cusquices de gajas: Na ROTA DOS FEMINISMOS ou... a caminho do Congresso Feminista 2008

14-11-2019
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Diário de Bordo: 1º dia Saímos do porto às 7.45h com direito a Porto Canal. Pelo caminho, a Fina d'Armada ia contando histórias das mulheres das localidades por onde iamos passando. A Maria José Magalhães, de energia contagiante (como sempre, aliás) lá ia convocando as presentes à cabine de som (leia-se microfone) para se apresentarem: "As mulheres não têm de temer falar em público. Temos de tomar a palavra! Vamos lá!". A Manuela Tavares falou da Madalena Barbosa, da Maria Lamas e a sua viagem pelo país e tivemos direito a leitura de excertos d' "As mulheres do meu país", pela Artemisa Coimbra. Chegadas a Melgaço, fomos recebidas pela vereadora da cultura Maria José Codesso e depois de uns minutos na câmara, seguimos para a feira. Pelo caminho, de panfletos, megafone e perguntas na mão, falamos com algumas mulheres. A uma perguntei:- Então já ouviu falar disto dos feminismos? Sabe o que é?Respondeu que não, de olhar humilde, lenço negro na cabeça e o bigode sem timidez.Perguntei-lhe se achava que mulheres e homens são tratados da mesma forma, ao que respondeu:- Não, menina. As mulheres são mais maltratadas, não é?- O feminismo é lutar para que isso mude; para que mulheres não sejam maltratadas, como diz; é, muito simplesmente, para que mulheres e homens possam ter os mesmos direitos.- Ah... é isso o feminismo?! Então sou feminista!Ganhei o dia logo ali! Mas a rota seguiu. Na feira fizemos uma performance: sendo nós barro (estátuas no meio da praça), a Maria José Magalhães ia pedindo às pessoas em volta que dissessem como era a mulher ideal.- É trabalhadeira! - dizia uma mulher que passava. E logo uma de nós, esculpida pela Deidré Matthee, assumia a postura de uma mulher a trabalhar. (as fotos vêm mais tarde, que as mãos eram de barro e não podiam segurar a câmara).- É uma mulher dos calendários! - e lá ia a escultora trabalhar o barro.- É a que faz tudo o que homem quiser- A mulher ideal? A mulher ideal sou eu!E as esculturas continuaram, comandadas pelo megafone.Seguimos viagem. Viana do Castelo foi a paragem seguinte.E aí ouvimos coisas como "a mulher ideal é forte.", "é o mundo", "é solidária e companheira", "é pensadora"... e muitos outros "é's". Já em Braga, o almoço foi na Universidade, seguido de uma tertúlia na "Velha-a-Branca", organizada pelo núcleo de Braga da comissão promotora do Congresso Feminista 2008: Anabela Santos, Catarina Dias, Sylvie Oliveira. E procuraram-se as Simone de Beauvoir, com a companhia de Maria Helena Alvim, Maria José Magalhães, Zara Pinto Coelho e uma sala cheia. Antes da retomada ao Porto, uma paragem em Famalicão. Muitos e muitas estudantes a responderem a'"o que é o feminismo?". No meio de tantas mulheres e homens interessandos/as e a dizerem-se feministas, um "feminismo é o contrário de machismo, não é?", passou quase despercebido, não fosse uma ideia recorrente.O ciclo fecha-se no Porto, com o Diário de Bordo deste primeiro dia. As organizadoras: Vânia Martins, Ilda Afonso e Artemisa Coimbra projectaram as fotos (algumas delas aqui), fizeram o balanço (saldo -muito- positivo!) e para muito mais não deu que o dia ia longo e o jantar esperava. Amanhã, às 7h00 a rota retoma, desta feita em direcção ao Alentejo: Vouzela, Viseu, Coimbra... mais performances, lançamento da acção "Nem mais uma!" (mulher assassinada), pela Marcha Mundial das Mulheres, baile na associação "Pé de Xumbo" e dormida nas camaratas da Pousada da Juventude de Évora.Mas mais haverá. (Também) porque é Dia Internacional da Mulher, vamos espalhar os feminismos!


