Sérgio Sousa Pinto acusa novo líder da JS de ter "tiques estalinistas"

18-12-2020
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Sérgio Sousa Pinto, deputado e antigo líder da JS, não gostou de ver Miguel Costa Matos, o novo secretário-geral da ‘jota’, a omitir os nomes de António José Seguro, Jamila Madeira ou do próprio Sousa Pinto no discurso de encerramento do congresso daquela juventude partidária, que decorreu este domingo. Para o socialista, de resto, esta omissão foi “deliberada” e faz parte de uma estratégia consciente de apagar a influência de dirigentes históricos não necessariamente alinhados com a atual direção do partido ou com os quadros mais recentes do PS.

Em declarações ao Observador, Sousa Pinto acusa Costa Matos de revelar “tiques estalinistas” e de querer “retocar a história”, apagando “certas figuras” que tiveram responsabilidades de direção naquela estrutura partidária. “Teve um comportamento semelhante ao de Estaline“, lamenta.

No discurso de encerramento do congresso do partido, que o confirmou como novo líder da JS, Miguel Costa Matos lembrou o “legado histórico” deixado pelos seus antecessores, desde Alberto Arons de Carvalho, o primeiro secretário-geral da JS, a Maria Begonha, que deixou este domingo o cargo, passando por outros “líderes marcantes” como “Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro, João Torres ou Margarida Marques”.

De fora do discurso de Costa Matos ficara ficaram nomes como António José Seguro, o único secretário-geral da JS que chegou a líder do partido, Jamila Madeira, que derrotou na altura Ana Catarina Mendes, atual líder parlamentar do PS, e Sérgio Sousa Pinto, uma das figuras mais relevantes da história da JS pelo papel que desempenhou no combate pela despenalização do aborto — guerra que comprou contra António Guterres e que perdeu depois de o então líder do PS ter acordado com Marcelo Rebelo de Sousa a realização de um referendo.

Depois do embate com Guterres, aliás, Sousa Pinto deixou a liderança da JS em rota de colisão com a direção do partido e acabou por assumir funções em Bruxelas. “Fui-me embora da direção do partido, portanto as feridas com a direção eram muito grandes. Não me reconhecia em muitos aspetos da contemporização de um secretário-geral do PS com os sectores mais conservadores da sociedade portuguesa. Foi uma fase também de grande desconforto da minha intervenção no PS. Portanto, o Parlamento Europeu foi uma experiência extraordinária e uma excelente decisão porque aí aconteceu uma coisa extraordinária. Eu tinha uma relação distante com o dr. Mário Soares, tínhamos 50 anos de diferença, e de repente encontramo-nos no Parlamento Europeu e é o princípio da minha amizade com ele. Foi uma coisa que mudou a minha vida e, na verdade, foi o que me reconciliou com a política”, revelou numa entrevista de vida concedida ao Observador.

Para Sousa Pinto, esta omissão não foi uma coincidência mas antes um ato consciente de tentar apagar o papel de históricos dirigentes que, de uma forma ou de outra, têm sido vozes incómodas neste PS — Sousa Pinto, por exemplo, foi e é um forte opositor da ‘geringonça’ e das alianças que os socialistas fizeram à esquerda. “A JS não merecia isso“, remata.

Depois da histórica disputa entre Ana Catarina Mendes e Jamila Madeira, que deixou marcas profundas na JS, a ‘jota’ socialista por conhecer um período de pacificação. Em 2000, Jamila Pereira, então apoiada por António José Seguro, venceu as eleições derrotando Ana Catarina Mendes (apoiada por António Costa) por apenas um voto, num processo envolto em polémica — António Guterres, inclusive, preferiu não comparecer à sessão de encerramento desse Congresso de Espinho para não assistir às cenas protagonizadas pelos dois grupos rivais.

Daí para cá, foram líderes Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro, Pedro Delgado Alves (três dos quatro ‘jovens turcos’), mas também João Torres, Ivan Gonçalves, Maria Begonha e agora Miguel Costa Matos. Os sete, com maiores ou menores diferenças, alinhado com Pedro Nuno Santos, hoje ministro das Infraestruturas.

