Pura Coincidência

24-06-2020
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Cheguei a ter medo de te perder,tu não chegaste sequer a ter medo.Este silêncio de já não termos palavrasouve-se nas outras palavras que trocamos.Miserável mundo nosso e alheio,igual ao que todos disseram da sua época,e pior, porque este vivemos nóse conhecemos nós, cada um conforme pode.Já morrerem os ídolos todos da infânciae os da adolescência vão a caminho,sobrevivente é o teu olhar cego(hoje há já só um dos Righteous Brothers).Na feira de velharias uma caixapara tabaco com uma rosa verde.Tem o preço ainda em escudos, uma falhanum dos cantos, uma pequena cruz de cal.Permaneces aí, à lareira, lendo livros vivose o seu turbilhão de palavras profundas.Nunca mais chega o medo de nos perdermos,eco um do outro em ricochete de silêncios.Helder Moura Pereira, Mútuo Consentimento, Assírio & Alvim, Lisboa, 2005


Cheguei a ter medo de te perder,tu não chegaste sequer a ter medo.Este silêncio de já não termos palavrasouve-se nas outras palavras que trocamos.Miserável mundo nosso e alheio,igual ao que todos disseram da sua época,e pior, porque este vivemos nóse conhecemos nós, cada um conforme pode.Já morrerem os ídolos todos da infânciae os da adolescência vão a caminho,sobrevivente é o teu olhar cego(hoje há já só um dos Righteous Brothers).Na feira de velharias uma caixapara tabaco com uma rosa verde.Tem o preço ainda em escudos, uma falhanum dos cantos, uma pequena cruz de cal.Permaneces aí, à lareira, lendo livros vivose o seu turbilhão de palavras profundas.Nunca mais chega o medo de nos perdermos,eco um do outro em ricochete de silêncios.Helder Moura Pereira, Mútuo Consentimento, Assírio & Alvim, Lisboa, 2005

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