Ah Leão: a falar grosso para a direita e para a banca (mas a deixar muitas pontas soltas)

01-12-2020
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Sem drama nem suspense, e a defender um orçamento suplementar que passou com um “carimbo” - Mariana Mortágua dixit -, da maior abstenção de sempre (do PSD ao Bloco de Esquerda foram 115 deputados), João Leão teve uma prova de fogo fácil, mas com uma sombra que levará para o mandato. O novo ministro das Finanças não sucedeu apenas a Mário Centeno, teve a tarefa ingrata de defender as contas do antigo chefe no Parlamento, perante as acusações de o antecessor ter “desertado” a meio de uma crise “brutal”. O ministro da continuidade, apesar de ainda não parecer completamente à vontade na luta parlamentar, passou no teste em que teve de evitar estragos numa sala cheia de “elefantes”: falou grosso à direita e para o presidente Novo Banco, mas deixou incógnitas relevantes para o futuro sobre o défice, o IVA da luz ou a recapitalização do Novo Banco. E não resistiu ao pecado do otimismo.

João Leão levava a narrativa articulada, embora com espaços em branco que ficaram por esclarecer. Quando questionado pelo PSD sobre o que faria a um défice superior a 6% passada a crise aguda, o ministro respondeu que deixaria funcionar os “estabilizadores automáticos”, ou seja: com a recuperação económica (e o helicopter money europeu), deve esperar que o défice volte ao mesmo nível, sem austeridade. No discurso final, António Costa voltou ao mantra da sua definição de que não se cortam rendimentos nem se aumentam impostos, mas João Leão já tinha garantido “nenhum aumento de impostos para o futuro”. A promessa está feita. O tempo encarregar-se-á de dizer se a estabilização será automática, e se o Governo vai mesmo “rapidamente conseguir conduzir de novo o país a um caminho de crescimento”, como assegurou o ministro. Isto, sem pedir sacrifícios adicionais aos portugueses quando as metas europeias forem repostas.

Sem drama nem suspense, e a defender um orçamento suplementar que passou com um “carimbo” - Mariana Mortágua dixit -, da maior abstenção de sempre (do PSD ao Bloco de Esquerda foram 115 deputados), João Leão teve uma prova de fogo fácil, mas com uma sombra que levará para o mandato. O novo ministro das Finanças não sucedeu apenas a Mário Centeno, teve a tarefa ingrata de defender as contas do antigo chefe no Parlamento, perante as acusações de o antecessor ter “desertado” a meio de uma crise “brutal”. O ministro da continuidade, apesar de ainda não parecer completamente à vontade na luta parlamentar, passou no teste em que teve de evitar estragos numa sala cheia de “elefantes”: falou grosso à direita e para o presidente Novo Banco, mas deixou incógnitas relevantes para o futuro sobre o défice, o IVA da luz ou a recapitalização do Novo Banco. E não resistiu ao pecado do otimismo.

João Leão levava a narrativa articulada, embora com espaços em branco que ficaram por esclarecer. Quando questionado pelo PSD sobre o que faria a um défice superior a 6% passada a crise aguda, o ministro respondeu que deixaria funcionar os “estabilizadores automáticos”, ou seja: com a recuperação económica (e o helicopter money europeu), deve esperar que o défice volte ao mesmo nível, sem austeridade. No discurso final, António Costa voltou ao mantra da sua definição de que não se cortam rendimentos nem se aumentam impostos, mas João Leão já tinha garantido “nenhum aumento de impostos para o futuro”. A promessa está feita. O tempo encarregar-se-á de dizer se a estabilização será automática, e se o Governo vai mesmo “rapidamente conseguir conduzir de novo o país a um caminho de crescimento”, como assegurou o ministro. Isto, sem pedir sacrifícios adicionais aos portugueses quando as metas europeias forem repostas.

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