Bloco justifica voto no Suplementar: “Não pode ser lido como primeira volta para OE2021”

12-07-2020
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Uma autojustificação e um aviso para o futuro. Depois de o PCP ter aberto a primeira ferida no espírito dos acordos à esquerda que ainda se mantinha, votando contra o Orçamento Suplementar, o Bloco de Esquerda quis vir explicar a sua opção - manter a abstenção - e deixar um recado ao PS: o mesmo voto não estará garantido para o Orçamento de 2021.

A posição do partido fica clara numa entrevista a Mariana Mortágua que o esquerda.net, portal do partido, publica esta terça-feira. A conversa é, aliás, assumida como uma explicação direta das suas escolhas relativamente ao Suplementar - e da independência que quer preservar face ao PS e à posição mais dura do PCP. À primeira questão - sobre se o Bloco se absteve para "salvar" o Orçamento, tendo em conta o voto contra dos comunistas - Mortágua recorda que o partido já tinha anunciado que se absteria, viabilizando o documento. Mais à frente, insiste: "O Bloco vota com as suas razões - e o voto dos outros não é uma razão".

Igualmente importantes são os avisos de futuro. Se Mariana Mortágua já tinha frisado, em declarações ao Expresso, que pela sua natureza de emergência o Suplementar não seria o momento de fazer grandes escolhas estratégicas e políticas para o futuro do país, nesta entrevista carrega nos alertas: votar contra o Suplementar seria "recusar ao país o urgente de financiamento de medidas de emergência", mas isso não significa que este processo se tenha tratado de uma "primeira volta" para a viabilização do próximo Orçamento.

"Espero que o PS não se engane acerca disso", sublinha a deputada. "Para ser viabilizado pela esquerda, o Orçamento do Estado para 2021 tem de responder à crise pela esquerda. Ainda se sabe muito pouco acerca das ideias do governo para esse Orçamento. (...) No futuro, o país pagaria caro se, em outubro, soluções fortes cedessem lugar a consensos falsos".

Para já, o Suplementar contou com a viabilização dos bloquistas porque "não reabria nem refazia" todo o Orçamento para 2020, mantendo os compromissos com a esquerda. Mas no OE2021 a história será outra - e aí já entrará para as contas a pressão de o PCP ter mostrado o primeiro cartão vermelho ao Governo, recusando o papel de parceiro preferido, e o mais previsível, do Executivo.

No Suplementar, o Governo contou pela primeira vez com o PSD para acordar várias medidas que lhe interessavam e desfazer maiorias da oposição. E, se isto foi desde logo um dos motivos apontados pelo PCP para votar contra o documento, também o BE se apressou a apontar para um suposto clima de "bloco central". No sábado, na reunião da Comissão Política do PS, António Costa vislumbrou o risco e avisou: "Cada um é livre de seguir o caminho que entende. Mas não pode acontecer que cada um ache que o outro vai agir de uma forma, com isso condicionar o seu próprio comportamento e, depois, enganando-se na forma como o outro está a agir, acaba por conduzir a uma situação que ninguém deseja". O caminho para 2021 parece bem longe de estar livre de obstáculos.

Uma autojustificação e um aviso para o futuro. Depois de o PCP ter aberto a primeira ferida no espírito dos acordos à esquerda que ainda se mantinha, votando contra o Orçamento Suplementar, o Bloco de Esquerda quis vir explicar a sua opção - manter a abstenção - e deixar um recado ao PS: o mesmo voto não estará garantido para o Orçamento de 2021.

A posição do partido fica clara numa entrevista a Mariana Mortágua que o esquerda.net, portal do partido, publica esta terça-feira. A conversa é, aliás, assumida como uma explicação direta das suas escolhas relativamente ao Suplementar - e da independência que quer preservar face ao PS e à posição mais dura do PCP. À primeira questão - sobre se o Bloco se absteve para "salvar" o Orçamento, tendo em conta o voto contra dos comunistas - Mortágua recorda que o partido já tinha anunciado que se absteria, viabilizando o documento. Mais à frente, insiste: "O Bloco vota com as suas razões - e o voto dos outros não é uma razão".

Igualmente importantes são os avisos de futuro. Se Mariana Mortágua já tinha frisado, em declarações ao Expresso, que pela sua natureza de emergência o Suplementar não seria o momento de fazer grandes escolhas estratégicas e políticas para o futuro do país, nesta entrevista carrega nos alertas: votar contra o Suplementar seria "recusar ao país o urgente de financiamento de medidas de emergência", mas isso não significa que este processo se tenha tratado de uma "primeira volta" para a viabilização do próximo Orçamento.

"Espero que o PS não se engane acerca disso", sublinha a deputada. "Para ser viabilizado pela esquerda, o Orçamento do Estado para 2021 tem de responder à crise pela esquerda. Ainda se sabe muito pouco acerca das ideias do governo para esse Orçamento. (...) No futuro, o país pagaria caro se, em outubro, soluções fortes cedessem lugar a consensos falsos".

Para já, o Suplementar contou com a viabilização dos bloquistas porque "não reabria nem refazia" todo o Orçamento para 2020, mantendo os compromissos com a esquerda. Mas no OE2021 a história será outra - e aí já entrará para as contas a pressão de o PCP ter mostrado o primeiro cartão vermelho ao Governo, recusando o papel de parceiro preferido, e o mais previsível, do Executivo.

No Suplementar, o Governo contou pela primeira vez com o PSD para acordar várias medidas que lhe interessavam e desfazer maiorias da oposição. E, se isto foi desde logo um dos motivos apontados pelo PCP para votar contra o documento, também o BE se apressou a apontar para um suposto clima de "bloco central". No sábado, na reunião da Comissão Política do PS, António Costa vislumbrou o risco e avisou: "Cada um é livre de seguir o caminho que entende. Mas não pode acontecer que cada um ache que o outro vai agir de uma forma, com isso condicionar o seu próprio comportamento e, depois, enganando-se na forma como o outro está a agir, acaba por conduzir a uma situação que ninguém deseja". O caminho para 2021 parece bem longe de estar livre de obstáculos.

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