Quer saber o que é mística Presidente? Recomendo um estágio no Club Sintra Football

02-09-2020
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É roupeiro, cozinheiro, motorista, fez os estatutos,
desenhou o símbolo, lava os equipamentos, toca o tambor, faz os cestos dos
jogadores, é speaker no estádio...

Ah, e é também o presidente e o fundador do Club Sintra Football.

Podemos juntar a isto que é um Benfiquista fanático e até
o símbolo do seu clube tem uma águia. E o equipamento é vermelho, pois claro.

Aliás, o Dinis, de seu nome, sempre acompanhou e viveu
muito o Benfica, sempre teve cativo no Estádio da Luz, sempre teve muitos
contactos, sempre teve sempre uma “lata” infinita para abordar fosse quem
fosse, sempre correu atrás do que queria, ao ponto de ter até conseguido jogar
no Estádio da Luz num jogo de exibição contra a fome há vários anos atrás pela
equipa do Benfica, ao mesmo tempo que estava na primeira fila ao lado do Rui
Costa no cemitério quando Eusébio foi enterrado naquele fim de tarde à chuva!

A juntar a isto tudo, o Dinis é também meu amigo, alguém que cresceu comigo, alguém de quem conheço e admiro, não só a
capacidade de trabalho, mas a paixão com que vive e como se entrega às causas em
que acredita.

Em 2004, o Dinis decidiu que ser apenas adepto do Benfica
já não lhe chegava. Queria mais. E chamaram-lhe (chamámos-lhe) de louco quando
comunicou que o passo seguinte era formar (e amar) o seu próprio clube.

Formou uma equipa apenas com amigos seus e, através de
uns contactos, começou o seu percurso do patamar mais baixo possível, como
equipa B de uma equipa do campeonato do Inatel...

E essa esquipazeca de amigos, com muitos coxos e muitos
velhos mas sempre com muita paixão pelo jogo e muita amizade entre todos, subiu
as duas divisões do Inatel, segunda distrital, primeira distrital, divisão de
honra e agora disputa a pro-nacional encontrando-se lá em cima a disputar nova
subida de divisão.

O Club Sintra Football é a equipa de futebol em Portugal
que nos últimos anos mais subidas de divisão conseguiu… E nunca desceu.

E isto sem deixar de ser nunca um clube amador, um clube
que vive sobretudo de paixão, de alguns patrocínios e do pouco dinheiro que o
Dinis vai conseguindo lá meter do seu ordenado, resultado da profissão que
exerce num negócio que tem, um Presidente que recolhe latas e papelão ao fim da
noite para vender, porque esses 100 euros ao mês fazem uma diferença louca no
orçamento do clube.

Ah, e o Sintra joga onde? Pois é, o Sintra nem campo
próprio tem, e aluga o campo do Real SC em Massamá, treina por isso a horas
impróprias (quando o Real SC não treina), e tem uma sede desenrascada
debaixo de uma bancada.

O Dinis já
teve jogadores a morar em sua casa, arranjou cursos para alguns deles,
trabalhos e empregos, os seus jogadores são como filhos para si! O Dinis é um
Presidente com uma paixão e dedicação tais àquele clube, paixão essa que
permite que um clube sem dinheiro supere clubes com estruturas muitíssimo mais
evoluídas.

E ainda assim
é um clube que faz questão de guardar uns euros em cada jogo em casa para
comprar cerveja, uns sumos e uma sandes, e oferecer (SIM, OFERECER) no intervalo
do jogo aos 250 ou 300 adeptos que se deslocam ao Estádio para ver o Sintra
jogar, como forma de agradecimento por acompanharem a vida do clube. Ali nunca
falta um lanchinho grátis.

E tem lá umas mantas que empresta aos adeptos nas tardes
de frio para verem os jogos, e é assim que se vai criando a mística de um clube
tão jovem.

Um clube que
de quando em vez convoca os seus jogadores para juntar uns alimentos e uns
cobertores, e lá vão eles para Lisboa à noite com o Dinis na carripana dele
distribuir bens por aqueles que dormem na rua!

Um clube pobre mas para o qual vários empresários vão
abrindo os olhos, havendo vários que já abordaram o Dinis para lá investir
dinheiro, para poderem lá rodar os seus jogadores, transformando o clube numa
SAD.

E o Dinis, a
contar tostões, diz não à SAD! Chora na hora porque não é fácil na situação
dele dizer não a 100 ou 200 mil euros, mas rapidamente limpa as lágrimas e
segue caminho, acreditando que um dia o SEU 
Sintra, vai estar a disputar a Primeira Liga portuguesa. E eu acredito!
Porque se há alguém capaz de operar esse milagre é ele!

E falo no Club Sintra Football e no Dinis porquê? Porque
conheço a história de ambos. Estive lá
com outros a chamá-lo de maluco desde o início! Falo no Sintra porque é fácil, quando já somos "muita" grandes esquecer as coisas básicas, esquecer onde tudo começou e onde estão as nossas raízes.

E falo no Club
Sintra Football porque é nesse clube que Luís Filipe Vieira deveria fazer um
estágio, para perceber como lhe bastaria ter um décimo da paixão do Dinis (que
não me admiraria que um dia decidisse ser candidato a Presidente do Benfica –
votava nele sem pestanejar), para que o Benfica desportivamente pudesse ser um clube
tão diferente para melhor, mesmo sem ter as condições de outros emblemas mais
poderosos. A paixão ainda é capaz de fazer a diferença e de esbater outras
diferenças! O Dinis prova-o todos os dias.

A reportagem que se segue é por isso um hino ao futebol.
Se querem saber o que é mística, mística é isto. Esta é a história de um clube
pequenino, mas que tem muito daquilo que tanta falta faz no meu querido Sport
Lisboa e Benfica: Paixão!

