portugal dos pequeninos

15-12-2019
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Há uns anos, num semanário entretanto desaparecido chamado O Jornal, Pedro Ayres Magalhães - dos Madredeus, dos Heróis do Mar e autor de muitas e boas letras dos respectivos repertórios - na sua qualidade de ex-aluno do Colégio Militar "revelou" que era trivial a prática de relações sexuais (aparentemente voluntárias) entre alunos "do seu tempo". Na altura isto criou um pequeno tumulto. Como se Magalhães tivesse dito uma grave mentira ou como se essas situações afectassem uma qualquer "moral" militar e tivessem alterado o curso dito normal da natureza. Agora, ex-alunos foram acusados pelo Ministério Público por maus tratos perpetrados recentemente a gente nova. Não agressões sexuais mas porrada mesmo. O Colégio Militar era uma instituição prestigiada que fatalmente acompanhou a "dieta da correcção" imposta às forças armadas pelo regime. Nas televisões, os alunos são descritos como "meninos" sujeitos às piores sevícias. Ora quem opta pelo Colégio Militar - mesmo no estado a que tudo chegou - tem a obrigação de saber ao que vai. Nada disto, porém, justifica a violência imbecil comum, aliás, a muitas "praxes" civis universitárias que até já mortos produziram. Nenhuma escola, de ensino secundário ou superior, é hoje suposto dar à luz virtuosos - no sentido clássico do termo - ou induzir noções básicas de disciplina, rigor ou, no limite, de ética. Muito menos homens.


Há uns anos, num semanário entretanto desaparecido chamado O Jornal, Pedro Ayres Magalhães - dos Madredeus, dos Heróis do Mar e autor de muitas e boas letras dos respectivos repertórios - na sua qualidade de ex-aluno do Colégio Militar "revelou" que era trivial a prática de relações sexuais (aparentemente voluntárias) entre alunos "do seu tempo". Na altura isto criou um pequeno tumulto. Como se Magalhães tivesse dito uma grave mentira ou como se essas situações afectassem uma qualquer "moral" militar e tivessem alterado o curso dito normal da natureza. Agora, ex-alunos foram acusados pelo Ministério Público por maus tratos perpetrados recentemente a gente nova. Não agressões sexuais mas porrada mesmo. O Colégio Militar era uma instituição prestigiada que fatalmente acompanhou a "dieta da correcção" imposta às forças armadas pelo regime. Nas televisões, os alunos são descritos como "meninos" sujeitos às piores sevícias. Ora quem opta pelo Colégio Militar - mesmo no estado a que tudo chegou - tem a obrigação de saber ao que vai. Nada disto, porém, justifica a violência imbecil comum, aliás, a muitas "praxes" civis universitárias que até já mortos produziram. Nenhuma escola, de ensino secundário ou superior, é hoje suposto dar à luz virtuosos - no sentido clássico do termo - ou induzir noções básicas de disciplina, rigor ou, no limite, de ética. Muito menos homens.

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