Forte Apache

20-12-2019
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Alexandre Poço, 23.11.12

Foi hoje aprovado o Orçamento Rectificativo para 2012 com os votos a favor da maioria e os votos contra de toda a oposição. Sim, o PS também votou contra. Apesar de se ter abstido na generalidade, hoje, na votação final, o PS votou contra. E um dos motivos apresentados foi: o aval concedido à Madeira no valor de 1,1 milhões de euros, resultante de uma alteração na Comissão Parlamentar do Orçamento e Finanças. Ora, isto dito assim, não indica nada de estranho. Cada partido toma as decisões que decide tomar e vota em consonância com essas decisões. Porém, na concepção que tenho das coisas em política, os actos devem ser coerentes e é aqui que o PS falha. Senão vejamos - já há muito tempo que o PS e os socialistas na imprensa e redes sociais criticam transferências de fundos para a região autónoma da Madeira. Aquando do caso das dívidas ocultas, rasgaram as vestes e afirmavam que não tinham de pagar as dívidas do governo de Alberto João Jardim, pois não devíamos ser solidários com um governo despesista.

Ora, esta celeuma sobre as dívidas e os dinheiros transferidos para a Madeira desaparece quando se trata de financiamento para a política do Partido Socialista no continente. Desde que foi eleito líder do PS, António José Seguro e por arrasto, o seu partido, sugerem que a solução para esta crise é "europeia", já sendo célebre a expressão de Seguro que pede "mais tempo e mais dinheiro", embora ultimamente, talvez por sugestão de um assessor de comunicação que lhe deve ter dito que soava mal pedir "mais dinheiro", a fórmula seja "mais tempo e menos juros" (cai melhor no ouvido). E é isto que é incoerente, para não dizer mais, no Partido Socialista: dizem que nem mais um cêntimo deve ser transferido para as megalomanias de Alberto João Jardim, ao mesmo tempo, que dizem que a Europa tem a obrigação de nos dar mais dinheiro. Ou seja, o PS não quer financiar as marinas vazias e os estádios de futebol de Jardim, mas quer dinheiro (dos outros, de preferência) para prosseguir com o "desenvolvimento de sectores estratégios", provavelmente acentes em Aeroportos como o de Beja, auto-estradas para corridas de Fórmula 1 de aves de rapina ou para colocar candeeiros, que poderiam muito bem estar no Guggenheim em escolas secundárias.

Mais, o Partido Socialista fala da necessidade de uma "Europa solidária", onde os contribuintes dos países mais ricos têm o dever moral de contribuir para o despesismo que reina a sul, mas ofende-se como uma virgem por cada cêntimo que é transferido para a também despesista Madeira. A despesa feita às mãos do PS é virtuosa, às mãos do PSD é sacanice e aldrabice, só pode ser isso. Talvez seja a cor partidária do governo regional, talvez seja apenas cavalgar a onda do sentimento que reina no continente contra aquela região autónoma. Justificações à parte, o que esta questão revela é uma grande incoerência: A Europa, a Merkel e o BCE têm de ser solidária connosco, nós não temos de ser solidários com a Madeira.

Alexandre Poço, 23.11.12

Foi hoje aprovado o Orçamento Rectificativo para 2012 com os votos a favor da maioria e os votos contra de toda a oposição. Sim, o PS também votou contra. Apesar de se ter abstido na generalidade, hoje, na votação final, o PS votou contra. E um dos motivos apresentados foi: o aval concedido à Madeira no valor de 1,1 milhões de euros, resultante de uma alteração na Comissão Parlamentar do Orçamento e Finanças. Ora, isto dito assim, não indica nada de estranho. Cada partido toma as decisões que decide tomar e vota em consonância com essas decisões. Porém, na concepção que tenho das coisas em política, os actos devem ser coerentes e é aqui que o PS falha. Senão vejamos - já há muito tempo que o PS e os socialistas na imprensa e redes sociais criticam transferências de fundos para a região autónoma da Madeira. Aquando do caso das dívidas ocultas, rasgaram as vestes e afirmavam que não tinham de pagar as dívidas do governo de Alberto João Jardim, pois não devíamos ser solidários com um governo despesista.

Ora, esta celeuma sobre as dívidas e os dinheiros transferidos para a Madeira desaparece quando se trata de financiamento para a política do Partido Socialista no continente. Desde que foi eleito líder do PS, António José Seguro e por arrasto, o seu partido, sugerem que a solução para esta crise é "europeia", já sendo célebre a expressão de Seguro que pede "mais tempo e mais dinheiro", embora ultimamente, talvez por sugestão de um assessor de comunicação que lhe deve ter dito que soava mal pedir "mais dinheiro", a fórmula seja "mais tempo e menos juros" (cai melhor no ouvido). E é isto que é incoerente, para não dizer mais, no Partido Socialista: dizem que nem mais um cêntimo deve ser transferido para as megalomanias de Alberto João Jardim, ao mesmo tempo, que dizem que a Europa tem a obrigação de nos dar mais dinheiro. Ou seja, o PS não quer financiar as marinas vazias e os estádios de futebol de Jardim, mas quer dinheiro (dos outros, de preferência) para prosseguir com o "desenvolvimento de sectores estratégios", provavelmente acentes em Aeroportos como o de Beja, auto-estradas para corridas de Fórmula 1 de aves de rapina ou para colocar candeeiros, que poderiam muito bem estar no Guggenheim em escolas secundárias.

Mais, o Partido Socialista fala da necessidade de uma "Europa solidária", onde os contribuintes dos países mais ricos têm o dever moral de contribuir para o despesismo que reina a sul, mas ofende-se como uma virgem por cada cêntimo que é transferido para a também despesista Madeira. A despesa feita às mãos do PS é virtuosa, às mãos do PSD é sacanice e aldrabice, só pode ser isso. Talvez seja a cor partidária do governo regional, talvez seja apenas cavalgar a onda do sentimento que reina no continente contra aquela região autónoma. Justificações à parte, o que esta questão revela é uma grande incoerência: A Europa, a Merkel e o BCE têm de ser solidária connosco, nós não temos de ser solidários com a Madeira.

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