portugal dos pequeninos

15-12-2019
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Porventura a pensar no congresso do PS - o "partido Sócrates", como lhe chama significativamente o Público - o Diário de Notícias lembrou-se de perguntar a algumas luminárias da "esquerda" o que é que elas entendiam por tal toponímia. O soba Mega Ferreira saiu-se com este diamante - "adoptar, como ponto de princípio, o partido dos que menos têm, em vez dos que têm mais" - como se fosse um modelo "intelectual" dos que "menos têm". Já o prof. Boaventura "sonha" com o nirvana anti-capitalista - apesar do "capitalismo" lhe propiciar a divulgação da sua "obra" e "pensamento" nos Estados Unidos - e clama pelo seu fantástico "fim". Nuno Brederode dos Santos supõe a "esquerda" como sendo o monopólio daqueles "que cultivam a inquietação da dúvida, contra o conforto da certeza", sem se lembrar que muito do pensamento filosófico e político essencial do século XX (para não andar mais para trás) teve um "parto doloroso" com Nietzsche e seguiu em frente com Heidegger ou Wittgenstein (este por contraponto ao "oportunista" Russell). São eles os filósofos do nosso desgraçado tempo e não o trombudo Marx, os "estruturalistas" ou os "pós-modernos". Até os pragmatistas americanos - sociais-democratas como Rorty, por exemplo - lá vão "beber". Silva Melo não interessa. Só lhe interessa quem anda com ele ao colo, seja de "esquerda" ou de "direita". Baptista-Bastos desceu da bonita lua onde normalmente vive para falar em "ganância" e em "globalização". Dois socialistas (Alfredo Barroso e Pedro Adão e Silva) limitam-se a lugares-comuns sobre o "papel" do Estado, enquanto Helena Roseta, para sempre nostálgica do milhão de votos de Alegre, aposta no "poder dos cidadãos". Marcos Perestrello, a nova coqueluche do "socratismo", banaliza a "esquerda" em torno do cliché "igualdade e solidariedade" para poder dormir descansado. Carlos Brito, ex-PC duro e actual PC "reformador", descobriu, na terceira-idade, o valor insubstituível da liberdade como se esta fosse propriedade privada da "esquerda". Mário de Carvalho, finalmente, é mais prosaico e, apesar de umas divagações realistas sobre a "esquerda concreta" - a dos "ismos" - não resistiu ao disparate (infelizmente offline) : "a direita não tem, nem nunca teve, princípios: tem preconceitos". E continua: "quando alguém se proclama de direita assume um lastro de opressão, violência, ignomínia, mentira, obscurantismo, que pesa através dos séculos e que nos vem diminuindo e amesquinhando até aos nosso dias". Se isto não são preconceitos, então já não sei o que é um preconceito. Lembrar a "esquerda" a propósito do congresso deste PS, é o mesmo que falar de omeletas a propósito de salmão. Em suma - e à excepção de Medeiros Ferreira que diz qualquer coisa que é comum aos homens de bom senso da "esquerda" e da "direita" (evitar empurrar "a vida das pessoas para baixo") - à "esquerda" assenta-lhe bem a designação italiana. Persiste sinistra.


Porventura a pensar no congresso do PS - o "partido Sócrates", como lhe chama significativamente o Público - o Diário de Notícias lembrou-se de perguntar a algumas luminárias da "esquerda" o que é que elas entendiam por tal toponímia. O soba Mega Ferreira saiu-se com este diamante - "adoptar, como ponto de princípio, o partido dos que menos têm, em vez dos que têm mais" - como se fosse um modelo "intelectual" dos que "menos têm". Já o prof. Boaventura "sonha" com o nirvana anti-capitalista - apesar do "capitalismo" lhe propiciar a divulgação da sua "obra" e "pensamento" nos Estados Unidos - e clama pelo seu fantástico "fim". Nuno Brederode dos Santos supõe a "esquerda" como sendo o monopólio daqueles "que cultivam a inquietação da dúvida, contra o conforto da certeza", sem se lembrar que muito do pensamento filosófico e político essencial do século XX (para não andar mais para trás) teve um "parto doloroso" com Nietzsche e seguiu em frente com Heidegger ou Wittgenstein (este por contraponto ao "oportunista" Russell). São eles os filósofos do nosso desgraçado tempo e não o trombudo Marx, os "estruturalistas" ou os "pós-modernos". Até os pragmatistas americanos - sociais-democratas como Rorty, por exemplo - lá vão "beber". Silva Melo não interessa. Só lhe interessa quem anda com ele ao colo, seja de "esquerda" ou de "direita". Baptista-Bastos desceu da bonita lua onde normalmente vive para falar em "ganância" e em "globalização". Dois socialistas (Alfredo Barroso e Pedro Adão e Silva) limitam-se a lugares-comuns sobre o "papel" do Estado, enquanto Helena Roseta, para sempre nostálgica do milhão de votos de Alegre, aposta no "poder dos cidadãos". Marcos Perestrello, a nova coqueluche do "socratismo", banaliza a "esquerda" em torno do cliché "igualdade e solidariedade" para poder dormir descansado. Carlos Brito, ex-PC duro e actual PC "reformador", descobriu, na terceira-idade, o valor insubstituível da liberdade como se esta fosse propriedade privada da "esquerda". Mário de Carvalho, finalmente, é mais prosaico e, apesar de umas divagações realistas sobre a "esquerda concreta" - a dos "ismos" - não resistiu ao disparate (infelizmente offline) : "a direita não tem, nem nunca teve, princípios: tem preconceitos". E continua: "quando alguém se proclama de direita assume um lastro de opressão, violência, ignomínia, mentira, obscurantismo, que pesa através dos séculos e que nos vem diminuindo e amesquinhando até aos nosso dias". Se isto não são preconceitos, então já não sei o que é um preconceito. Lembrar a "esquerda" a propósito do congresso deste PS, é o mesmo que falar de omeletas a propósito de salmão. Em suma - e à excepção de Medeiros Ferreira que diz qualquer coisa que é comum aos homens de bom senso da "esquerda" e da "direita" (evitar empurrar "a vida das pessoas para baixo") - à "esquerda" assenta-lhe bem a designação italiana. Persiste sinistra.

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