Concept Board: Cais da Jorna

20-06-2020
marcar artigo

O Cais da Jorna situa-se junto ao
Jardim Municipal Constantino Palha, na zona ribeirinha (doca) de Vila Franca de
Xira. Foi durante anos, o local onde os capatazes vinham buscar os “jorneiros”
para trabalharem nas Lezírias. Estes capatazes vinham em barcos das Lezírias e,
chegando ao atual Cais da Jorna, apontavam o dedo às pessoas que queriam que
embarcassem para trabalhar nas Lezírias. Para tal e, em jeito de homenagem, a
Câmara Municipal de Vila franca de Xira decidiu, posteriormente à remodelação
da zona ribeirinha, agraciar o espaço com uma escultura de João Duarte,
representando uma “cena de jorna” típica da zona em questão.

Segundo João Duarte (s.d.), “as
comunidades e as culturas não são estáticas. Cada comunidade escolhe e integra
os novos elementos de modo diverso, construindo ao longo do tempo, em função do
espaço que se dá e das gentes que acolhe, comportamentos e condutas
especificas que a caracterizam. O Cais de Vila Franca de Xira situado na margem
direita do rio Tejo, é um ponto de partida e de chegada de gente, mercadorias,
ideias e mudança. Há muitos anos que acorda e marca o tempo pelo movimento do
trabalho. É neste passado refletido que se interpreta o presente e se constrói
o futuro. No Cais de Vila Franca de Xira, perto do Quiosque do Manuel da
Barraquinha, era o local onde tinha lugar a negociação das jornas, entre os
trabalhadores rurais e os patrões ou capatazes, conhecido pelo (Cais da Jorna).
Ali se juntavam valadores e ceifeiros diariamente à espera da sua oportunidade
para embarcar para as Lezírias. Foi em finais do séc. XIX e sobretudo no séc.
XX, quando se verificou um grande desenvolvimento no cais. O cais faz parte da
cidade e da população! Por isso a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira
pretende erguer um monumento alusivo ao “ Cais da Jorna” a fim de homenagear os
homens e as mulheres que passaram por este local. Ao ser adjudicado o
monumento, idealizei e desenvolvi um projeto figurativo, simbólico e simples,
para que a população atual e futura se reveja nele.
Monumento que tenho o maior prazer em executar, dado que no meu curriculum, já
não é a primeira peça escultórica que perpetua na resistência e na luta do
nosso povo.
Tendo sido escolhido um local perto do Quiosque do Manuel da Barraquinha, local
muito específico, executei um projeto escultórico em que tivesse elementos que
simbolizassem o significado do termo e do conceito do “Cais da Jorna”. Modelei
quatro figuras em bronze, representando os trabalhadores (valadores e
ceifeiros) assim como uma placa em bronze com uma mão a apontar e respectivo braço,
simbolizando o patrão/ capataz. Este é apenas um dos meus olhares, um dos
muitos possíveis que poderá́ perpetuar as gerações de trabalhadores e patrões,
que aqui trabalharam e viveram, restando-lhes, por isso a memória.”

Homenagem ao Cais da Jorna, João Duarte, 2013
450 X 250 cm, bronze

 O monumento foi inaugurado a 6 de Julho de 2013, pela Sr.ª Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha. A peça escultórica conta com quatro representações antropomórficas, que estão dispostas sobre um pedestal de mármore.
Defronta às figuras cita-se Alves Redol: "Ali, a dois pasos da estrada de ferro sob as agulhas dos mastros das fragatas, se laçava o destino dos homens por toda a semana."

Homenagem ao Cais da Jorna, João Duarte, 2013
450 X 250 cm, bronze

Homenagem ao Cais da Jorna, João Duarte, 2013
Pormenor de Valadores (casal)
450 X 250 cm, bronze

Homenagem ao Cais da Jorna, João Duarte, 2013
Pormenor de Ceifeiros (casal)
450 X 250 cm, bronze

Homenagem ao Cais da Jorna, João Duarte, 2013
Pormenor "mão do capataz que escolheria os trabalhadores"
450 X 250 cm, bronze

João Duarte fez um trabalho um
pouco antagónico, se por um lado representa, e bem, os utensílios dos faladores e ceifeiros,
por outro amplia e deforma as representações humanas, o que acaba por chocar o
transeunte, devido à volumetria imensa das peças. Porém, a ironia também não
foi descurada, visto ser uma época e uma classe social que vivia em condições precárias,
as representações para serem fidedignas, teriam de ser, supostamente, de
pessoas magras, o que acontece é precisamente o contrário. É uma peça escultórica que, apesar de representar uma realidade da nossa Cultura Popular, é altamente contemporânea e sofisticada. 

