sempre fascinante, e poderá ser transformadora." Como é que se mete ideias destas em cabeças e rostos improváveis como os dos representantes das associações de pais, em professores complacentes ou em meninos sem - literalmente - educação? E em locais a que, sem sorrisos, apelidam de escolas?

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