BE acusa Centeno de entrar no debate orçamental para recuperar o "fantasma de um Natal passado": o da austeridade

25-11-2020
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Um dia depois de o governador e ex-ministro das Finanças ter vindo defender que "perante uma crise que não é estrutural não devemos mudar o essencial do nosso sistema de apoio social e económico", o Bloco respondeu. No Twitter, a deputada Mariana Mortágua criticou o "regresso, pelas mãos do costume", do "discurso das inevitabilidades". E garantiu que o guião de Centeno, baseado em "remendos", seria a "receita para o desastre" em áreas como o SNS e o Trabalho, rematando: "É um erro deixar o Banco de Portugal governar no Terreiro do Paço".

Dúvidas houvesse sobre o centro do desentendimento entre Bloco de Esquerda e Governo neste Orçamento do Estado - e, no geral, na forma de responder à crise -, Mário Centeno veio a jogo para as desfazer. Com o governador do Banco de Portugal a entrar esta semana no debate, defendendo que o momento de crise não deve servir para fazer despesa estrutural nem tomar medidas permanentes, o Bloco já veio dizer que teme o aparecimento de um "fantasma de um Natal passado": o da austeridade.

O tweet acompanha a partilha de um texto de opinião de Mortágua, publicado no "Jornal de Notícias". E nele a dirigente bloquista não mostra dúvidas: "Com palavras diferentes e de forma mitigada, o argumento de Mário Centeno tem a mesmíssima matriz ideológica que, no passado, sustentou as políticas de austeridade e as 'reformas estruturais' que castigaram o país", argumenta.

Por outro lado, o BE, como Mortágua recorda neste texto, defende medidas que penalizem os despedimentos (caso contrário o resultado será "o aumento brutal do desemprego, muito dele de caráter estrutural"), assim como mudanças estruturais no SNS para tornar as carreiras mais atrativas e defender a exclusividade dos profissionais de Saúde. Ora tudo isto são ideias que chocam com as declarações de Centeno e que têm chocado com as opções tomadas pelo ministério agora liderado por João Leão, mais concentrado em apostar em medidas extraordinárias e temporárias para travar os efeitos da crise.

"Mário Centeno conforma-se com o pior cenário. E tudo em nome de uma preocupação - o aumento da dívida pública", critica Mortágua, defendendo que a solução "mais eficaz" seria o cancelamento da dívida que for gerada no contexto do combate à covid. O que os dirigentes europeus e portugueses mostram, por agora, é uma inclinação para políticas de austeridade com as quais se "impõe um corte definitivo", argumenta a deputada.

Os argumentos da dirigente bloquista expõem a fratura clara entre Governo e Bloco, que se vem desenhando desde que começaram a trabalhar neste Orçamento (e que, para já, resultou num chumbo do BE à primeira versão do Orçamento, na generalidade). E repetem desentendimentos que já vinham dos tempos em que Mário Centeno era ministro das Finanças, quando negociava diretamente os Orçamentos com o BE.

Na conferência do Banco de Portugal em que falou, esta segunda-feira, Centeno pareceu por momentos voltar a vestir o papel de ministro e deixar avisos claros à navegação: "os apoios públicos devem ser temporários", as novas políticas devem "mais do que nunca atuar na margem" e "os níveis de dívida tornam proibitivas intervenções massivas nos apoios sociais e à economia". Centeno é agora governador, mas a sua intervenção foi todo um programa. Um programa que acentua a distância, cada vez mais evidente, nas respostas que Governo e BE pretendem dar à crise.

Um dia depois de o governador e ex-ministro das Finanças ter vindo defender que "perante uma crise que não é estrutural não devemos mudar o essencial do nosso sistema de apoio social e económico", o Bloco respondeu. No Twitter, a deputada Mariana Mortágua criticou o "regresso, pelas mãos do costume", do "discurso das inevitabilidades". E garantiu que o guião de Centeno, baseado em "remendos", seria a "receita para o desastre" em áreas como o SNS e o Trabalho, rematando: "É um erro deixar o Banco de Portugal governar no Terreiro do Paço".

Dúvidas houvesse sobre o centro do desentendimento entre Bloco de Esquerda e Governo neste Orçamento do Estado - e, no geral, na forma de responder à crise -, Mário Centeno veio a jogo para as desfazer. Com o governador do Banco de Portugal a entrar esta semana no debate, defendendo que o momento de crise não deve servir para fazer despesa estrutural nem tomar medidas permanentes, o Bloco já veio dizer que teme o aparecimento de um "fantasma de um Natal passado": o da austeridade.

O tweet acompanha a partilha de um texto de opinião de Mortágua, publicado no "Jornal de Notícias". E nele a dirigente bloquista não mostra dúvidas: "Com palavras diferentes e de forma mitigada, o argumento de Mário Centeno tem a mesmíssima matriz ideológica que, no passado, sustentou as políticas de austeridade e as 'reformas estruturais' que castigaram o país", argumenta.

Por outro lado, o BE, como Mortágua recorda neste texto, defende medidas que penalizem os despedimentos (caso contrário o resultado será "o aumento brutal do desemprego, muito dele de caráter estrutural"), assim como mudanças estruturais no SNS para tornar as carreiras mais atrativas e defender a exclusividade dos profissionais de Saúde. Ora tudo isto são ideias que chocam com as declarações de Centeno e que têm chocado com as opções tomadas pelo ministério agora liderado por João Leão, mais concentrado em apostar em medidas extraordinárias e temporárias para travar os efeitos da crise.

"Mário Centeno conforma-se com o pior cenário. E tudo em nome de uma preocupação - o aumento da dívida pública", critica Mortágua, defendendo que a solução "mais eficaz" seria o cancelamento da dívida que for gerada no contexto do combate à covid. O que os dirigentes europeus e portugueses mostram, por agora, é uma inclinação para políticas de austeridade com as quais se "impõe um corte definitivo", argumenta a deputada.

Os argumentos da dirigente bloquista expõem a fratura clara entre Governo e Bloco, que se vem desenhando desde que começaram a trabalhar neste Orçamento (e que, para já, resultou num chumbo do BE à primeira versão do Orçamento, na generalidade). E repetem desentendimentos que já vinham dos tempos em que Mário Centeno era ministro das Finanças, quando negociava diretamente os Orçamentos com o BE.

Na conferência do Banco de Portugal em que falou, esta segunda-feira, Centeno pareceu por momentos voltar a vestir o papel de ministro e deixar avisos claros à navegação: "os apoios públicos devem ser temporários", as novas políticas devem "mais do que nunca atuar na margem" e "os níveis de dívida tornam proibitivas intervenções massivas nos apoios sociais e à economia". Centeno é agora governador, mas a sua intervenção foi todo um programa. Um programa que acentua a distância, cada vez mais evidente, nas respostas que Governo e BE pretendem dar à crise.

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