André Lopes Cardoso

O Cais da Jorna situa-se junto ao
Jardim Municipal Constantino Palha, na zona ribeirinha (doca) de Vila Franca de
Xira. Foi durante anos, o local onde os capatazes vinham buscar os “jorneiros”
para trabalharem nas Lezírias. Estes capatazes vinham em barcos das Lezírias e,
chegando ao atual Cais da Jorna, apontavam o dedo às pessoas que queriam que
embarcassem para trabalhar nas Lezírias. Para tal e, em jeito de homenagem, a
Câmara Municipal de Vila franca de Xira decidiu, posteriormente à remodelação
da zona ribeirinha, agraciar o espaço com uma escultura de João Duarte,
representando uma “cena de jorna” típica da zona em questão.

Segundo João Duarte (s.d.), “as
comunidades e as culturas não são estáticas. Cada comunidade escolhe e integra
os novos elementos de modo diverso, construindo ao longo do tempo, em função do
espaço que se dá e das gentes que acolhe, comportamentos e condutas
especificas que a caracterizam. O Cais de Vila Franca de Xira situado na margem
direita do rio Tejo, é um ponto de partida e de chegada de gente, mercadorias,
ideias e mudança. Há muitos anos que acorda e marca o tempo pelo movimento do
trabalho. É neste passado refletido que se interpreta o presente e se constrói
o futuro. No Cais de Vila Franca de Xira, perto do Quiosque do Manuel da
Barraquinha, era o local onde tinha lugar a negociação das jornas, entre os
trabalhadores rurais e os patrões ou capatazes, conhecido pelo (Cais da Jorna).
Ali se juntavam valadores e ceifeiros diariamente à espera da sua oportunidade
para embarcar para as Lezírias. Foi em finais do séc. XIX e sobretudo no séc.
XX, quando se verificou um grande desenvolvimento no cais. O cais faz parte da
cidade e da população! Por isso a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira
pretende erguer um monumento alusivo ao “ Cais da Jorna” a fim de homenagear os
homens e as mulheres que passaram por este local. Ao ser adjudicado o
monumento, idealizei e desenvolvi um projeto figurativo, simbólico e simples,
para que a população atual e futura se reveja nele.
Monumento que tenho o maior prazer em executar, dado que no meu curriculum, já
não é a primeira peça escultórica que perpetua na resistência e na luta do
nosso povo.
Tendo sido escolhido um local perto do Quiosque do Manuel da Barraquinha, local
muito específico, executei um projeto escultórico em que tivesse elementos que
simbolizassem o significado do termo e do conceito do “Cais da Jorna”. Modelei
quatro figuras em bronze, representando os trabalhadores (valadores e
ceifeiros) assim como uma placa em bronze com uma mão a apontar e respectivo braço,
simbolizando o patrão/ capataz. Este é apenas um dos meus olhares, um dos
muitos possíveis que poderá́ perpetuar as gerações de trabalhadores e patrões,
que aqui trabalharam e viveram, restando-lhes, por isso a memória.”

Homenagem ao Cais da Jorna, João Duarte, 2013
450 X 250 cm, bronze

 O monumento foi inaugurado a 6 de Julho de 2013, pela Sr.ª Presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha. A peça escultórica conta com quatro representações antropomórficas, que estão dispostas sobre um pedestal de mármore.
Defronta às figuras cita-se Alves Redol: "Ali, a dois pasos da estrada de ferro sob as agulhas dos mastros das fragatas, se laçava o destino dos homens por toda a semana."

Homenagem ao Cais da Jorna, João Duarte, 2013
450 X 250 cm, bronze

Homenagem ao Cais da Jorna, João Duarte, 2013
Pormenor de Valadores (casal)
450 X 250 cm, bronze

Homenagem ao Cais da Jorna, João Duarte, 2013
Pormenor de Ceifeiros (casal)
450 X 250 cm, bronze

Homenagem ao Cais da Jorna, João Duarte, 2013
Pormenor "mão do capataz que escolheria os trabalhadores"
450 X 250 cm, bronze

João Duarte fez um trabalho um
pouco antagónico, se por um lado representa, e bem, os utensílios dos faladores e ceifeiros,
por outro amplia e deforma as representações humanas, o que acaba por chocar o
transeunte, devido à volumetria imensa das peças. Porém, a ironia também não
foi descurada, visto ser uma época e uma classe social que vivia em condições precárias,
as representações para serem fidedignas, teriam de ser, supostamente, de
pessoas magras, o que acontece é precisamente o contrário. É uma peça escultórica que, apesar de representar uma realidade da nossa Cultura Popular, é altamente contemporânea e sofisticada. 

André Lopes Cardoso

marcar artigo