Pura Coincidência

24-06-2020
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Antero de Quental (1842-1891)SEPULTURA ROMÂNTICAAli, onde o mar quebra, num cachãoRugidor e monótono, e os ventosErguem pelo areal os seus lamentos,Ali se há-de enterrar meu coração.Queimem-no os sóis da adusta solidãoNa fornalha do estio, em dias lentos;Depois, no inverno, os sopros violentosLhe revolvam em torno o árido chão...Até que se desfaça e, já tornadoEm impalpável pó, seja levadoNos turbilhões que o vento levantar...Com suas lutas, seu cansado anseio,Seu louco amor, dissolva-se no seioDesse infecundo, desse amargo mar!Antero de Quental, Sonetos


Antero de Quental (1842-1891)SEPULTURA ROMÂNTICAAli, onde o mar quebra, num cachãoRugidor e monótono, e os ventosErguem pelo areal os seus lamentos,Ali se há-de enterrar meu coração.Queimem-no os sóis da adusta solidãoNa fornalha do estio, em dias lentos;Depois, no inverno, os sopros violentosLhe revolvam em torno o árido chão...Até que se desfaça e, já tornadoEm impalpável pó, seja levadoNos turbilhões que o vento levantar...Com suas lutas, seu cansado anseio,Seu louco amor, dissolva-se no seioDesse infecundo, desse amargo mar!Antero de Quental, Sonetos

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