Em apenas oito horas de visita a Paris, durante as quais dialogou com dirigentes de associações de emigrantes e com representantes do movimento dos lesados do BES, Catarina Martins, porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), não fugiu a nenhuma pergunta.
Sobre o repto que lançou ao líder do PS, António Costa, para discutir acordos de Governo no dia a seguir às eleições, respondeu desta forma ao Expresso: “Fizemos essa proposta, pusemos as nossas condições – o abandono dos cortes nas pensões e na TSU, por exemplo – e ele ainda não respondeu. Como não o fez, penso que está mais virado para outro lado”.
Em resposta a uma nova pergunta sobre se o “outro lado” será o PSD ou uma ala do PSD que sairá reforçada depois de uma eventual vitória do PS com maioria relativa a 4 de outubro, respondeu de forma clara: “É isso mesmo, com uma ala do PSD, penso que ele está mais virado para fazer acordos com o PSD”.
Catarina Martins - que esteve sempre acompanhada durante a curta visita a Paris pela deputada Mariana Mortágua e pela cabeça de lista pelo círculo da Europa, Cristina Semblano - falava ao Expresso depois de um almoço com militantes bloquistas emigrantes num restaurante francês do quarteirão da Ópera, propriedade de emigrantes portugueses.
“Aprendi mais numa hora do que durante a vida toda”
Antes do almoço reunira-se com José Barros, dirigente da Santa Casa da Misericórdia de Paris, que a alertou contra as “ideias feitas” sobre os chamados "emigrantes de sucesso" e para os elevados níveis de pobreza de boa parte deles, sobretudo dos reformados da primeira geração emigrante.
Sobre os novos emigrantes, Catarina ouviu o conhecido militante associativo e humanista residente em França desde os anos 1960 dizer-lhe “nunca esperei ter de ajudar novos emigrantes, os que estão a chegar”.
A seguir, a líder bloquista teve uma reunião conjunta com dirigentes da Coordenação das Coletividades Portuguesas de França (CCPF), que representa mais de uma centena de associações, e com a Cap Magellan (lusodescendentes) e a AGRAF (diplomados portugueses, muitos deles emigrantes recentes forçados).
Todos sublinharam o “desprezo” e o “abandono” que dizem sentir da parte do Governo português - “e da diplomacia”, sublinhou Rita Furtado, da AGRAF – em relação às suas associações e aos emigrantes e lusodescendentes.
“Portugal não apoia as associações que dão aulas de português”, disse Anna Martins, da Cap Magellan. “Recebemos cada vez mais telefonemas de pessoas em dificuldades e que o consulado manda para nós e a nossa estrutura não tem meios porque os apoios foram cortados”, acrescentou José Cardina, da CCPF.
Catarina registou os problemas: sobre as “extremas fraquezas” do ensino da língua portuguesa em França, as deficiências da rede consular ou a ausência de campanhas cívicas para levar os emigrantes a recensearem-se para votarem nas eleições portuguesas. No fim, desabafou: “Em apenas uma hora fiquei a saber mais sobre a emigração portuguesa do que durante a minha vida toda”.
Mariana e os lesados do BES
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Em apenas oito horas de visita a Paris, durante as quais dialogou com dirigentes de associações de emigrantes e com representantes do movimento dos lesados do BES, Catarina Martins, porta-voz do Bloco de Esquerda (BE), não fugiu a nenhuma pergunta.
Sobre o repto que lançou ao líder do PS, António Costa, para discutir acordos de Governo no dia a seguir às eleições, respondeu desta forma ao Expresso: “Fizemos essa proposta, pusemos as nossas condições – o abandono dos cortes nas pensões e na TSU, por exemplo – e ele ainda não respondeu. Como não o fez, penso que está mais virado para outro lado”.
Em resposta a uma nova pergunta sobre se o “outro lado” será o PSD ou uma ala do PSD que sairá reforçada depois de uma eventual vitória do PS com maioria relativa a 4 de outubro, respondeu de forma clara: “É isso mesmo, com uma ala do PSD, penso que ele está mais virado para fazer acordos com o PSD”.
Catarina Martins - que esteve sempre acompanhada durante a curta visita a Paris pela deputada Mariana Mortágua e pela cabeça de lista pelo círculo da Europa, Cristina Semblano - falava ao Expresso depois de um almoço com militantes bloquistas emigrantes num restaurante francês do quarteirão da Ópera, propriedade de emigrantes portugueses.
“Aprendi mais numa hora do que durante a vida toda”
Antes do almoço reunira-se com José Barros, dirigente da Santa Casa da Misericórdia de Paris, que a alertou contra as “ideias feitas” sobre os chamados "emigrantes de sucesso" e para os elevados níveis de pobreza de boa parte deles, sobretudo dos reformados da primeira geração emigrante.
Sobre os novos emigrantes, Catarina ouviu o conhecido militante associativo e humanista residente em França desde os anos 1960 dizer-lhe “nunca esperei ter de ajudar novos emigrantes, os que estão a chegar”.
A seguir, a líder bloquista teve uma reunião conjunta com dirigentes da Coordenação das Coletividades Portuguesas de França (CCPF), que representa mais de uma centena de associações, e com a Cap Magellan (lusodescendentes) e a AGRAF (diplomados portugueses, muitos deles emigrantes recentes forçados).
Todos sublinharam o “desprezo” e o “abandono” que dizem sentir da parte do Governo português - “e da diplomacia”, sublinhou Rita Furtado, da AGRAF – em relação às suas associações e aos emigrantes e lusodescendentes.
“Portugal não apoia as associações que dão aulas de português”, disse Anna Martins, da Cap Magellan. “Recebemos cada vez mais telefonemas de pessoas em dificuldades e que o consulado manda para nós e a nossa estrutura não tem meios porque os apoios foram cortados”, acrescentou José Cardina, da CCPF.
Catarina registou os problemas: sobre as “extremas fraquezas” do ensino da língua portuguesa em França, as deficiências da rede consular ou a ausência de campanhas cívicas para levar os emigrantes a recensearem-se para votarem nas eleições portuguesas. No fim, desabafou: “Em apenas uma hora fiquei a saber mais sobre a emigração portuguesa do que durante a minha vida toda”.
Mariana e os lesados do BES