“JS não deve apagar ninguém da história”

Sérgio Sousa Pinto, deputado e antigo líder da JS, não gostou de ver Miguel Costa Matos, o novo secretário-geral da ‘jota’, a omitir os nomes de António José Seguro, Jamila Madeira ou do próprio Sousa Pinto no discurso de encerramento do congresso daquela juventude partidária, que decorreu este domingo. Para o socialista, de resto, esta omissão foi “deliberada” e faz parte de uma estratégia consciente de apagar a influência de dirigentes históricos não necessariamente alinhados com a atual direção do partido ou com os quadros mais recentes do PS.

Em declarações ao Observador, Sousa Pinto acusa Costa Matos de revelar “tiques estalinistas” e de querer “retocar a história”, apagando “certas figuras” que tiveram responsabilidades de direção naquela estrutura partidária. “Teve um comportamento semelhante ao de Estaline“, lamenta.

No discurso de encerramento do congresso do partido, que o confirmou como novo líder da JS, Miguel Costa Matos lembrou o “legado histórico” deixado pelos seus antecessores, desde Alberto Arons de Carvalho, o primeiro secretário-geral da JS, a Maria Begonha, que deixou este domingo o cargo, passando por outros “líderes marcantes” como “Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro, João Torres ou Margarida Marques”.

De fora do discurso de Costa Matos ficara ficaram nomes como António José Seguro, o único secretário-geral da JS que chegou a líder do partido, Jamila Madeira, que derrotou na altura Ana Catarina Mendes, atual líder parlamentar do PS, e Sérgio Sousa Pinto, uma das figuras mais relevantes da história da JS pelo papel que desempenhou no combate pela despenalização do aborto — guerra que comprou contra António Guterres e que perdeu depois de o então líder do PS ter acordado com Marcelo Rebelo de Sousa a realização de um referendo.

Depois do embate com Guterres, aliás, Sousa Pinto deixou a liderança da JS em rota de colisão com a direção do partido e acabou por assumir funções em Bruxelas. “Fui-me embora da direção do partido, portanto as feridas com a direção eram muito grandes. Não me reconhecia em muitos aspetos da contemporização de um secretário-geral do PS com os sectores mais conservadores da sociedade portuguesa. Foi uma fase também de grande desconforto da minha intervenção no PS. Portanto, o Parlamento Europeu foi uma experiência extraordinária e uma excelente decisão porque aí aconteceu uma coisa extraordinária. Eu tinha uma relação distante com o dr. Mário Soares, tínhamos 50 anos de diferença, e de repente encontramo-nos no Parlamento Europeu e é o princípio da minha amizade com ele. Foi uma coisa que mudou a minha vida e, na verdade, foi o que me reconciliou com a política”, revelou numa entrevista de vida concedida ao Observador.

Para Sousa Pinto, esta omissão não foi uma coincidência mas antes um ato consciente de tentar apagar o papel de históricos dirigentes que, de uma forma ou de outra, têm sido vozes incómodas neste PS — Sousa Pinto, por exemplo, foi e é um forte opositor da ‘geringonça’ e das alianças que os socialistas fizeram à esquerda. “A JS não merecia isso“, remata.

Depois da histórica disputa entre Ana Catarina Mendes e Jamila Madeira, que deixou marcas profundas na JS, a ‘jota’ socialista por conhecer um período de pacificação. Em 2000, Jamila Pereira, então apoiada por António José Seguro, venceu as eleições derrotando Ana Catarina Mendes (apoiada por António Costa) por apenas um voto, num processo envolto em polémica — António Guterres, inclusive, preferiu não comparecer à sessão de encerramento desse Congresso de Espinho para não assistir às cenas protagonizadas pelos dois grupos rivais.

Daí para cá, foram líderes Pedro Nuno Santos, Duarte Cordeiro, Pedro Delgado Alves (três dos quatro ‘jovens turcos’), mas também João Torres, Ivan Gonçalves, Maria Begonha e agora Miguel Costa Matos. Os sete, com maiores ou menores diferenças, alinhado com Pedro Nuno Santos, hoje ministro das Infraestruturas.

“JS não deve apagar ninguém da história”

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