porosidade etérea: «Voluptuário» de Gonçalo Salvado com desenhos de João Cutileiro

15-11-2019
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Voluptuário, livro de poesia de Gonçalo Salvado com desenhos do
escultor João Cutileiro (Edições
CRL/Escultores de Livros, Évora) acaba de ser publicado. A obra, muito cuidada,
numerada e assinada pelos autores, foi concebida por Henrique Lagarto, designer
gráfico responsável pelas edições e catálogos de João Cutileiro. O livro conta
com os prefácios de Sousa Dias e de Maria João Fernandes.

Do prefácio de
Sousa Dias citamos:

“É neste
contexto de poesia lírica pós-modernista, e como uma das suas vozes mais puras
e cada vez mais depurada, que nos interpelam os poemas de Gonçalo Salvado. Voluptuário
é já o décimo livro de poemas, o opus 10, deste poeta exterior aos circuitos
académicos e mediáticos de reconhecimento literário, ele próprio filho de outro
notável poeta, António Salvado, também exterior a esses circuitos. Desde o
primeiro livro que o tema do autor é o mesmo, que todos os poemas são, de certo
modo, um só poema, ou poemário, insistente, insistentemente reescrito,
cinzelado, perseguido: Eros, a transcendência poética de Eros na sua própria
consumação imanente. Cada poema o mesmo poema de Amor absoluto, do Amor como a
essência afectiva invivível de todos os amores vividos e vivíveis, como o
invivível que é, no entanto, aquilo que se vive. E por conseguinte o poema como
um dizer expressivo do indizível de toda a paixão amorosa. Sempre o lirismo foi
a expressão poética de um êxtase, de um pathos, de uma passionalidade infinita
como e-moção, movimento ou arrebatamento, feliz ou infeliz, do sujeito para
fora de si. Na poesia luminosa de  Gonçalo
Salvado esse movimento extático afirma-se como um fora de si feliz, voluptuoso
(cf. título deste livro), como uma forma sublime de embriaguez do sujeito
poético, o que explica a recorrência, em toda esta poesia e neste novo livro em
particular, de metáforas como o vinho, um licor, um néctar, uma taça, beber…
Ninguém entre nós transmite como Gonçalo Salvado de um modo tão simples, com
tão poucas palavras, essa embriaguez lírica, essa emoção só possível na poesia
ou pela poesia.”

Do prefácio de
Maria João Fernandes citamos:

“Na poesia de
Gonçalo Salvado, na torrencial, estelar, vulcânica irrupção do ímpeto amoroso,
a palavra tem o fulgor cosmogónico de uma aparição, fundem-se todos os hinos de
amor da humanidade irradiando com o esplendor do Paraíso que os viu nascer: o Cântico dos Cânticos, o Rubayat de Omar Khayyam e a poesia dos
grandes poetas que ele evoca, Ibn Hazm (O
Colar da Pomba), Blake, Whitman, Gustavo Adolfo Bécquer, Tagore, Yeats,
Éluard, Octavio Paz, Eugénio de Andrade, David-Mourão Ferreira. Poetas de um
novo sentimento amoroso, visionários, como visionária é a sua palavra, nascida
e aquecida ao fogo perene de uma realidade que não se esgota, única verdadeira
essência de uma Vida finalmente completa pela união total das suas metades, o
feminino e o masculino, a matéria e o espírito, a noite e o dia. A poesia de
Gonçalo Salvado enriquece o grande filão do lirismo português com o luminoso
halo do Oriente, fundindo a herança árabe tão do seu gosto, indiana e a
tradição japonesa dos haicais, em “fórmulas” perfeitamente cinzeladas que
substituem a lógica tradicional por uma outra que tem como padrão e única
medida a ausência de medida, o infinito, como infinitas são a sede e a fome de
amor. (…) Assistimos verdadeiramente, nesta poesia, a um ritual cosmogónico sob
o signo da amada, brilhando ao centro deste universo recriado pelo Amor, com o
esplendor total do Arquétipo. A palavra de Gonçalo Salvado revela ao centro da
sua amorosa criação a figura da mulher, o feminino, celebração não do império
dos sentidos, como apressadamente poderíamos julgar, mas do império da Alma,
devolvida a si mesma e ao Universo (…) A linha igualmente caudalosa de João
Cutileiro, Mestre escultor, depurada e sensual é mais do que o contraponto
plástico da poesia, ela vive a vida autónoma das imagens nascidas do amoroso
diálogo das linhas captando e transfigurando o segredo das formas. E a
verdadeira natureza desse segredo é o silêncio, ou a música, na floração de uma
beleza feita dos adjetivos e dos pronomes, dos substantivos a tinta negra,
irrupção dos gestos de uma certeza mágica, síntese da feminina intimidade do
Cosmos. (…) Na poesia de Gonçalo salvado e no desenho de João Cutileiro a
imagem do arquétipo brilha em uníssono, feminino eterno, na sua delicada e
fragrante natureza de flor, na sua chama vacilante e perene, na sumptuoso
veludo das linhas, no calor das formas, rodopiantes como um sol, astro de uma
natureza de que é alimento de amor.”

