Pura Coincidência

22-09-2020
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UMA HISTÓRIA VULGAR

Ouvir a tua voz, outrora, era o bastantePara sentir, enfim, justificada, a vida;E supor que podia, a partir desse instante,Abrir, impunemente, ao mundo, confiante,Minh'alma enternecida.

Fitar o teu olhar, era um deslumbramento,.Que me transfigurava e me fazia crerQue depois de viver, na terra, esse momento,-- Sereno, como após o extremo sacramento --,Já podia morrer.

Premia as tuas mãos nas minhas e dizia,Com profunda emoção: -- É só por ti que existo!-- Como foi isto, amor? Do nosso olhar, um dia,Caiu neve no fogo em que a minh'alma ardia...Amor, como foi isto?!

Passas por mim, agora, e nada me insinuaSer a tua presença o derradeiro eloQue me prendia à vida. -- E a vida continua!E tudo, como outrora, (o sol, o mar, a lua...)Mesmo sem ti, é belo!

Como havemos de ter, nos outros, confiança?Que humano sentimento a nossa fé merece?De que servem, na vida, os ideais e a esperança,Se o próprio Amor, -- como os brinquedos, em criança --,Tão cedo, para nós, perde o encanto e esquece?! 

                                                       Carlos Queirós

UMA HISTÓRIA VULGAR

Ouvir a tua voz, outrora, era o bastantePara sentir, enfim, justificada, a vida;E supor que podia, a partir desse instante,Abrir, impunemente, ao mundo, confiante,Minh'alma enternecida.

Fitar o teu olhar, era um deslumbramento,.Que me transfigurava e me fazia crerQue depois de viver, na terra, esse momento,-- Sereno, como após o extremo sacramento --,Já podia morrer.

Premia as tuas mãos nas minhas e dizia,Com profunda emoção: -- É só por ti que existo!-- Como foi isto, amor? Do nosso olhar, um dia,Caiu neve no fogo em que a minh'alma ardia...Amor, como foi isto?!

Passas por mim, agora, e nada me insinuaSer a tua presença o derradeiro eloQue me prendia à vida. -- E a vida continua!E tudo, como outrora, (o sol, o mar, a lua...)Mesmo sem ti, é belo!

Como havemos de ter, nos outros, confiança?Que humano sentimento a nossa fé merece?De que servem, na vida, os ideais e a esperança,Se o próprio Amor, -- como os brinquedos, em criança --,Tão cedo, para nós, perde o encanto e esquece?! 

                                                       Carlos Queirós

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