Diário de Bordo: 1º dia Saímos do porto às 7.45h com direito a Porto Canal. Pelo caminho, a Fina d'Armada ia contando histórias das mulheres das localidades por onde iamos passando. A Maria José Magalhães, de energia contagiante (como sempre, aliás) lá ia convocando as presentes à cabine de som (leia-se microfone) para se apresentarem: "As mulheres não têm de temer falar em público. Temos de tomar a palavra! Vamos lá!". A Manuela Tavares falou da Madalena Barbosa, da Maria Lamas e a sua viagem pelo país e tivemos direito a leitura de excertos d' "As mulheres do meu país", pela Artemisa Coimbra. Chegadas a Melgaço, fomos recebidas pela vereadora da cultura Maria José Codesso e depois de uns minutos na câmara, seguimos para a feira. Pelo caminho, de panfletos, megafone e perguntas na mão, falamos com algumas mulheres. A uma perguntei:- Então já ouviu falar disto dos feminismos? Sabe o que é?Respondeu que não, de olhar humilde, lenço negro na cabeça e o bigode sem timidez.Perguntei-lhe se achava que mulheres e homens são tratados da mesma forma, ao que respondeu:- Não, menina. As mulheres são mais maltratadas, não é?- O feminismo é lutar para que isso mude; para que mulheres não sejam maltratadas, como diz; é, muito simplesmente, para que mulheres e homens possam ter os mesmos direitos.- Ah... é isso o feminismo?! Então sou feminista!Ganhei o dia logo ali! Mas a rota seguiu. Na feira fizemos uma performance: sendo nós barro (estátuas no meio da praça), a Maria José Magalhães ia pedindo às pessoas em volta que dissessem como era a mulher ideal.- É trabalhadeira! - dizia uma mulher que passava. E logo uma de nós, esculpida pela Deidré Matthee, assumia a postura de uma mulher a trabalhar. (as fotos vêm mais tarde, que as mãos eram de barro e não podiam segurar a câmara).- É uma mulher dos calendários! - e lá ia a escultora trabalhar o barro.- É a que faz tudo o que homem quiser- A mulher ideal? A mulher ideal sou eu!E as esculturas continuaram, comandadas pelo megafone.Seguimos viagem. Viana do Castelo foi a paragem seguinte.E aí ouvimos coisas como "a mulher ideal é forte.", "é o mundo", "é solidária e companheira", "é pensadora"... e muitos outros "é's". Já em Braga, o almoço foi na Universidade, seguido de uma tertúlia na "Velha-a-Branca", organizada pelo núcleo de Braga da comissão promotora do Congresso Feminista 2008: Anabela Santos, Catarina Dias, Sylvie Oliveira. E procuraram-se as Simone de Beauvoir, com a companhia de Maria Helena Alvim, Maria José Magalhães, Zara Pinto Coelho e uma sala cheia. Antes da retomada ao Porto, uma paragem em Famalicão. Muitos e muitas estudantes a responderem a'"o que é o feminismo?". No meio de tantas mulheres e homens interessandos/as e a dizerem-se feministas, um "feminismo é o contrário de machismo, não é?", passou quase despercebido, não fosse uma ideia recorrente.O ciclo fecha-se no Porto, com o Diário de Bordo deste primeiro dia. As organizadoras: Vânia Martins, Ilda Afonso e Artemisa Coimbra projectaram as fotos (algumas delas aqui), fizeram o balanço (saldo -muito- positivo!) e para muito mais não deu que o dia ia longo e o jantar esperava. Amanhã, às 7h00 a rota retoma, desta feita em direcção ao Alentejo: Vouzela, Viseu, Coimbra... mais performances, lançamento da acção "Nem mais uma!" (mulher assassinada), pela Marcha Mundial das Mulheres, baile na associação "Pé de Xumbo" e dormida nas camaratas da Pousada da Juventude de Évora.Mas mais haverá. (Também) porque é Dia Internacional da Mulher, vamos espalhar os feminismos!

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