portugal dos pequeninos

15-12-2019
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De repente, apareceu no léxico da língua de pau nacional a palavra "responsabilidade". Quem nunca cá tivesse estado nos últimos, vamos lá, dez anos, poderia julgar que estivemos entregues a irresponsáveis e que, finalmente, meia dúzia de prosélitos, prenhes de "sentido de Estado" e de gravitas, desceram à Terra (Marcelo já tinha descido previamente como os rapazes e as raparigas dos "segredos" da Júlia Pinheiro) para distribuir, com método e equanimidade, a dita cuja. E, para estes prosélitos, o que significa "responsabilidade"? "Responsabilidade" é, por esta ordem, deixar passar um orçamento que só de conhece da boca do "responsável" Sócrates (o orçamento é uma espécie de décimo primeiro estádio do euro 2004, um verdadeiro "desígnio nacional"), fazer de conta que não existe uma coisa "irresponsável" chamada PSD e transformar as eleições presidenciais num amuleto para o acima referido "responsável" Sócrates continuar a distribuir "responsabilidade" pelo país por mais tempo. Isto tudo porque o lugar - em que todos estes novos e velhos teóricos da "responsabilidade" têm responsabilidade pelo estado a que o lugar chegou - deve parecer um país aos olhos dos seus prestamistas, nem que seja a engolir "queijos limianos" para ficar bem na fotografia. Neste contexto de "responsabilidade", o mais natural e sábio é que Sócrates não apareça ou fale até à completa edificação do seu "estádio", o orçamento. Aqueles que, adequadamente e a tempo, perceberam a natureza do homem, são os mesmos que, atento o tal "desígnio nacional", o sustentam. Ele pode permanecer inerme a rir-se deles e de nós. Passos Coelho, faça o que fizer, está condenado para todo o sempre a ser um "irresponsável" nem que seja por ter ousado perguntar se, independentemente do "estádio/orçamento", não custará mais manter o "empreiteiro". Foi este argumento da "responsabilidade" que levou Sócrates à maioria absoluta de 2005 praticamente sem se mexer. É com ele, o argumento, na boca de outros supostamente insuspeitos que Sócrates conta para ir ficando, como sempre afirmei que poderá ficar até ao final da legislatura. Carrilho dizia na sexta-feira que a democracia não vive de consensos. Vive da diferença. Mas afirmar isto, com clareza e sem ambiguidades oportunistas, é correr o risco da "irresponsabilidade" e significa perturbar a instalada "comissão de honra de apoio a Sócrates" que se extende patrioticamente de Lisboa a Bruxelas como num concurso de empadões para o "guiness". Nem os melhores espíritos escapam a esta timorata conclusão. Vasco Pulido Valente, ontem, verberava o regime que, na prática, é esta "comissão de honra" mais Sócrates. Hoje já acha que, em nome da "responsabilidade", o regime de Sócrates deve ser salvo através do desconhecido orçamento. Que saudades de umas férias, sem bilhete de volta, em Marrocos. O original.Adenda: A título ilustrativo, têm aqui um "pormenor" do "estádio/orçamento" (porque depois há mais orçamentos e mais orçamentos por causa do "estádio"). Talvez umas três cadeiras da bancada lateral. E a Helena Matos, que é uma pessoa "normal", escreve nos jornais e vai às televisões, também pergunta se o famoso orçamento tem poderes taumatúrgicos. Ou o Moita de Deus, um dos "heróis" do 5 de Outubro de 2010 e pessoa igualmente frequentável, que acha graça ver «o país pensante a pedir que a oposição abdique de fazer oposição por causa do estado das finanças públicas.»


De repente, apareceu no léxico da língua de pau nacional a palavra "responsabilidade". Quem nunca cá tivesse estado nos últimos, vamos lá, dez anos, poderia julgar que estivemos entregues a irresponsáveis e que, finalmente, meia dúzia de prosélitos, prenhes de "sentido de Estado" e de gravitas, desceram à Terra (Marcelo já tinha descido previamente como os rapazes e as raparigas dos "segredos" da Júlia Pinheiro) para distribuir, com método e equanimidade, a dita cuja. E, para estes prosélitos, o que significa "responsabilidade"? "Responsabilidade" é, por esta ordem, deixar passar um orçamento que só de conhece da boca do "responsável" Sócrates (o orçamento é uma espécie de décimo primeiro estádio do euro 2004, um verdadeiro "desígnio nacional"), fazer de conta que não existe uma coisa "irresponsável" chamada PSD e transformar as eleições presidenciais num amuleto para o acima referido "responsável" Sócrates continuar a distribuir "responsabilidade" pelo país por mais tempo. Isto tudo porque o lugar - em que todos estes novos e velhos teóricos da "responsabilidade" têm responsabilidade pelo estado a que o lugar chegou - deve parecer um país aos olhos dos seus prestamistas, nem que seja a engolir "queijos limianos" para ficar bem na fotografia. Neste contexto de "responsabilidade", o mais natural e sábio é que Sócrates não apareça ou fale até à completa edificação do seu "estádio", o orçamento. Aqueles que, adequadamente e a tempo, perceberam a natureza do homem, são os mesmos que, atento o tal "desígnio nacional", o sustentam. Ele pode permanecer inerme a rir-se deles e de nós. Passos Coelho, faça o que fizer, está condenado para todo o sempre a ser um "irresponsável" nem que seja por ter ousado perguntar se, independentemente do "estádio/orçamento", não custará mais manter o "empreiteiro". Foi este argumento da "responsabilidade" que levou Sócrates à maioria absoluta de 2005 praticamente sem se mexer. É com ele, o argumento, na boca de outros supostamente insuspeitos que Sócrates conta para ir ficando, como sempre afirmei que poderá ficar até ao final da legislatura. Carrilho dizia na sexta-feira que a democracia não vive de consensos. Vive da diferença. Mas afirmar isto, com clareza e sem ambiguidades oportunistas, é correr o risco da "irresponsabilidade" e significa perturbar a instalada "comissão de honra de apoio a Sócrates" que se extende patrioticamente de Lisboa a Bruxelas como num concurso de empadões para o "guiness". Nem os melhores espíritos escapam a esta timorata conclusão. Vasco Pulido Valente, ontem, verberava o regime que, na prática, é esta "comissão de honra" mais Sócrates. Hoje já acha que, em nome da "responsabilidade", o regime de Sócrates deve ser salvo através do desconhecido orçamento. Que saudades de umas férias, sem bilhete de volta, em Marrocos. O original.Adenda: A título ilustrativo, têm aqui um "pormenor" do "estádio/orçamento" (porque depois há mais orçamentos e mais orçamentos por causa do "estádio"). Talvez umas três cadeiras da bancada lateral. E a Helena Matos, que é uma pessoa "normal", escreve nos jornais e vai às televisões, também pergunta se o famoso orçamento tem poderes taumatúrgicos. Ou o Moita de Deus, um dos "heróis" do 5 de Outubro de 2010 e pessoa igualmente frequentável, que acha graça ver «o país pensante a pedir que a oposição abdique de fazer oposição por causa do estado das finanças públicas.»

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