Gonçalo Salvado nasceu em 1967, em
Lisboa, tendo residido toda a sua infância e a sua juventude em Castelo Branco.
Licenciado em Filosofia, tem vindo a assumir-se como um poeta exclusivo do
amor. Publicou nove livros de poesia: Quando, A Mar Arte, Coimbra, 1996;
Embriaguez, Sirgo, Castelo Branco, 2001; Iridescências, Sirgo,
Castelo Branco, 2002.  Poemas de Iridescências foram integrados no álbum
de serigrafias do pintor espanhol Xavier, Encontro
ao Luar,  uma edição do Centro
Português de Serigrafia, Lisboa,  2003; Duplo
Esplendor, Afrontamento, Porto, 2008; Entre a Vinha, Portugália
Editora, Lisboa, 2010; Corpo Todo, Labirinto, Fafe, 2010; Ardentia, Editorial Tágide, Lisboa,
2011; Seminal, Lua de Marfim, Póvoa
de Santa Iria, 2012 e Outra Nudez, Edições
CRL/Escultores de Livros, Évora, 2014. Como antologiador
publicou, em 1999, a transcriação Camões
Amor Somente , Caja Duero, Salamanca/Lisboa e foi co-autor com Maria João
Fernandes de Cerejas, Poemas de Amor de
Autores Portugueses Contemporâneos, Editorial Tágide, Lisboa, 2004, e de Tarde Azul, Poemas de Amor de Saúl Dias,
Desenhos de Julio, Bonecos Rebeldes, Lisboa, 2008.

Em 2013, a União Brasileira de
Escritores do Rio de Janeiro atribuiu-lhe o Prémio Sophia de Mello Breyner
Andresen, pelo conjunto da sua obra poética.
Acerca da poesia do autor pronunciaram-se autores e críticos como  Perfecto E. Quadrado: “Gonçalo Salvado é daqueles poetas a quem foi
dado o dom de recriar o mundo e a luz e os nomes e as formas e as cores e os
perfis do amor mais transparente e puro.” Carlos Nejar: “Extraordinário poeta do amor, onde a música
se alia ao fascínio das imagens, com a capacidade de sugerir, mais do que
dizer, tocar a carnação do verso sem ferir a árvore”. Maria
Augusta Silva: “Um poeta
fascinante no cântico do amor e do corpo da mulher amada.” António Ramos
Rosa: “ Poeta lírico e erótico de um
lirismo muito claro e muito perfeito, de uma claridade e unidade estilística
extraordinárias” e Victor Oliveira Mateus: “…alguns dos grandes
nomes da lírica amorosa contemporânea como Maria Teresa Horta, Casimiro de
Brito e Gonçalo Salvado.”

João Cutileiro, o mais prestigiado escultor português da atualidade,
nasceu em Lisboa, em 1937. Vive e trabalha em Évora, onde está exposta uma
parte da sua obra, desde 1985. 
Frequentou a Escola Superior de
Belas Artes de Lisboa e, mais tarde, ingressou na Slade School of Art, em Londres (Inglaterra). Reconhecido nacional
e internacionalmente, Mestre Cutileiro já foi galardoado com vários prémios e
as suas obras fazem parte de colecções públicas e privadas em Portugal e no
estrangeiro.

