Marcelo pode dissolver o parlamento até 8 de Setembro.
Depois, fica refém da constituição e dos poderes (ou falta deles) presidenciais.
Ora, Marcelo, o constitucionalista, sabe, e Marcelo, o analista político também sabe, que Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República, não pode durante os próximos seis meses, até haver novo presidente, utilizar a «bomba atómica» presidencial e por fim a uma legislatura e convocar eleições antecipadas.
E se ele sabe, e nós sabemos que ele sabe, e os partidos também sabem, então por que razão Marcelo, o Presidente, sente necessidade de lembrar a todos aquilo que todos sabem?
A razão é mais complexa do que pode parecer.
Marcelo - e ninguém, nesta altura - quer uma crise política, a somar à crise financeira, económica, social e, sobretudo, sanitária.
A exigência de «entendimentos» entre os partidos para chegarem acordo para o Orçamento de 2021 é, antes de mais, uma chamada de atenção ao PCP e, sobretudo, ao Bloco de Esquerda.
O facto de um e outro, mas sobretudo o BE, poder ter na mão a aprovação do OE para o o ano que vem, pode levar à tentação de fazer exigências irreais, amarrar o governo a compromissos «impossíveis» em nome de uma negociação em que Costa pode ameaçar com «o regresso da austeridade», mas o BE tem mais força neste braço de ferro.
Se o BE não votar a favor, Costa tem de negociar com os outros partidos a abstenção.
Nesse caso, o caderno de encargos teria de incluír negociações com o PSD que, como se sabe, não é a porta preferida para Pedro Nuno Santos ir bater.
E há outro mas. Com a discussão centrada à esquerda, se o BE aprovar o orçamento, Rio bem pode esbracejar, propor, contrariar ou apresentar alternativas: mais uma vez, o PSD contará pouco ou nada na equação para 2021.
Depois, há-de chegar Março.
E, (esperamos todos, e o caminho aponta para isso) já com vacina aprovada, distribuída e tomada, com o regresso à «normalidade» sanitária mas com uma dívida crescente, um PIB fraco, uma economia débil, um crescimento anémico e um país a tirar a máscara e a enfrentar a nova realidade, depois disso, Marcelo já estará no segundo mandato.
Só depois, nessa altura, podemos aferir se a intenção de Marcelo, hoje, será a mesma daqui por seis meses.
Em todo o caso, um e outro, Costa e Marcelo, nos momentos mais difíceis, terão sempre hipóteses de recuperar aquela lua de mel em Paris.
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Marcelo pode dissolver o parlamento até 8 de Setembro.
Depois, fica refém da constituição e dos poderes (ou falta deles) presidenciais.
Ora, Marcelo, o constitucionalista, sabe, e Marcelo, o analista político também sabe, que Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República, não pode durante os próximos seis meses, até haver novo presidente, utilizar a «bomba atómica» presidencial e por fim a uma legislatura e convocar eleições antecipadas.
E se ele sabe, e nós sabemos que ele sabe, e os partidos também sabem, então por que razão Marcelo, o Presidente, sente necessidade de lembrar a todos aquilo que todos sabem?
A razão é mais complexa do que pode parecer.
Marcelo - e ninguém, nesta altura - quer uma crise política, a somar à crise financeira, económica, social e, sobretudo, sanitária.
A exigência de «entendimentos» entre os partidos para chegarem acordo para o Orçamento de 2021 é, antes de mais, uma chamada de atenção ao PCP e, sobretudo, ao Bloco de Esquerda.
O facto de um e outro, mas sobretudo o BE, poder ter na mão a aprovação do OE para o o ano que vem, pode levar à tentação de fazer exigências irreais, amarrar o governo a compromissos «impossíveis» em nome de uma negociação em que Costa pode ameaçar com «o regresso da austeridade», mas o BE tem mais força neste braço de ferro.
Se o BE não votar a favor, Costa tem de negociar com os outros partidos a abstenção.
Nesse caso, o caderno de encargos teria de incluír negociações com o PSD que, como se sabe, não é a porta preferida para Pedro Nuno Santos ir bater.
E há outro mas. Com a discussão centrada à esquerda, se o BE aprovar o orçamento, Rio bem pode esbracejar, propor, contrariar ou apresentar alternativas: mais uma vez, o PSD contará pouco ou nada na equação para 2021.
Depois, há-de chegar Março.
E, (esperamos todos, e o caminho aponta para isso) já com vacina aprovada, distribuída e tomada, com o regresso à «normalidade» sanitária mas com uma dívida crescente, um PIB fraco, uma economia débil, um crescimento anémico e um país a tirar a máscara e a enfrentar a nova realidade, depois disso, Marcelo já estará no segundo mandato.
Só depois, nessa altura, podemos aferir se a intenção de Marcelo, hoje, será a mesma daqui por seis meses.
Em todo o caso, um e outro, Costa e Marcelo, nos momentos mais difíceis, terão sempre hipóteses de recuperar aquela lua de mel em Paris.