É roupeiro, cozinheiro, motorista, fez os estatutos,
desenhou o símbolo, lava os equipamentos, toca o tambor, faz os cestos dos
jogadores, é speaker no estádio...

Ah, e é também o presidente e o fundador do Club Sintra Football.

Podemos juntar a isto que é um Benfiquista fanático e até
o símbolo do seu clube tem uma águia. E o equipamento é vermelho, pois claro.

Aliás, o Dinis, de seu nome, sempre acompanhou e viveu
muito o Benfica, sempre teve cativo no Estádio da Luz, sempre teve muitos
contactos, sempre teve sempre uma “lata” infinita para abordar fosse quem
fosse, sempre correu atrás do que queria, ao ponto de ter até conseguido jogar
no Estádio da Luz num jogo de exibição contra a fome há vários anos atrás pela
equipa do Benfica, ao mesmo tempo que estava na primeira fila ao lado do Rui
Costa no cemitério quando Eusébio foi enterrado naquele fim de tarde à chuva!

A juntar a isto tudo, o Dinis é também meu amigo, alguém que cresceu comigo, alguém de quem conheço e admiro, não só a
capacidade de trabalho, mas a paixão com que vive e como se entrega às causas em
que acredita.

Em 2004, o Dinis decidiu que ser apenas adepto do Benfica
já não lhe chegava. Queria mais. E chamaram-lhe (chamámos-lhe) de louco quando
comunicou que o passo seguinte era formar (e amar) o seu próprio clube.

Formou uma equipa apenas com amigos seus e, através de
uns contactos, começou o seu percurso do patamar mais baixo possível, como
equipa B de uma equipa do campeonato do Inatel...

E essa esquipazeca de amigos, com muitos coxos e muitos
velhos mas sempre com muita paixão pelo jogo e muita amizade entre todos, subiu
as duas divisões do Inatel, segunda distrital, primeira distrital, divisão de
honra e agora disputa a pro-nacional encontrando-se lá em cima a disputar nova
subida de divisão.

O Club Sintra Football é a equipa de futebol em Portugal
que nos últimos anos mais subidas de divisão conseguiu… E nunca desceu.

E isto sem deixar de ser nunca um clube amador, um clube
que vive sobretudo de paixão, de alguns patrocínios e do pouco dinheiro que o
Dinis vai conseguindo lá meter do seu ordenado, resultado da profissão que
exerce num negócio que tem, um Presidente que recolhe latas e papelão ao fim da
noite para vender, porque esses 100 euros ao mês fazem uma diferença louca no
orçamento do clube.

Ah, e o Sintra joga onde? Pois é, o Sintra nem campo
próprio tem, e aluga o campo do Real SC em Massamá, treina por isso a horas
impróprias (quando o Real SC não treina), e tem uma sede desenrascada
debaixo de uma bancada.

O Dinis já
teve jogadores a morar em sua casa, arranjou cursos para alguns deles,
trabalhos e empregos, os seus jogadores são como filhos para si! O Dinis é um
Presidente com uma paixão e dedicação tais àquele clube, paixão essa que
permite que um clube sem dinheiro supere clubes com estruturas muitíssimo mais
evoluídas.

E ainda assim
é um clube que faz questão de guardar uns euros em cada jogo em casa para
comprar cerveja, uns sumos e uma sandes, e oferecer (SIM, OFERECER) no intervalo
do jogo aos 250 ou 300 adeptos que se deslocam ao Estádio para ver o Sintra
jogar, como forma de agradecimento por acompanharem a vida do clube. Ali nunca
falta um lanchinho grátis.

E tem lá umas mantas que empresta aos adeptos nas tardes
de frio para verem os jogos, e é assim que se vai criando a mística de um clube
tão jovem.

Um clube que
de quando em vez convoca os seus jogadores para juntar uns alimentos e uns
cobertores, e lá vão eles para Lisboa à noite com o Dinis na carripana dele
distribuir bens por aqueles que dormem na rua!

Um clube pobre mas para o qual vários empresários vão
abrindo os olhos, havendo vários que já abordaram o Dinis para lá investir
dinheiro, para poderem lá rodar os seus jogadores, transformando o clube numa
SAD.

E o Dinis, a
contar tostões, diz não à SAD! Chora na hora porque não é fácil na situação
dele dizer não a 100 ou 200 mil euros, mas rapidamente limpa as lágrimas e
segue caminho, acreditando que um dia o SEU 
Sintra, vai estar a disputar a Primeira Liga portuguesa. E eu acredito!
Porque se há alguém capaz de operar esse milagre é ele!

E falo no Club Sintra Football e no Dinis porquê? Porque
conheço a história de ambos. Estive lá
com outros a chamá-lo de maluco desde o início! Falo no Sintra porque é fácil, quando já somos "muita" grandes esquecer as coisas básicas, esquecer onde tudo começou e onde estão as nossas raízes.

E falo no Club
Sintra Football porque é nesse clube que Luís Filipe Vieira deveria fazer um
estágio, para perceber como lhe bastaria ter um décimo da paixão do Dinis (que
não me admiraria que um dia decidisse ser candidato a Presidente do Benfica –
votava nele sem pestanejar), para que o Benfica desportivamente pudesse ser um clube
tão diferente para melhor, mesmo sem ter as condições de outros emblemas mais
poderosos. A paixão ainda é capaz de fazer a diferença e de esbater outras
diferenças! O Dinis prova-o todos os dias.

A reportagem que se segue é por isso um hino ao futebol.
Se querem saber o que é mística, mística é isto. Esta é a história de um clube
pequenino, mas que tem muito daquilo que tanta falta faz no meu querido Sport
Lisboa e Benfica: Paixão!

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