Voluptuário, livro de poesia de Gonçalo Salvado com desenhos do
escultor João Cutileiro (Edições
CRL/Escultores de Livros, Évora) acaba de ser publicado. A obra, muito cuidada,
numerada e assinada pelos autores, foi concebida por Henrique Lagarto, designer
gráfico responsável pelas edições e catálogos de João Cutileiro. O livro conta
com os prefácios de Sousa Dias e de Maria João Fernandes.

Do prefácio de
Sousa Dias citamos:

“É neste
contexto de poesia lírica pós-modernista, e como uma das suas vozes mais puras
e cada vez mais depurada, que nos interpelam os poemas de Gonçalo Salvado. Voluptuário
é já o décimo livro de poemas, o opus 10, deste poeta exterior aos circuitos
académicos e mediáticos de reconhecimento literário, ele próprio filho de outro
notável poeta, António Salvado, também exterior a esses circuitos. Desde o
primeiro livro que o tema do autor é o mesmo, que todos os poemas são, de certo
modo, um só poema, ou poemário, insistente, insistentemente reescrito,
cinzelado, perseguido: Eros, a transcendência poética de Eros na sua própria
consumação imanente. Cada poema o mesmo poema de Amor absoluto, do Amor como a
essência afectiva invivível de todos os amores vividos e vivíveis, como o
invivível que é, no entanto, aquilo que se vive. E por conseguinte o poema como
um dizer expressivo do indizível de toda a paixão amorosa. Sempre o lirismo foi
a expressão poética de um êxtase, de um pathos, de uma passionalidade infinita
como e-moção, movimento ou arrebatamento, feliz ou infeliz, do sujeito para
fora de si. Na poesia luminosa de  Gonçalo
Salvado esse movimento extático afirma-se como um fora de si feliz, voluptuoso
(cf. título deste livro), como uma forma sublime de embriaguez do sujeito
poético, o que explica a recorrência, em toda esta poesia e neste novo livro em
particular, de metáforas como o vinho, um licor, um néctar, uma taça, beber…
Ninguém entre nós transmite como Gonçalo Salvado de um modo tão simples, com
tão poucas palavras, essa embriaguez lírica, essa emoção só possível na poesia
ou pela poesia.”

Do prefácio de
Maria João Fernandes citamos:

“Na poesia de
Gonçalo Salvado, na torrencial, estelar, vulcânica irrupção do ímpeto amoroso,
a palavra tem o fulgor cosmogónico de uma aparição, fundem-se todos os hinos de
amor da humanidade irradiando com o esplendor do Paraíso que os viu nascer: o Cântico dos Cânticos, o Rubayat de Omar Khayyam e a poesia dos
grandes poetas que ele evoca, Ibn Hazm (O
Colar da Pomba), Blake, Whitman, Gustavo Adolfo Bécquer, Tagore, Yeats,
Éluard, Octavio Paz, Eugénio de Andrade, David-Mourão Ferreira. Poetas de um
novo sentimento amoroso, visionários, como visionária é a sua palavra, nascida
e aquecida ao fogo perene de uma realidade que não se esgota, única verdadeira
essência de uma Vida finalmente completa pela união total das suas metades, o
feminino e o masculino, a matéria e o espírito, a noite e o dia. A poesia de
Gonçalo Salvado enriquece o grande filão do lirismo português com o luminoso
halo do Oriente, fundindo a herança árabe tão do seu gosto, indiana e a
tradição japonesa dos haicais, em “fórmulas” perfeitamente cinzeladas que
substituem a lógica tradicional por uma outra que tem como padrão e única
medida a ausência de medida, o infinito, como infinitas são a sede e a fome de
amor. (…) Assistimos verdadeiramente, nesta poesia, a um ritual cosmogónico sob
o signo da amada, brilhando ao centro deste universo recriado pelo Amor, com o
esplendor total do Arquétipo. A palavra de Gonçalo Salvado revela ao centro da
sua amorosa criação a figura da mulher, o feminino, celebração não do império
dos sentidos, como apressadamente poderíamos julgar, mas do império da Alma,
devolvida a si mesma e ao Universo (…) A linha igualmente caudalosa de João
Cutileiro, Mestre escultor, depurada e sensual é mais do que o contraponto
plástico da poesia, ela vive a vida autónoma das imagens nascidas do amoroso
diálogo das linhas captando e transfigurando o segredo das formas. E a
verdadeira natureza desse segredo é o silêncio, ou a música, na floração de uma
beleza feita dos adjetivos e dos pronomes, dos substantivos a tinta negra,
irrupção dos gestos de uma certeza mágica, síntese da feminina intimidade do
Cosmos. (…) Na poesia de Gonçalo salvado e no desenho de João Cutileiro a
imagem do arquétipo brilha em uníssono, feminino eterno, na sua delicada e
fragrante natureza de flor, na sua chama vacilante e perene, na sumptuoso
veludo das linhas, no calor das formas, rodopiantes como um sol, astro de uma
natureza de que é alimento de amor.”

