«Neste ano as coisas estão pior do que no passado recente, embora os factores de crise sejam os mesmos: endividamento gigante público e privado, défice persistente, desemprego crescente, apatia europeia, pobreza de projectos alternativos, estado de alma nacional desalentado. Uma péssima conjugação para as necessidades. As eleições presidenciais de Janeiro próximo estão a adiar qualquer decisão política para os idos de Março, com todos os prós e contras desses adiamentos em benefício do situacionismo.»José Medeiros Ferreira, CMAnotação: Cavaco, em 2005, candidatou-se por um "Portugal maior" e com o saudável propósito do "não se resignar". A verdade é que nem Portugal está "maior", nem é certo que, até certo ponto, Cavaco não se tenha mesmo "resignado". Por isso, era bom que os propósitos a enunciar aquando da recandidatura - previsivelmente pública em Outubro - tivessem em consideração que o acto eleitoral de Janeiro de 2011 funda uma nova legitimidade política e, de certo modo, "actualiza" as que existem. Cavaco ganhará mais eleitores para si e uma maior participação no dito acto se não se apresentar apenas com um discurso "branco", cheio de chavões vazios e de boas intenções, sobre um futuro que não vem aí ou sobre nichos do país dos "roteiros" que não dão sequer para fazer uma primavera. É preferível ganhar pelo realismo do que sobre indiferença e cinzas. Cavaco não é um homem de rupturas - os outros que aí andam, então, são nada - mas a sua reeleição, pela natureza das coisas e das circunstâncias, será "maior" se souber e quiser distanciar-se desta pasmaceira e deste irresponsável cálculo de sombras. Quem tem medo compra um cão.
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«Neste ano as coisas estão pior do que no passado recente, embora os factores de crise sejam os mesmos: endividamento gigante público e privado, défice persistente, desemprego crescente, apatia europeia, pobreza de projectos alternativos, estado de alma nacional desalentado. Uma péssima conjugação para as necessidades. As eleições presidenciais de Janeiro próximo estão a adiar qualquer decisão política para os idos de Março, com todos os prós e contras desses adiamentos em benefício do situacionismo.»José Medeiros Ferreira, CMAnotação: Cavaco, em 2005, candidatou-se por um "Portugal maior" e com o saudável propósito do "não se resignar". A verdade é que nem Portugal está "maior", nem é certo que, até certo ponto, Cavaco não se tenha mesmo "resignado". Por isso, era bom que os propósitos a enunciar aquando da recandidatura - previsivelmente pública em Outubro - tivessem em consideração que o acto eleitoral de Janeiro de 2011 funda uma nova legitimidade política e, de certo modo, "actualiza" as que existem. Cavaco ganhará mais eleitores para si e uma maior participação no dito acto se não se apresentar apenas com um discurso "branco", cheio de chavões vazios e de boas intenções, sobre um futuro que não vem aí ou sobre nichos do país dos "roteiros" que não dão sequer para fazer uma primavera. É preferível ganhar pelo realismo do que sobre indiferença e cinzas. Cavaco não é um homem de rupturas - os outros que aí andam, então, são nada - mas a sua reeleição, pela natureza das coisas e das circunstâncias, será "maior" se souber e quiser distanciar-se desta pasmaceira e deste irresponsável cálculo de sombras. Quem tem medo compra um cão.