De saída do Eurogrupo, Centeno avisa Europa: não sejam cegos em relação às regras orçamentais

11-07-2020
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Na semana em que sai da presidência do Eurogrupo, que reúne os ministros das Finanças da zona euro, Mário Centeno deixa declarações ao Financial Times em que pede aos governos da união para não terem pressa – nos próximos anos – na aplicação das regras orçamentais.

“O que é importante no campo orçamental para a Europa, nos próximos meses e nos próximos anos, é o caminho que desenharmos para um regresso à aplicação das regras orçamentais de forma a não instigar uma recessão”, declarou o ex-ministro das Finanças ao FT esta terça-feira.

Ao jornal especializado no mundo das finanças, Centeno disse que os governos deveriam aproveitar este momento de pausa na aplicação das regras – devido à pandemia de covid-19 – para, precisamente, repensar em todo o enquadramento. Aliás, há mesmo referência a uma reflexão sobre o teto de uma dívida pública equivalente a 60% do produto interno bruto - uma voz num debate em que o organismo que fiscaliza as contas de Bruxelas se envolveu esta semana. Outra das regras mais conhecidas é a necessidade dos países apresentarem défices orçamentais inferiores a 3% do PIB.

“Esta crise vai levar a aumentos expressivos da dívida pública e privada. Será necessário um forte investimento”, continua o agora candidato a governador do Banco de Portugal, ressalvando que essa não é uma realidade de apenas uma parte da Europa. “Isto é verdade para todos os países. Aplicar as regras de forma cega pode revelar-se irrealista sob tais circunstâncias, danificando a credibilidade deste enquadramento”, acrescentou ao FT, dizendo ainda que não se podem estabelecer “trajetórias irrealistas” no pacto de estabilidade e crescimento quando há nuvens tão carregadas de incerteza.

São palavras de Centeno depois de a Europa se ter dividido na discussão do pacote de estímulos e de investimento para a recuperação económica no pós-confinamento e enquanto o mundo não regressa à normalidade económica por conta da pandemia.

Mas, para o ex-responsável pela pasta das Finanças em Portugal, esta pausa não significa relaxamento eterno. “Não devemos ter pressa, mas sabemos que precisamos de caminhar para o regresso à normalidade na política orçamental”, adiantou.

Esta tem sido, aliás, a posição defendida por Centeno nos últimos meses à frente do Eurogrupo, que tem referido que o acesso aos fundos europeus não deveria estar associado a condições fortes, querendo tirar de cima da mesa regras de austeridade como as implementadas nos países que mais sofreram com a crise das dívidas soberanas, como Grécia, Irlanda e Portugal.

O mandato de Centeno à frente deste conselho informal de ministros das Finanças termina a 13 de julho e, esta quarta-feira, dia 8, o ex-governante será ouvido no Parlamento enquanto candidato a governador do Banco de Portugal. Para a sucessão do português, o Governo vai apoiar a espanhola Nadia Calviño.

Na semana em que sai da presidência do Eurogrupo, que reúne os ministros das Finanças da zona euro, Mário Centeno deixa declarações ao Financial Times em que pede aos governos da união para não terem pressa – nos próximos anos – na aplicação das regras orçamentais.

“O que é importante no campo orçamental para a Europa, nos próximos meses e nos próximos anos, é o caminho que desenharmos para um regresso à aplicação das regras orçamentais de forma a não instigar uma recessão”, declarou o ex-ministro das Finanças ao FT esta terça-feira.

Ao jornal especializado no mundo das finanças, Centeno disse que os governos deveriam aproveitar este momento de pausa na aplicação das regras – devido à pandemia de covid-19 – para, precisamente, repensar em todo o enquadramento. Aliás, há mesmo referência a uma reflexão sobre o teto de uma dívida pública equivalente a 60% do produto interno bruto - uma voz num debate em que o organismo que fiscaliza as contas de Bruxelas se envolveu esta semana. Outra das regras mais conhecidas é a necessidade dos países apresentarem défices orçamentais inferiores a 3% do PIB.

“Esta crise vai levar a aumentos expressivos da dívida pública e privada. Será necessário um forte investimento”, continua o agora candidato a governador do Banco de Portugal, ressalvando que essa não é uma realidade de apenas uma parte da Europa. “Isto é verdade para todos os países. Aplicar as regras de forma cega pode revelar-se irrealista sob tais circunstâncias, danificando a credibilidade deste enquadramento”, acrescentou ao FT, dizendo ainda que não se podem estabelecer “trajetórias irrealistas” no pacto de estabilidade e crescimento quando há nuvens tão carregadas de incerteza.

São palavras de Centeno depois de a Europa se ter dividido na discussão do pacote de estímulos e de investimento para a recuperação económica no pós-confinamento e enquanto o mundo não regressa à normalidade económica por conta da pandemia.

Mas, para o ex-responsável pela pasta das Finanças em Portugal, esta pausa não significa relaxamento eterno. “Não devemos ter pressa, mas sabemos que precisamos de caminhar para o regresso à normalidade na política orçamental”, adiantou.

Esta tem sido, aliás, a posição defendida por Centeno nos últimos meses à frente do Eurogrupo, que tem referido que o acesso aos fundos europeus não deveria estar associado a condições fortes, querendo tirar de cima da mesa regras de austeridade como as implementadas nos países que mais sofreram com a crise das dívidas soberanas, como Grécia, Irlanda e Portugal.

O mandato de Centeno à frente deste conselho informal de ministros das Finanças termina a 13 de julho e, esta quarta-feira, dia 8, o ex-governante será ouvido no Parlamento enquanto candidato a governador do Banco de Portugal. Para a sucessão do português, o Governo vai apoiar a espanhola Nadia Calviño.

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