Gonçalo Salvado nasceu em 1967, em
Lisboa, tendo residido toda a sua infância e a sua juventude em Castelo Branco.
Licenciado em Filosofia, tem vindo a assumir-se como um poeta exclusivo do
amor. Publicou nove livros de poesia: Quando, A Mar Arte, Coimbra, 1996;
Embriaguez, Sirgo, Castelo Branco, 2001; Iridescências, Sirgo,
Castelo Branco, 2002.  Poemas de Iridescências foram integrados no álbum
de serigrafias do pintor espanhol Xavier, Encontro
ao Luar,  uma edição do Centro
Português de Serigrafia, Lisboa,  2003; Duplo
Esplendor, Afrontamento, Porto, 2008; Entre a Vinha, Portugália
Editora, Lisboa, 2010; Corpo Todo, Labirinto, Fafe, 2010; Ardentia, Editorial Tágide, Lisboa,
2011; Seminal, Lua de Marfim, Póvoa
de Santa Iria, 2012 e Outra Nudez, Edições
CRL/Escultores de Livros, Évora, 2014. Como antologiador
publicou, em 1999, a transcriação Camões
Amor Somente , Caja Duero, Salamanca/Lisboa e foi co-autor com Maria João
Fernandes de Cerejas, Poemas de Amor de
Autores Portugueses Contemporâneos, Editorial Tágide, Lisboa, 2004, e de Tarde Azul, Poemas de Amor de Saúl Dias,
Desenhos de Julio, Bonecos Rebeldes, Lisboa, 2008.

Em 2013, a União Brasileira de
Escritores do Rio de Janeiro atribuiu-lhe o Prémio Sophia de Mello Breyner
Andresen, pelo conjunto da sua obra poética.
Acerca da poesia do autor pronunciaram-se autores e críticos como  Perfecto E. Quadrado: “Gonçalo Salvado é daqueles poetas a quem foi
dado o dom de recriar o mundo e a luz e os nomes e as formas e as cores e os
perfis do amor mais transparente e puro.” Carlos Nejar: “Extraordinário poeta do amor, onde a música
se alia ao fascínio das imagens, com a capacidade de sugerir, mais do que
dizer, tocar a carnação do verso sem ferir a árvore”. Maria
Augusta Silva: “Um poeta
fascinante no cântico do amor e do corpo da mulher amada.” António Ramos
Rosa: “ Poeta lírico e erótico de um
lirismo muito claro e muito perfeito, de uma claridade e unidade estilística
extraordinárias” e Victor Oliveira Mateus: “…alguns dos grandes
nomes da lírica amorosa contemporânea como Maria Teresa Horta, Casimiro de
Brito e Gonçalo Salvado.”

João Cutileiro, o mais prestigiado escultor português da atualidade,
nasceu em Lisboa, em 1937. Vive e trabalha em Évora, onde está exposta uma
parte da sua obra, desde 1985. 
Frequentou a Escola Superior de
Belas Artes de Lisboa e, mais tarde, ingressou na Slade School of Art, em Londres (Inglaterra). Reconhecido nacional
e internacionalmente, Mestre Cutileiro já foi galardoado com vários prémios e
as suas obras fazem parte de colecções públicas e privadas em Portugal e no
estrangeiro.

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